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Raul Brandão ― Memórias (1.º Volume)

Edição da «Renascença Portuguesa», Porto. (1919). In-8º de 326, [2] págs. Enc.

Edição original do primeiro volume de um conjunto que é documento fundamental do penúltimo entresséculo e do primeiro quartel do séc.XX, talvez, em panorama, o melhor para a compreensão dos tempos finais da monarquia e do advento da República.

Exemplar coberto de encadernação modesta que não conserva, de resto, a capa de brochura; e maculado por assinatura de propriedade no rosto.
 
22€

Raul Brandão ― Memórias (Volume II / 2.ª edição)

Livrarias Aillaud & Bertrand / Paris-Lisboa. (MCMXXV). In-8º de 296, [2] págs. Enc.

Este segundo volume foi dedicado ao já então maior amigo Pascoaes e conta com os capítulos «O Silêncio e o Lume» (para a mulher Maria Angelina, tremendo de belo), «O meu Diário», «Ainda o Regicídio», «Vivos e Mortos» e «Os Ultimos Anos de Junqueiro».

Exemplar revestido da mesma encadernação, também sem a capa primitiva.
 
14€
 
 

Amplas almas

Suponho que ninguém se atreva a discutir a Angelina e Raul Brandão o estatuto de mais enternecedor casal de toda a literatura portuguesa.
Conheceram-se por 1896, em Guimarães, onde o portuense começava a breve carreira militar de que muito cedo se reformaria. Casaram. E a partir daí, segundo consta, nunca mais se largaram um ao outro. Narra a irmã de Pascoaes que, visitando este com ela pela primeira vez a Casa do Alto, convidou à saída Brandão (como já várias vezes fizera por carta) para a retribuição da visita, acompanhando-o ao Marão. Esqueceu-se de estender o convite a Maria Angelina. Ela e o homem entreolhavam-se, olhavam para Pascoaes, tornavam a olhar um para o outro, e andou-se nisto algum tempo - até Maria da Glória perceber e chamar a atenção do irmão. Brandão explode: "Apre... Do que me livrou... É que eu nunca me separei de minha mulher!" Chegando, aliás, a levá-la para «A Brasileira do Chiado» lisboeta, numa época em que senhoras num café roçava o escândalo.
Por menos simpatizante que se seja do instituto do casamento, ninguém pode deixar de se deliciar com este.

Além da carta aqui transcrita há dias, é também de Maio de 1930 a publicação do livro que assinaram em conjunto, último saído em vida do escritor: esse igualmente delicioso Portugal Pequenino (aqui). Evidentemente, foi Raul a escrevê-lo. Mas nota-se aqui e ali a mão da mulher, entremeando na prosa alguma graça de humor e jovialidade apropriadas a um livro do género, só que de todo estranha ao espírito do marido. Quem nunca leu, mexa-se.

Voltando aos fulgurantes prefácios das Memórias, segue agora o final do segundo, «O Silêncio e o Lume» - longo texto que é das mais belas declarações de amor alguma vez feitas por um homem a uma mulher. Normalmente, fazem-se no início. Esta, foi feita no fim, os dois já de cabelos brancos, apesar da diferença de idade. "Enternecedor" é capaz de ser pouco.

[Não deixaram descendência. Esgotaram-se um no outro.
Um Coração e uma Vontade seria o título do livro de memórias de Angelina já viúva.] 

Raul Brandão ― Humus

Edição da «Renascença Portuguesa», Porto. (1917). In-8º de 334, [2] págs. Enc.

Primeira edição do livro magno do autor, por muita (e boa) gente considerado também a peça magna da prosa portuguesa de todo o séc.XX – cujo magno poeta, Herberto Helder, a viria a transladar a verso na década de 60.

Exemplar revestido de encadernação modesta e sem conservar a capa de brochura. Pertenceu ao tenente Leopoldo Carmona (oficial do Corpo Expedicionário Português à Flandres durante a Grande Guerra), de quem tem o carimbo, a assinatura a tinta e sublinhados a lápis de cor.
 
50€

Raul Brandão ― Humus

Editores: Renascença Portuguesa – Porto / Annuario do Brasil – Rio de Janeiro. (1921). In-8º de 236, [4] págs. Enc.

Segunda edição, impressa no Brasil e, como se sabe, com alterações significativas: desde logo, a pura e simples supressão do bastante significativo capítulo final «Vêm ahi os desgraçados», porventura com algumas raízes mais ou menos conscientes no conturbadíssimo contexto político da época.

Exemplar revestido de muito boa encadernação com cantos e lombada em pele gravada a ouro e as pastas em efeito tábua. Conserva por inteiro a capa primitiva, que nesta série para a Renascença (menos frequente do que a do Anuário do Brasil, de capa lisa) foi ilustrada na frente por José Tagarro. 
 
(40€)    

Raul Brandão ― A Morte do Palhaço e o Mistério da Árvore


A Morte do Palhaço e o Mistério da Árvore de Raul Brandão / (Ilustrações de Martinho da Fonseca)

Edição da «Seara Nova» (Praça Luís de Camões, 46, 2.º) – Lisboa. MCMXXVI. In-8º de 287, [5] págs. Enc.
 
Primeira edição deste livro que respiga o anterior História de um Palhaço. Com os capítulos: «K. Maurício», «A casa de hóspedes», «Halwain», «Camélia», «Sonho e realidade», «A última farsa», «Diário de K. Maurício», «Os seus papeis», «A luz não se extingue», «O mistério da árvore», «Primavera abortada» e «Santa Eponina».
 
Exemplar em brochura, sem defeitos significativos.
 
30€

(Auto-«biografia» literária)

Morreu em Dezembro. Em Maio, escrevia isto numa carta.
 
"Meu amigo:
 
...A propósito do seu pedido, devo confessar-lhe que muitas vezes digo a mim mesmo: - que me importa que um homem seja um grande escritor! A primeira coisa seria definir o que é um grande escritor. Pode escrever-se muito mal e ser-se um grande escritor - Dostoiewsky, por exemplo, que passou a vida a lamentar-se de não ter tempo nem dinheiro para escrever como o senhor Tolstoi. E pode escrever-se muito bem sem que isso baste para se ser um grande escritor. Escrever bem é às vezes horrível.
Quanto a mim não só me não considero um grande escritor (...) mas nem sequer me tenho como escritor. Considero-me um homem em luta com um fantasma. Quando é o fantasma que fala e me arrasta, às vezes aturdido, para onde não quero ir - apesar dos meus protestos - escrevo talvez com certo interesse, com dor e grotesco, com piedade pelos humildes; mas quando sou eu que intervenho, não sei fazer uma coisa de jeito. Tenho horror às palavras postas umas ao lado das outras, em préstito e escorrendo um líquido mole e pegajoso. O que eu procuro encontrar nos livros é humanidade e outra coisa viva que se pega para todo o sempre ao papel e à tinta.

Raul Brandão ― Os Pescadores

Livrarias Aillaud e Bertrand, Paris-Lisboa / 1923. In-8º de 326, [2] págs. Enc.

Primeira edição desta magna peça de contraponto solar ao magno lunar Húmus, explosão cromática de um pintor de palavras descendente, ele mesmo, de pescadores da Foz do Douro. A estes Pescadores tencionava Brandão fazer seguir numa imaginada série sobre a vida humilde, um entre milhentos propósitos literários nunca concretizados, Os Lavradores, Os Pastores, Os Operários (ainda chegou a avançar bastante), etc.  
Exemplar revestido de boa encadernação com lombada (profusamente gravada a ouro) e cantos em pele; mas que apenas conserva, má-sorte, a face inferior da capa primitiva.
 
45€

Raul Brandão ― Os Pescadores

Os Pescadores (2.ª Edição)

Livrarias Aillaud e Bertrand, 1924. In-8º de 326 págs. Enc.

Segunda das várias edições saídas no mesmo ano de um dos livros principais do escritor portuense, com capítulos dedicados a vários pontos da nossa costa marítima, de Norte a Sul, e aos hábitos, costumes e tipos das respectivas comunidades de pescadores – de que constitui o mais belo monumento literário conhecido.

Exemplar revestido de uma boa encadernação em material sintético da casa (também portuense) de António de Sousa Oliveira; que porém apenas conserva a face inferior da capa original.
 
17€

Raul Brandão ― Os Pobres

Os Pobres (carta-prefácio de Guerra Junqueiro) / (4.ª edição)

Livrarias Aillaud e Bertrand, 1925. In-8º de 327, [5] págs. Enc.

Quarta edição, terceira de também várias tiragens sucessivas de um livro entretanto já reaproveitado pelo autor para a confusa e genial amálgama de Húmus. No seu longo prefácio, começava Junqueiro por dizer dele ser uma “Autobiografia espiritual, dilacerada e furiosa, demoníaca e santa, blasfemadora e divina”.

Exemplar com encadernação semelhante, mas não guardando esta nenhuma das faces da capa de origem.
 
10€

Raul Brandão ― Teatro

Renascença Portuguesa, 1923. In-8º de 164 págs. Enc.

Primeira edição, reunindo em volume algumas das principais peças do escritor portuense (todas então, salvo erro, ainda inéditas): «O Gebo e a Sombra», «O Rei Imaginário» e «O Doido e a Morte»; com a capa ilustrada por Carlos Carneiro, que compôs dois desenhos diferentes para as duas séries só nisso diversas a que corresponderam.

Exemplar revestido de boa encadernação com lombada e cantos em pele (ligeiramente desgastada em alguns pontos, na frente), conservando por inteiro a dita capa original.

35€

Foi "bom", foi.

"Cá vim encontrar o Raul Brandão morto, com a esposa desolada, a beijá-lo e a afagar-lhe uns restos de cabelos brancos que lhe fugiam do alto da testa mais ampla e cor de cera. Parecia dormir, emagrecido, o nariz mais saliente e fino, a boca desaparecida quase, como o bigode e as sobrancelhas dando-lhe ao rosto o aspecto duma verdadeira máscara de cera ou de marfim: a máscara ascética dum Santo.
Numa salinha contígua, um cunhado, três sobrinhos e duas sobrinhas (uma delas cho...rava constantemente) e o Mário Beirão. Lá fora, a rua deserta, num deserto que abrangia toda a cidade.
Demorei-me, com a Miquelina, até às 8 horas da manhã. Descansámos até à uma hora e voltámos para junto do querido morto que foi o melhor amigo que tive em Portugal e um dos maiores intérpretes da Dor humana.
Às três horas, saiu o enterro, com meia dúzia de pessoas, debaixo duma chuva constante. No cemitério, um cavalheiro de exótica figura, pede a palavra para dizer só três palavras: foi um bom!
E aqui tens o elogio fúnebre do maior escritor de Portugal!"

A 5 de Dezembro de 1930 morria Raul Brandão. O outro grande gigante da prosa portuguesa escrevia no dia seguinte esta carta à irmã Maria da Glória, que a reproduziu em Olhando para Trás Vejo Pascoaes.

Scriptorium (X)

Só escrevo, às horas mortas, quando o grande silêncio nasce do último ruído que se extingue...
O silêncio é o Verbo divino, o sopro de Deus que desperta o nosso espírito -, e beija-nos também na face.

Teixeira de Pascoaes ― Senhora da Noite

Porto: Magalhães & Moniz, L.da – Editores. 1909. In-8º de 54, [2] págs. Br.

Edição original, já consideravelmente rara.

Bom exemplar, sem defeitos significativos.

35€

Teixeira de Pascoaes ― Regresso ao Paraiso

Edição de A Renascença Portuguesa / Pôrto-1912. In-8º de [4], 218, [2] págs. Br.

Primeira edição de um dos mais procurados – e por isso relativamente raro – livros do poeta, o décimo da sua bibliografia.

Exemplar com alguma fragilidade exterior e esparsos vestígios de acidez ao longo do volume. Deverá ter pertencido a Augusto Cortês, de quem parece ter a assinatura no rosto.
 
60€ (reservado) 

Teixeira de Pascoaes ― Cantos Indecisos

Cantos Indecisos (Cantos Indecisos / A Elegia da Solidão / Elegia do Amor / Senhora da Noite / Doido e a Morte / Elegias)

1921 — Lumen, Empreza Internacional Editora. In-8º peq. de 184, [4] págs. Br.

Primeira edição, invulgar; acoplando a Cantos Indecisos títulos que conheciam já edição independente e outros que viriam a tê-la poucos anos depois.

Exemplar muito bem conservado no miolo, mas com algumas falhas na capa – onde Guilherme Allen apôs, à cabeça, a própria assinatura.
 
36€

Pascoaes, «the man of the eyes»


A senhora que não está na fotografia, porque dela nem  se conhece nenhuma, é Leonor Dagge, a inglesa que foi a musa de Pascoaes. Pouco dado a estas coisas, mais habituado às almas do outro mundo do que propriamente às deste, viu-a o poeta num mundaníssimo eléctrico (o famoso «americano») que saía da Foz para o Porto, então ainda povoações distintas. Viu-a e não teve senão ficar fulminado. "Foi numa tarde de outubro, numa dessas tardes de sobrenatural melancolia (...) Era Ela, em presença humana, aquele sonho que enevoou de luz a minha infância, e paira ainda nos longes do meu ser (...) É certo que o meu espanto a impressionou; e mal conteve, nos lábios, um sorriso. Tornou-se visível, para ela, como num súbito espelho idealizado, a sua imagem projectada nos meus olhos. A si mesma se viu como eu a via, e ficou naturalmente lisonjeada. Assim é que eu devia interpretar o seu sorriso, se o bom senso reinasse na cabeça de um poeta, como um rei de gelo num país tropical".
Não reina, e muito menos nestas alturas. O pouco que se sabe é que ainda se viram várias vezes nesse mesmo eléctrico, ela "branca e fina, de olhos pretos pousados num romance", ele fascinado e depois alheado "dos clientes, do meu sócio, de todas as coisas deste mundo. Quebrara-se-me o ritmo monótono em que vivia". Sabe-se também que, descoberta a morada da moça em Inglaterra, começou uma correspondência que chegou a meter a mãe dela e a irmã dele (!) e em que já se falava de casamentos (!), sem grandes modas. E sabe-se ainda que o lobo do Marão deixou as serranias e o Porto, onde por esse tempo advogava, para se meter num navio e ir a Londres atrás da criatura: "eu, que fugia dela para os pinhais de Nevogilde, resolvi persegui-la através do mar".
Do que lá se tenha passado ao certo, ninguém tem nem ideia, a não ser do desenlace: o regresso solteiríssimo de "the man of the eyes" (palavras da filha, segundo a mãe). Durante muitos anos deixou o dr.Joaquim o assunto na penumbra, «limitando-se» a escrever-lhe logo um livro, o Marânus, em que Leonor, sob a forma acrescentada Eleonor (melhor, ó poeta, teria sido Eleanor(e), nessas exactas 7/8 letras o mais belo nome jamais inventado), assume o demasiado ideal protagonismo: "Quem é não é a Leonor: é o Amor" (O Pobre Tolo). Só várias décadas passadas o abordaria ao de leve, embora sempre com muita (e boa) literatura, no livro O advogado e o poeta, livro de memórias mais tardio, (ainda) mais interessante e em todo o caso mais sinceramente memorial do que o literal Livro de Memórias. São dele as passagens citadas. O capítulo em questão, dedicado a Leonor, é o sexto e último, pormenor nada despiciendo.

Teixeira de Pascoaes ― O Empecido

O Empecido (novela)

Edição da «Gazeta do Bibliófilo» / Porto – 1950.

“Este livrinho inicia uma nova fase da minha obra literária. A novela é terreno que eu trilho pela primeira vez.” [Primeira e única...]
Primeira também esta edição, de tiragem limitada a 1000 exemplares com a chancela do autor; conservando-se este  por estrear, tendo os cadernos integralmente por abrir.
 
35€

Eis o poeta.

Eis o poeta. Phantasmas, sombras, vultos do Alem, espectros do Passado, toda a sua alma evoca-nos vividos silencios da sua aldeia, e o que era sombra torna-se realidade, o que era phantasma corporisa-se, e até as vagas chimeras que deambulam nas tristezas outoniças do Tamega, criam formas e são realisações.

(João Paulo Freire, «Terra Prohibida e Regresso ao Paraiso»)

António Nobre ― Primeiros Versos

Primeiros Versos / 1882-1889 (edição posthuma)

comp. e imp. na Tipografia A Tribuna (108, R. Duque de Loulé, 124-Porto), 1921. In-8º de 154, [2] págs. Br.

Edição preparada e organizada por Augusto Nobre, irmão do poeta, que dela fez tirar 1500 exemplares em papel de linho e lhe enfaixou da própria pena as notas que encerram o volume.

Capa com algum desgaste e pequenas falhas de papel no encaixe; miolo marcado por alguma acidez, mais pronunciada em duas das folhas.

35€

António Nobre ― Só

Pôrto, 1931. (Araujo & Sobrinho, Suc.res). In-8º de 235, [5] págs. Enc.

Quinta edição, ainda das mais apreciadas do poema, com boas ilustrações a partir de clichés da época e anteriores ao longo das folhas finais, de notas. Foi a tiragem de 3000 exemplares, estando este encadernado conservando ambas as faces da capa primitiva e aparado por todo.

30€

Do Prefácio

Sampaio Bruno, que morreu faz hoje cem anos, apresentava assim um livro: «Advertencia preambular, prefacio, prolegomeno, introito, ou como queiram chamar-lhe, manda a technica que aqui o escrevunhe» (Notas do Exilio, 1893). Da técnica sabia ele, bibliógrafo aturado que era - e que mais foi quando director da nossa cara Biblioteca Municipal do Porto, em São Lázaro, da qual quase só saía para recolher à Rua do Bonjardim. Aliás, por aqueles finais de dezanove, iniciar um livro com um prefácio, próprio ou alheio, parecia quase inevitável, muito mais ainda do que agora. O que nos leva a pensar. Por que razão, afinal, decide um autor (palavra incerta, mas "manda a technica que aqui a escrevunhe") dar as próprias palavras a público envoltas num embrulho em vez de nuas.

Como se determina o valor do livro antigo?


"Não sei. Fico-me com esta resposta que me deu ha um nadinha um ilustre livreiro: «isto não tem preço. Foi uma pechincha. Estes livros agora tanto valem dez como cem. E' conforme a cara do freguez».
Leitor: já sabes. Vê te ao espelho antes de entrares nos alfarrabistas..."
(João Paulo Freire, Curiosidades Bibliograficas, acabado de catalogar.)

João Paulo Freire ― Curiosidades Bibliográficas

1925, Livraria Editora Guimarães & C.ª (68, Rua do Mundo, 70), Lisboa. In-8º de 157, [3] págs. Br.

“O anno passado iniciei no jornal A Patria uma serie de chronicas sujeitas ao titulo geral Curiosidades Bibliographicas. Era uma secção muito a meu contento e que eu levaria longe se m’o tivessem deixado. (...) Muitas foram então as cartas que recebi pedindo me que continuasse ou que reunisse em volume os artigos já publicados”, por exemplo: «O retrato de Ricardina», «Terra Prohibida e Regresso ao Paraiso», «A queda d’um anjo», «Amor de Perdição», «Guerra Junqueiro», «Folhetos camilianos», etc. (estando neste etc. mais algumas camilianas coisas).

Exemplar com alguns defeitos superficiais, na capa, sobretudo. De resto, bem conservado.

15€

Júlio Dinis ― Obras

Lisboa. (Composição e impressão na Typographia «A Editora».) [S/d]. 9 vols. em 7 tomos in-8º. Enc.
 
Colecção publicada por inícios do século passado, aqui na série encadernada em pele maleável com gravações a ouro sobre pasta superior e lombada de cada um dos tomos, todos também dourados à cabeça das folhas. Recolhe «As Pupillas do Senhor Reitor», «Uma Familia Ingleza», «Os Fidalgos da Casa Mourisca», «A Morgadinha dos Cannaviaes», «Serões da Provincia», «Ineditos» e «Poesias».
 
Boa condição geral.
 
75€

Júlio Dinis ― Obras

Porto, Lello & Irmão – Editores. [S/d]. 2 vols. In-8º de XXVII-1232 e 1388 págs. Enc.

Edição monumental da «opera omnia» de Júlio Dinis, em papel da índia e com finas ilustrações a cores em folhas destacadas. Reproduz, também hors-texte em papel mais encorpado e a abrir o primeiro volume, um conhecido retrato do escritor.
Encadernação dos editores inteira em pele, azul, com gravações a ouro.

Vol.1
- As Pupilas do Senhor Reitor ; - A Morgadinha dos Canaviais; - Uma Família Inglesa; - Os Fidalgos da Casa Mourisca

Vol.2
- Serões da Província; - Poesias; - Inéditos e Esparsos; - Teatro.

Ambos os volumes em bom estado, praticamente sem defeitos.
 
50€

Augusto Gomes: Exposição Retrospectiva (Janeiro/Fevereiro de 1978)

Centro de Arte Contemporânea/Porto. In-4º quadrado de [72] págs. Br.

Apresenta de entrada «Imagem e Louvor de Augusto Gomes», por Eugénio de Andrade, e um texto preliminar de Fernando Pernes, o comissário da exposição; sendo depois reproduzidas algumas dezenas de trabalhos do matosinhense, entre óleos (principalmente), desenhos e figurinos.
 
Exemplar com algum ligeiro desgaste da capa e pontuais vestígios de acidez no final do volume.
 
10€

M. R. Conceição ― Antiguidades Lusitanas (Igreja de Cedofeita)

Antiguidades Lusitanas ou O desabar dum Êrro Histórico (Origem e fundação da velha Igreja de Cedofeita e seu Mosteiro antiquíssimo) / Edição do Autor (1.º Milhar) 
 
1931 – Oficinas de “O Comercio do Porto” (Avenida das Nações Aliadas, 107), Porto. In-8º peq. de 98, [2] págs. Br.
 
Exemplar valorizado por longa dedicatória de oferta manuscrita pelo autor ao abade Alberto Cid, sob a qual apôs uma nota referindo que com ele se esgotava a edição.
 
25€

O Livro na Arte (XI)

Lindo que se farta, deverá ser este quadro a figurar na capa do próximo catálogo da bibliographias. Quem o não conheça, dirá logo que foi pintado por um inglês, mesmo sem precisar de saber: há uma atmosfera típica, quase etérea, que só um pintor britânico, e um britânico de oitocentos, captaria. Assim é. Compô-lo Llewellyn.
Deixemos os aspectos mais técnicos e formais, porque tudo aqui se concentra no triângulo formado pelos olhos espantosamente espiritualizados da rapariga, pelo livro (maravilhoso objecto que sobressai em qualquer contexto) e pelas mãos femininas, graciosas, expectantes. Sendo certo que deslumbram, num segundo plano, os belos cabelos ruivos iriados por reflexos de luz e de verde, casados em pura mestria com a folhagem e a cobertura do volume.
Estes olhos apanham-nos como se viessem do princípio do mundo ou do centro do terra. Não tendo, ainda assim, nem metade da força que outros, também femininos e também verdes, também cercados de ruivo, andam por estes dias a exibir na Feira do Livro do Porto, nos jardins do Palácio - que em 150 anos de acesso público nunca terão visto nada de sequer comparável. De uma espécie inteiramente diferente, fatal, feiticeira, poderosa e irresistível, não vêm esses do princípio. Vêm do fim do mundo.

Feira do Livro

Decorre de 4 a 20 de Setembro a Feira do Livro do Porto, novamente com um pavilhão de bibliographias, novamente na Alameda das Tílias do Palácio de Cristal, que em 2015 perfaz 150 anos redondos. É o mais belo lugar da cidade. É visitar.

Agostinho Gomes ― Um rio separa os homens

Coimbra, 1957. (Composto e impresso na Tip. da Atlântida). In-8º de 151, [1] págs. Br.

Primeira edição, ilustrada por Lúcio na capa, que o exemplar tem já ligeiramente corroída; mal mais do que compensado pela dedicatória manuscrita que o autor nele apôs em 1971.

15€

Agostinho Gomes ― As Sombras dos Dias

As Sombras dos Dias (edições NAU)

Porto, 1967. In-8º de 78, [2] págs. Br.

Primeira edição, também já invulgar, e estando o exemplar – em cuidada condição – igualmente valorizado por uma dedicatória manuscrita de oferta assinada pelo próprio Agostinho Gomes.
 
15€

Ruben A. ― Silêncio para 4

Silêncio para 4 (romance)

Moraes editores. (1973). In-8º de 271, [3] págs. Br.

Publicada na colecção «círculo de prosa», foi a primeira edição do livro, cujo título se juraria ter muito directamente inspirado o de uma famosa banda pop actual cá da praia lusitana.

Exemplar normal no miolo, mas com rubrica de propriedade semi-rasurada no frontispício e algum envelhecimento precoce da capa – sobretudo, atrás, onde há mesmo uma ligeira marca de corrosão.
 
15€

Ilse Losa ― Aqui Havia uma Casa

Aqui Havia uma Casa (contos e novelas)

Portugália Editora, Lisboa. (1955). In-8º de 189, [7] págs. Br.

Estas pequenas histórias – salvo «O Sr. Leopardo», não tão pequena quanto isso – foram no livro agrupadas sob duas secções, «Fantasmas» e «Variações sobre Temas Alheios», sendo cada uma delas ilustrada em frontão ao alto das páginas capitulares por desenhos, a pena e tinta, de Pitum Keil Amaral. Primeira edição, já razoavelmente invulgar.

Exemplar ainda em bom estado geral no miolo, mas acusando ligeiro desgaste da capa (sobretudo, dois pequenos furos e leves marcas de esboroamento).
 
18€

Ilse Losa ― Nós e a Criança

Nós e a Criança (Segunda edição corrigida e aumentada)

Porto Editora, Lda. (Rua da Fábrica, 84) – Porto. [S/d]. In-8º de 196 págs. Br.

“Ilse Losa, no seu estilo aberto, claro, escreveu um verdadeiro método de educação infantil. Escreveu-o, porém, sem prosápias pedagógicas, citações enfadonhas ou infalíveis (e escusados) conselhos. Escreveu-o com talento maternal e, sobretudo, com muita ternura”. Foram alguns dos textos aqui englobados «Como falar às crianças», ««Donde vêm os meninos?»», «Haverá crianças realmente cruéis?», «Nasce um irmão!», «Madrastas, padrastos e enteados», «Um problema a resolver: a literatura infantil», «O que lêem os nossos adolescentes?», ««Escrever bem»», «Arte infantil ao serviço da literatura?».
 
10€

Ex-Libris (III): Moreira da Costa

Não é só das comercialmente mais bem situadas, é ainda uma das mais castiças (e antigas, somando várias gerações consecutivas) livrarias do Porto, daquelas que nenhum livreiro se importaria de remoer, encantado pela sobreloja em dossel que ao alto o cercaria. O único defeito evidente a apontar-lhe será mesmo este, o ex-libris, cujo dístico reza assim: "mesmo velho, é um bom amigo". Ora, se tal advérbio já pareceria inapropriado no caso humano (lembro por exemplo, aliás com saudade, o meu amicíssimo avô, abraçando-me risonho de cada vez que lhe entrava pela casa dentro fosse a que hora fosse: e não há, podem crer, nenhuma amizade jovem que valha isto), mais impertinente parece tratando-se de livros, que só não substituem no nosso adágio o vinho do Porto porque a lusa raça sempre foi mais dada à bebida do que à leitura. Dos novos, poucos livros têm graça. Dos velhos - já para não falar dos antigos, propriamente ditos - quase todos a têm. É até possível que daqui por cem anos alguém folheie o lixo que hoje se edita com o condescendente sorriso que fazemos ao pegar naquelas altamente improváveis brochuras de 1915: não as da Grande Guerra, mas as que, entre outras maravilhas, ofereciam receitas para as mulheres perderem a barba (juro que não estou a inventar).

Ramalho Ortigão ― O Culto da Arte em Portugal

O Culto da Arte em Portugal / (Monumentos architectonicos – Restaurações – Desacatos – Pintura e esculptura – Artes industriaes – O genio e o trabalho do povo – Indifferença official – Decadencia – Anarchia esthetica – Desnacionalisação da arte – Dissolução dos sentimentos – Urgencia de uma reforma)

Lisboa: Antonio Maria Pereira, Livreiro-Editor (50 – Rua Augusta – 52) ― 1896. In-8º gr. de [8], 176 págs. Enc.

Primeira edição, já rara.

Exemplar revestido de uma boa encadernação recente com pastas em marmoreado e cantos e lombada em pele gravada a ouro, tendo a lombada ainda, entre duas das casas abertas, rótulos também em pele que a sobre-recobrem; não conservando a capa primeva. Aparado e carminado à cabeça, estando as restantes margens por aparar.
 
45€