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Almeida Garrett, «O Dia 24 de Agosto»

Quando há 200 anos estalou a Revolução do Porto que daria a liberdade a todo o país, um jovem liberal estudante de Leis chamado João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett abandonou Coimbra assim que soube da notícia para vir por aí acima até à Cidade-Natal. A viagem a cavalo, sem paragem, teve como efeito a recaída de uma doença que havia algum tempo o molestava e a cabeça aberta. Posto a «quarentena», com aquele voluntarismo que lhe era peculiar resolveu logo esboçar um pequeno tratado de teoria/filosofia política, eivado de apontamentos históricos e jurídicos, para justificar o levantamento militar. 
Boas razões nos levam a dar por certo que este O Dia VinteQuatro d'Agosto de 1820 fosse o primeiro livro publicado por Garrett (algumas composições em verso, peças de teatro e traduções redigidas antes, também durante a formatura coimbrã, não chegaram a entrar nos prelos). Embora o muito mais conhecido O Retrato de Vénus apresente igualmente data de 1821, e apareça amiúde indicado como título de estreia, a autoridade máxima de Gomes de Amorim não deixa dúvida: o poema entra a imprimir em Novembro de 1821 mas só fica pronto já em 1822; ao passo que o opúsculo político é impresso na Rollandiana, em Lisboa, a meio de 1821, após a recusa dos editores de Coimbra e a alegada inoportunidade de publicação no Porto. Tendo em conta que ao biógrafo se junta no mesmo sentido o nosso principal bibliógrafo, o quase infalível «papa» Inocêncio, quaisquer dúvidas sobre a prioridade temporal parecem desfeitas.   
Em todo o caso, se aquele primeiro poema impresso de modo autónomo foi reeditado várias vezes, esta primeira prosa impressa (que começou a celebrizar o bacharel entre as hostes liberais) quedou-se numa espécie de limbo a que o recentemente falecido Zafón chamou «O Cemitério dos Livros Esquecidos»: recolhida apenas numa colectânea de Escritos Políticos já após a morte do autor, nunca mais - salvo erro - conheceu edição independente. É essa lacuna de dois séculos que nos propomos remediar, no ano em que esses mesmos dois séculos se comemoram.

 
Actualizou-se a ortografia para português moderno (pré-AO). Quanto à sintaxe, embora trôpega, soluçante, muito ao estilo do nosso séc.XIX e ainda longe da pureza cristalina da maravilhosa fluência do escritor das Viagens na Minha Terra - que representou em Portugal, precisamente, uma «revolução» sintáctica... -, optou-se por só lhe mexer quando parecesse necessário para a escorreita leitura contemporânea do texto; pouco mais se fez, no fundo, do que pôr vírgulas no sítio, e mesmo isso com alguma parcimónia. Corrigir um génio, ainda que jovem, soa sempre a sacrilégio.

 
Preço de lançamento: 10€
Preço na Feira do Livro do Porto (28 de Agosto a 13 de Setembro): 8€