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Obras de Eça de Queiroz (Edição do Centenário)

Porto: Lello & Irmão - Editores. 1946-1948. 15 vols. in-4º. Enc.
 
É a bem conhecida e aprimorada série, impressa sobre papel velino  em maior formato, das obras (ainda não) completas publicadas por ocasião  do centenário do nascimento, que a Lello, editora principal do escritor em vida e post-mortem, promoveu; sendo o conjunto que aqui se apresenta da tiragem especial com encadernação inteira em pele gravada a ouro, reproduzindo na pasta superior a efígie de Eça desenhada a ponta seca por Abel Salazar. Volumes no geral muito bem cuidados, apenas três tendo algum desgaste e pequenas marcas por fissura na capa. O terceiro conserva o folheto Tormes
 
Vol. I: O Crime do Padre Amaro
Vol. II: O Primo Basilio
Vol. III: A Cidade e as Serras. O Mandarim
Vol. IV: Os Maias (I)
Vol. V: Os Maias (II)
Vol. VI: A Reliquia. A Correspondencia de Fradique Mendes
Vol. VII: A Ilustre Casa de Ramires
Vol. VIII: Prosas Bárbaras. Contos
Vol. IX: Cartas de Inglaterra. Ecos de Paris. Cartas Familiares e Bilhetes de Paris
Vol. X: Notas Contemporâneas
Vol. XI: Últimas Páginas. As Minas de Salomão
Vol. XII: A Capital
Vol. XIII: O Conde d'Abrânhos. Alves & C.ª. Correspondencia
Vol. XIV: O Egipto. Cartas Inéditas de Fradique Mendes e Mais Páginas Esquecidas
Vol. XV: Uma Campanha Alegre. 
 
500€

Ex-Libris (I): Pedro Veiga


Difícil seria não inaugurar esta série com o ex-libris que mais vezes vi e me passou pelas mãos: o de Petrus, advogado (mas pouco) e publicista portuense, figura lembrada como extravagante nos meios da cidade, reconhecido ainda hoje por alguma - heterodoxa - actividade política de oposição ao Estado Novo (foi um dos fundadores do MUD) e sobretudo pelas edições que patrocinou e, em alguns casos, promoveu ele mesmo na sua Arte e Cultura, de que destacaria a colectânea Documentos Literários, editora e reeditora de trabalhos de Fernando Pessoa; foi dele, por exemplo, o estudo (não muito brilhante, mas sempre procurado) sobre Os Modernistas Portugueses.
Era o homem  senhor de  biblioteca notável, das melhores por cá reunidas no séc.XX, agregadora de umas boas dezenas de milhar de espécimes - apontaria para 50/60 mil, só um alvitre, não  podendo haver  números seguros, até por dela ter sido entretanto perdida  incerta parte. Criteriosa, com relativamente baixa percentagem de «monos», se não falha a memória, tinha a literatura lá a parte de leão, e nessa é preciso sublinhar tudo, ou quase tudo, o que houve  de  mais  relevantes  títulos dos nossos  sécs.XIX e XX: destacando-se em  edições  originais uma importante camiliana e bastante completas bibliografias de Antero, Pascoaes e Pessoa (Mensagem incluída). 
Ora, foi essa mesma colecção que começou por caber em sorte a quem isto aponta (também a Raquel Patriarca, rapariga de talentos vários que se pode ler aqui e em muita folha impressa, e de quem já por aqui se falou) quando novel estagiário na Faculdade de Letras do burgo, à qual coube a parte mais significativa do acervo; para a de Direito, pouco antes constituída, foi a jurídica, cerca de cinco mil volumes (de novo  vem a memória pedir piedade,  passada que  é mais de uma década). Muitas atribulações depois, permanecerá elementar justiça reconhecer a estoutro bibliómano, apesar de nunca conhecido, morto havia muito tempo, uma fase bem significativa do desenvolvimento de um qualquer gene doentio que já por cá andaria mas só mais tarde se veio a notar, vicioso e viciado em livros antigos. Homenagem ou recriminação, se não ambas, aqui fica, pois. Suum cuique tribure.

História de Portugal

História de Portugal (I – Da Lusitânia a D.Fernando I. II – De D.João I aos Filipes. III – De D.João IV a D.Maria I. IV – De D.João VI aos nossos dias.)

Porto, Livraria Lello & Irmão – editores, 1946. 4 vols. in-8º de 123, [3]; 108, [4]; 130, [2]; e 132, [4] págs. Br.

Primeira edição de uma das mais conseguidas sínteses da história nacional alguma vez publicadas, dada a lume pela Lello na sua famosa «Colecção Ontem e Hoje» (e recentemente reeditada em 20 volumes pela QuidNovi, ainda sob a supervisão de José Hermano Saraiva); com uma panorâmica, dentro do possível, resumida, mas competentíssima, dos acontecimentos no nosso território desde o tempo dos lusitanos até à implantação da República. Inclui, em dezenas de folhas destacadas, não numeradas, uma série de gravuras com a reprodução de retratos e de trabalhos artísticos sobre temas e personagens. Ângelo Ribeiro assinou o 1º e o 3º volumes, sendo o 2º de Newton de Macedo (o piorzinho) e o 4º de Hernâni Cidade.

Exemplares em razoável estado geral, mas com alguns defeitos: falhas de papel nas capas, vincos (sobretudo no volume IV) e, no volume III, pequenos vestígios de traça ao alto das primeiras folhas (sem qualquer afectação do texto, não chegando a tocar a mancha tipográfica). 
 
40€

António Sérgio ― Historia de Portugal

Historia de Portugal (Traducido del original portugués por Juan Moneva y Puyol, Catedrático de la Universidad de Zaragoza)

Editorial Labor, S. A. : Barcelona - Buenos Aires. (1929). In-8º de 190, [2], XVI, [2] págs. Enc.

Foi mesmo esta espanhola a primeira edição, hoje valorizada q.b., de um livro que, apenas previsto, não chegou por cá a sair (só mais de dez anos  corridos  se publicaria  «História de Portugal - Interpretação Geográfica», primeiro, e depois «Breve Interpretação da História de Portugal», ambas já outra coisa). Pouco passando de um esboço de síntese, tem ainda assim, hábito nos escritos de Sérgio, muito que se lhe diga: bastará de exemplo o breve capítulo final, que plana sobre três supostas gerações românticas da literatura portuguesa (a terceira seria a de 70, Eça, pasme-se, incluído, perfeito disparate forçado só para encarreirar entre os pares um «romantismo» que se quer atribuir a Antero de Quental...) ignorando, olimpicamente, o nome de Camilo Castelo Branco, apenas um de vários escritores reunidos “em torno de Castilho”, para logo a seguir conferir destaque individual, entre muitos mais, a... Moniz Barreto. Criteriosíssimo, portanto.
O volume integra dois mapas desdobráveis a cores, um apontando «Viajes y Descubrimientos de los Portugueses» por terra e mar e o outro representando «El Imperio Portugués hacia Mediados del Siglo XVI»; e está ilustrado por um mapa mais, em folha destacada, do país na Idade Média e por um conjunto de ilustrações, ainda sobre folhas à parte, por gravura e fotogravura, além das que vão pontuando o texto de fio a pavio.

Exemplar, em especial, duplamente valorizado: por conservar a sobrecapa em papel (que tem, contudo, pequenas falhas) normalmente em falta, aqui como em Espanha, nos volumes desta Colección Labor; e pela dedicatória – embora pareça tardia – que Sérgio nele depois manuscreveu “A José Neves Águas [polígrafo mais conhecido como biógrafo de Cortesão, ligado também à Seara Nova], com apreço”. De Neves Águas sendo ainda o ex-libris que lhe foi aposto ao lado.

40€

Tempo de Falar (Diário da invasão de Goa)

Edição do Autor. [S/d – 1961?]. In-8º de 94, [2] págs. Br.

Com várias dedicatórias e um prefácio ao «leitor», em que escrevia o autor, Arnaldo Bastos Martins, “Disse e repito que nada sei de política e que este meu diário não passa dum depoimento pessoal. Quero contar o que vi. Pretendo dizer a verdade, essa verdade sem disfarces nem enfeites que não consta dos discursos com que, em Goa, fomos bombardeados todos os dias, durante três anos, pela rádio, pelos jornais, pelos livros e pelas sessões públicas”; e, a propósito do abandono final da praça, “Que os meus juízes se lembrem de que é fácil ser-se patriota nos bairros chiques da Lapa ou do Restelo, nos cafés da Baixa e nas praias da linha do Estoril. É simples ser-se herói quando são os outros que enfrentam o perigo”.
 
Exemplar com marcas pronunciadas de acidez na capa e nas folhas preliminares; melhor ao longo do volume, apenas com um escurecimento marginal do papel.

10€

Vida Devota (II)

A nem sempre inocente mania dos bibliófilos interessa-me ao mesmo tempo que me repugna um pouco; para quem procura saber quais as tendências duma época que começam a tomar consistência, há vantagem em consultar as flutuações das suas preferências. No meio da tagarelice literária que escorre por toda a parte, absolutamente desprovida de garantias, essas pessoas ao menos arriscam dinheiro nos seus gostos - que não incidem sobre quase nenhuma das novas estrelas.


Carlos Malheiro Dias ― A Verdade Nua

Lisboa: Portugal-Brasil Limitada, sociedade editora (58, Rua Garrett, 60) ― Rio de Janeiro: Companhia Editora Americana / Livraria Francisco Alves. [S/d]. In-8º de 273, [3] págs. Br.

Primeira edição, com a capa ilustrada por Roque Gameiro, deste livro de pequenas prosas, entre as quais se contam a titular, «No enterro do General Buonaparte», «O lar de um vice-rei do Brasil», «A opinião de Machiavel», «Constança e Ignez» e «À margem do ultimo livro de Anatole France», num total de 24.

Exemplar em razoável/boa condição no miolo, só marcado por alguma acidez, mas a ameaçar desconjunção única a meio do volume e na capa – pelo que o melhor será, tarde ou cedo, encaderná-lo.
 
14€ 

SNBA: um Século de História e de Arte

(1901 – 2001:) Sociedade Nacional de Belas-Artes: um Século de História e de Arte
 
(Edição: Projecto, Núcleo de Desenvolvimento Cultural de Vila Nova de Cerveira / Fundação da Bienal de Vila Nova de Cerveira. 2006). In-4º gr. de 271, [3] págs. Br.
 
Trata esta monografia, com tiragem de 1000 exemplares, “do percurso da SNBA fundada a 16 de Março de 1901, resultante da fusão da Sociedade Promotora das Belas-Artes e do Grémio Artístico”, cujo contributo, conforme se assegura, é indispensável “para o conhecimento da arte em Portugal no séc.XX”. Abundante em ilustrações, integra os capítulos «A Pintura Naturalista e os seus Antecedentes», «Divulgação e Permanência dos Valores Naturalistas nos Salões da Sociedade Nacional de Belas Artes de 1901 a 1945», «O Naturalismo Modernizado nos Salões do Secretariado da Propaganda Nacional», «O Naturalismo Tradicional e o Naturalismo Modernizado», «As Exposições Gerais de Artes Plásticas (1946/1956)», «A Decadência dos Valores Naturalistas e a Resistência ao Modernismo na Sociedade Nacional de Belas Artes», «Uma Política de Mudança para a Sociedade Nacional de Belas-Artes» e «Resistência do Naturalismo Académico», acrescidos de bibliografia final. A capa reproduz o cartaz de Constantino Fernandes para a II Exposição da SNBA, em 1902, e os textos de apresentação são de José-Augusto França e Emília Nadal.
 
Exemplar por estrear.
 
25€ 

Dostoievski ― A Voz Subterrânea

A voz subterrânea (Zapiski iz podpolia) — Tradução de Aurora Jardim Aranha
Porto – 1926 – Livraria e Imprensa Civilização / Américo Fraga Lamares & C.ª, L.da – Editores (75, Rua das Oliveiras, 77). In-8º de 223, [1] págs. Br.
Edição portuguesa saída na colecção «Biblioteca do Lar», com a capa bem ilustrada por um trabalho de Raul que será hoje a sua única mais-valia; e um tanto manchada, no exemplar, principalmente sobre a face inferior. De resto, um só defeito a destacar, assinatura de propriedade no rosto.

10€

Feira do Livro do Porto

Começou hoje e durará até dia 21, na Avenida das Tílias do Palácio de Cristal, a primeira feira do livro directamente organizada pela autarquia portuense (já aqui se falara disso há alguns meses: http://bibliographias.blogspot.pt/2014/03/feira-do-livro-do-porto-restauracao-da.html).
Do pavilhão - o 32 - de bibliographias destacam-se as relativas à cidade e aos seus principais escritores: Garrett, Camilo, Júlio Dinis, Ramalho, Alberto Pimentel, Junqueiro, Raul Brandão e António Nobre, só por exemplo e ordem cronológica; além, claro, do justamente homenageado Vasco Graça Moura.

Pedidos e encomendas, como costume, para bibliographias@gmail.com.

Sobre «livros digitais»


i - A facilidade e a velocidade com que por estas bandas se ensaia e consegue estabelecer, em  plenos senhorio e domínio, fórmulas absurdas, para não dizer parvas, chegam a exasperar um santo. Há meia dúzia de anos que a tão parolinha, tão portuga, tão logo deslumbrada vertigem tecnológica nos martela olhos e ouvidos da peregrina expressão «livros digitais», embebida na conversa do costume: que os «livros em papel» vão acabar, que o futuro é radioso mas da radiação de um ecran de computador (ou de outro qualquer aparelho assim mesmo digital), bla bla bla. Alguma caridosa alma bem poderia explicar -  pelo menos, à luminária que para cá tenha importado da americana o discurso - que dizer «livros digitais» faz o tanto sentido de «livros telefónicos», ou «livros gira-discos», ou «livros televisivos», ou «livros rádio», ou «livros filme», ou o diabo-a-quatro. Nenhum, isso.
 
ii - Mais do que qualquer outra palavra que agora lembre, se comparável existe, «livro» designa em simultâneo ideia e matéria, substância e forma, conteúdo e continente. Chamamos livro à criação mental como ao suporte em que se vem a plasmar, sempre o mesmo, mais que sejam as variantes: conjunto de folhas de papel agrupadas em cadernos que se reúnem num corpo único, hoje em dia (até ao séc.XIX, inclusivé, não necessariamente) quase sempre coberto, por uma folha ou por cartão, recoberto ou não de material acrescido - tecido, pele, etc. É, em grande parte, esse monismo mais do que linguístico, essa duplicidade unificada em linguagem e em cosa mentale que o tornam objecto de devoção sem par. Não como a arte, que por inteiro consubstancia a ideia na matéria; ou a música, que pelo contrário nem chega a depender de qualquer das formas reprodutoras que a manifestam em diferido, quase até à indiferença.

Herberto Helder ― Os Passos em Volta

Editorial Estampa (1970). In-8º de 165, [3] págs. Br.

Terceira das tantas edições que o livro continua a contar até hoje, impressa sobre bom papel levemente avergoado, com arranjo gráfico de Alda Rosa e a capa ilustrada em trabalho conjunto por José Brandão e Keith Trickett; publicada na série «Novas Direcções», de que foi o segundo título a sair. Em relação às predecessoras, de 1963 e 1964, acrescenta mais alguns textos (esta prosa contínua tem sido, como se sabe, work in progress): o famoso «Poeta Obscuro», por exemplo.

Pertenceu o exemplar ao bibliófilo José Sá de Frias, dele tendo aposta ligeiríssima assinatura sobre a primeira folha de texto.
 
18€  

Júlio Dantas ― Le Réveillon des Cardinaux

Le Réveillon des Cardinaux (traduction française de Celestino Soares)

Lisbonne: J. A. Rodrigues & C.ie, éditeurs. 1926. In-4º de 31, [1] págs. + [2] ff. ilust. Br.

Edição especial d'A Ceia com o texto em francês, dedicada pelos editores à memória dos actores Eduardo Brazão, João e Augusto Rosa. O volume inclui duas folhas destacadas de papel couché, uma delas reproduzindo um retrato do autor.

Exemplar sem defeitos de nota.

15€