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Urbano Tavares Rodrigues ― Nus e Suplicantes (novelas)

Livraria Bertrand. 1960. In-8º de 147, [5] págs. Br.

Primeira edição de um dos títulos iniciais do autor, contendo as novelas «Crescei e Multiplicai-vos», «O Falso Pesquisador», «Oxalá», «A Dama de Trunfo» e «Nus e Suplicantes». Reproduz, nas abas, excertos de recensões críticas de Óscar Lopes, Álvaro Salema, João Gaspar Simões e Álvaro Campos, além de um retrato de Urbano T. Rodrigues à época.
 
Exemplar com pequenos defeitos.

12€

Um Natal português

Em Canelas, Vila Nova de Gaia, a população protesta há meses pela substituição do pároco - pretende o regresso do anterior e vitupera o actual, que vai insultando, entre outras razões, por ter cabelos e barbas compridos. Se não erro, todas as crónicas mais ou menos garantem que Cristo, precisamente, passou a vida nesse tipo de preparos (para além de não ter biblioteca nem perceber patavina de finanças, como sugeria o outro, também não consta que o Nazareno usasse cabelo rapado e brinquinho na orelha, como os gunas tugas - citadinos e aldeãos - contemporâneos). A Igreja esteve-se, desde o início, quase sempre nas tintas para o próprio fundador. Agora, estão até as populações, outrora o "rebanho", cada vez mais nas tintas para a Igreja e para o fundador. Querem rezar os seus próprios dogmas. "Creio em Jesus Cristo, filho unigénito de Deus, rapado e barbeado". Ou, tão-só, um CR derivado, de igual modo dado ao 7, 70x7, mas talvez algo menos à complicação metafísica: "Creio em Cristiano Ronaldo". Amen.
 
É Portugal/Carnaval, ninguém leva a mal. Bom Natal.

Jean-François Six ― Jésus

Éditions Aimery – Somogy. (1974). In-8º de 245, [11] págs. Br.

Dado a público na colectânea «Livre de Vie (les meilleurs livres de vie chrétienne)», o estudo do teólogo francês compreende as secções «La situation», «Au-dela de son pays: Jésus pour tout le monde», «L’humanité et la tendresse de Dieu», «Le pain et le vin, l’amour et la mort», «La ville sacrée», «La présence et le présent», «Nuit, silence et paix», «Et puis après?» e «Aujourd’hui, vingt siècles après sa naissance».

Bom exemplar, sem defeitos de maior.
 
6€

Emilio Bossi ― Jesus Christo nunca existiu

Jesus Christo nunca existiu / (Edição completa) / Traducção de Augusto de Castro // 4.ª edição

Editor: João Carneiro, Livraria do Povo Silva & Carneiro – Travessa de S. Domingos, 60. Composto e impresso na Typographia A. M. Antunes – Calçada da Glória, 6 a 10 – Trav. do Fala-Só, 1 e 5. Lisboa. 1909. In-8º peq. de 78, [4] págs. Br.

Pretendido um “exame que é absolutamente estranho a qualquer conceito theologico ou anti-theologico” e que “não visa outro fim que, só por amor á verdade, demonstrar que Jesus Christo nunca existiu”, o livro inclui as grandes secções de capítulos: «Christo na Historia», «Christo na Biblia», «Christo na Mythologia» e «Formação Impessoal do Christianismo»; tendo a capa – no exemplar, já com pequenas falhas – decorada por uma ilustração, não alusiva, em estilo Arte-Nova. Publicada na colectânea «Bibliotheca Popular», esta tradução foi uma das poucas conhecidas e um dos primeiros trabalhos literários de Augusto de Castro.

8

Arqueologia Literária (VI)

A casa fica a meia encosta. Por trás o mar bravo dos pinheiros, em frente os montes solitários: a tarde tinge-os de oiro e à noite o granito compacto esvai-se ao luar como um fantasma. Este cantinho rústico criei-o eu palmo a palmo. Tudo isto foi pedra e uma árvore contemporânea da fundação da monarquia. O carvalho centenário cobria todo o eido. Era enorme, era prodigioso. No tronco, que nem seis homens podiam abranger, tinham os bichos as luras, e a ramada imensa era a moradia de todas as aves. Seu hálito sentia-se ao longe. Logo que o vi fiquei apaixonado. - Vamos viver juntos, vou envelhecer ao pé de ti. - Nós não ouvimos as árvores, mas a sua alma comunica sempre connosco: sua força benigna toca-nos e penetra-nos... Quando voltei de Lisboa o caseiro tinha-o deitado abaixo. Ainda hoje faz parte da minha vida, ainda hoje sonho com ele.
Construí a casa, plantei as árvores, minei as águas. Absorvi-me. Uma pedra basta, basta-me um tronco carcomido... Este tipo esgalgado e seco, já ruço, que dorme nas eiras ou sonha acordado pelos caminhos, sou eu. Sou eu que gesticulo e falo alto sòzinho, envolto na nuvem que me envolve e impregna. Que força me guia e impele até à morte?... Este sonho, reconheço-o, não é só meu - é o de minha mãe realizado, é o dos outros mortos que me rodeiam. E o meu sonho? - pergunto - o meu sonho quem o realizará jamais?...
 
(Não nenhum filho, que Raul Brandão os não teve, nem por isso nenhum consequente descendente, cuja tarefa seria aliás árdua: não fez o homem outra coisa senão sonhar, só nos intervalos escrevendo. A casa era a do Alto, em Nespereira, Guimarães. E o texto - mais tarde publicado no segundo volume das Memórias, com alterações pontuais e de plano - inicia Sombras Humildes: Páginas de Memórias, e saiu no n.º1 da Seara Nova, em 1921) 

César de Frias ― Poesias Religiosas da Língua Portuguesa

Cem das melhores poesias religiosas da língua portuguesa: coligidas por César de Frias

Lisboa, Livraria Editora Guimarães & C.ª, 1932. In-8º de 167, [1] págs. Br.

A recolha começa em Sá de Miranda e acaba nos poetas do início do séc.XX. Como em qualquer antologia, os critérios serão mais ou menos discutíveis, havendo aqui dois a notar: um deles, a ausência dos trovadores medievais (essa, o antologiador explica), o outro o aparente desequilíbrio que confere um peso, apesar de tudo, excessivo ao séc.XIX. É, ainda assim, uma recensão com interesse, e inspirou directamente José Régio para a que preparou com Alberto de Serpa, a apresentar já de seguida.

Exemplar em razoável estado geral, mas algo desvalorizado por manchas de humidade, de forma mais ou menos pronunciada ao longo do volume.

10€

Cancioneiro da Virgem: Compilação de Anthero Pacheco Moreira

Porto, Casa Editora de A. Figueirinhas, 1926. In-8º de 192 págs. Br.

Primeira edição de uma recolha de “algumas das melhores poesias que o estro portuguez compoz sob a inspiração da Virgem Maria (…) desde a quadra popular, simples, imperfeita, ingenua, por vezes sem rima, ao soneto impecavel de metrica e prodigioso de inspiração, de tudo, de tudo se encontra no presente volume, no qual vibra, luminosa e cantante, a alma de Portugal”.
Composições de Gil Vicente, Bocage, Garrett, João de Deus, Camilo, Júlio Dinis, Antero, Junqueiro, Pascoaes, etc.

Exemplar em muito bom estado, apenas com algum escurecimento das margens do papel.
 
12€

8 de Dezembro, dia de Florbela

Passam 120 anos sobre o nascimento de Florbela Espanca, que em 365 teve o mesmo dia para nascer e morrer; se disso soubesse em vida, mais supersticiosa ficaria.

[Vila Viçosa, 8 de Dezembro de 1894 ― Matosinhos, 8 de Dezembro de 1930] 

Fernando Pessoa ― Rosea Cruz

Rosea Cruz (Textos em grande parte inéditos, coordenados e apresentados por Pedro Teixeira da Mota)

Edições Manuel Lencastre, 1989. In-8º de 268, [4] págs. Br.

Conjunto de textos (a maioria, inéditos, segundo afiançava o organizador na «Apresentação») do espólio em depósito na Biblioteca Nacional, recolhidos pela inspiração ocultista que faz este volume complementar os que Pedro Veiga publicara ainda durante a primeira metade do século na sua «Arte e Cultura». Como ilustração foram reproduzidos alguns manuscritos de Pessoa e gravuras antigas.

Exemplar por estrear, em condição irrepreensível.
 
25€

Fernando Pessoa (trad.) ― Compendio de Theosophia

Compendio de Theosophia (Traducção de Fernando Pessoa)
 
Lisboa: Livraria Clássica Editora de A. M. Teixeira (17, Praça dos Restauradores, 17), 1915. In-8º de 191, [1] págs. Br.
 
Juntamente com as outras traduções de títulos esotéricos que fez também para a Clássica, e com os bem sabidos  saídos em nome próprio, foi este um dos poucos livros publicados em vida por Pessoa, na colecção «Theosophica e Esoterica». O autor do tratado, Charles Webster Leadbeater, a princípio sacerdote anglicano, viria depois a integrar a «Theosophical Society» nova-iorquina em finais do séc.XIX.
 
Exemplar em brochura, cuidado, sem defeitos dignos de realce.

37€

Fidelino de Figueiredo ― Mariana Alcoforado

Coimbra: Imprensa da Universidade, 1920. In-4º de 12 págs. Br.

Primeira edição independente, em separata de «O Instituto», com tiragem limitada a 50 exemplares; estando este relativamente bem conservado (dada a fraca qualidade do papel), mas com alguma acidez na capa.
 
8€ 

António José Saraiva ― Inquisição e Cristãos-Novos

Editorial Inova □ Porto. (1969). In-8º de 319, [9] págs. Br.

Publicado na colecção «Civilização Portuguesa» da Inova com o habitual arranjo gráfico de Armando Alves, o estudo de Saraiva, aqui em primeira edição, é com os de Herculano, António Baião e Raul Rego já um dos nossos mais considerados títulos sobre o tema.

Exemplar em bom estado, sem defeitos a destacar. 

20€ 

O Livro na Arte (IX)

Ao autor destas linhas (tem também o lume aceso, e põe agora mesmo mais uma acha na fogueira: 4º lá fora) sempre pareceu haver duas coisas que combinam particularmente bem com bons livros: o vinho tinto maduro e o fogo, lá está. Quanto à primeira combinação, já deve ter vindo nos genes paternais, e não haverá muito como a explicar a um abstémio ou a um iletrado. Quanto à segunda, dá pano para várias mangas. Desde logo, a de pensar na obsessão que os mais fanáticos dos não leitores - se lessem, passava-lhes depressa o fanatismo: remédio santo contra a guerra santa - sempre tiveram em queimar livros: é um clássico desde os inquisidores, com passagem pelos nazis, todos menos dados a ler do que apregoavam. Hipótese 1: quem não tem neurónios para queimar, e não escapa à pulsão pirómana do descendente de Neanderthal, opta pelos livros. Hipótese 2, nada incompatível mas de mais consequências: quem não lê, gosta de fazer arder os livros e mais quem os lê; quem não pensa, gosta de queimar quem pensa e o próprio pensamento (nota: ainda na chamada era digital, nada que simbolize o pensamento tão bem como um livro; não é só por não serem tão combustíveis, nem por serem consideravelmente mais caros, que ninguém queima e-books).

Alheia a todas estas e quaisquer outras considerações, a rapariga lê, e o fogão de sala, ao fundo, trabalha o tempo.
[Florence Fuller, que por 1900 pintou a óleo o quadro, chamou-lhe «Inseparáveis»]

Adolfo Casais Monteiro ― A Moderna Poesia Brasileira

A Moderna Poesia Brasileira (conferência pronunciada na sessão de instalação do curso de Poesia Contemporânea, do Clube de Poesia, no Auditório da Biblioteca Municipal de São Paulo, em 13-9-1956)

Colecção «Nova Crítica» / Clube de Poesia, 1956. In-8º de 29, [3] págs. Br.
Não muito antes chegado ao país, onde passaria a morar em definitivo, começava Casais Monteiro por justificar que “Esta lição não tem como objectivo analisar a obra dos poetas modernos do Brasil. Pretenderia, isso sim, sintetizar as direcções, as correntes principais da moderna poesia brasileira”; tendo depois enriquecido este exemplar – conservado em boa condição – com a dedicatória manuscrita que nele apôs “Ao Alberto [de Serpa], de todo o coração, of. o seu velho amigo Adolfo”.
25€

António Correia de Oliveira ― Teresinha (Milagre em Cinco Quadros)

Edição do Autor (na Imprensa Moderna, Porto, 1929). In-8º de 190, [6] págs. Br.

Primeira edição, impressa em papel superior.

Exemplar em bom estado global, descontando o leve desgaste da capa e pequenas falhas de papel ao alto de quatro folhas consecutivas, além de uma outra que sobretudo o desvaloriza, mais pronunciada, no frontispício, aparentemente decorrente da rasura de uma assinatura de prévia propriedade.
 
12€

António Correia de Oliveira ― Alívio de Tristes

Alívio de Tristes (2.ª Edição)

Livrarias Aillaud e Bertrand, Paris-Lisboa/Livraria Francisco Alves, Rio de Janeiro, 1918. In-8º de 78, [2] págs. Br.

Edição inteiramente autenticada com o sinete do autor, tendo ainda este exemplar, em bom estado, o carimbo da «Livraria Academica/Manáos».
 
10€

José Régio ― Biografia

Biografia (segunda edição, refundida, e muito aumentada com novos sonetos e um prefácio)

Arménio Amado – Editor. (1939). In-8º de 76, [2] págs. Br.

O prefácio, um tanto aborrido, do próprio Régio justificava as alterações da edição primitiva (Presença, 1929) para esta.

Exemplar em bom estado, só o marcando ténues vestígios de acidez na capa e o típico escurecimento marginal das folhas, dada a qualidade do papel.
 
33€

Eugénio de Castro ― Antologia

Antologia (Introdução, selecção e bibliografia de Albano Martins) / Desenhos de Júlio Resende)

Imprensa Nacional – Casa da Moeda. (1987). In-8º de 286, [10] págs. + [2] ff. ilust. Br.

São apresentadas composições da bibliografia do autor de Oaristos a partir desse livro principal. Edição publicada na «Biblioteca de Autores Portugueses» com uma tiragem anunciada de 2000 exemplares, sendo este em bom estado, sem defeitos de tomo.
 
14€

Colecção «O Oiro do Dia»

Títulos disponíveis em bibliographias:

N.º 9 - Poemas para Vasco Gonçalves (António Ramos Rosa, Eugénio de Andrade, Maria Teresa Horta, etc.; cartaz de Armando Alves e desenho de José Rodrigues)

N.º 15 - Sinais, de Yvette K. Centeno (desenho de V. Simões)

N.º 21 - O Poeta e a Cidade (Antologia de Poesia Contemporânea dedicada à Cidade do Porto; com uma aguarela de António Cruz)

N.º 25 - Corte na Ênfase, de Nuno Júdice (desenho de Domingos Pinho)

N.º 37 - O Corpo Idiomático (3 Fragmentos), de Fernando Guerreiro

N.º 44 - Poemas, de Paul Celan (tradução de João Barrento e Yvette K. Centeno; água-forte de Gisele Celan-Lestrange)

N.º 52 - Metamorfoses, de Teresa Balté (desenho de Hein Semke)

N.º 61 - Vinte e Três Poemas de H. M. Enzensberger (tradução de Vasco Graça Moura; xilogravura de Kirchner)

N.º 65 - A Catedral, de Maria Alzira Seixo (desenho de Armando Alves)

N.º 67 - Figura: Fragmentos, de António Ramos Rosa (desenho de Victor Fortes)

N.º 70 - De Costas para a Janela (Poesia Alemã Contemporânea - I; tradução de João Barrento; xilogravura de Horst Link)

N.º 72 - Soldados Vermelhos, de Vladimir Holan (tradução de Luísa Neto Jorge; ilustração de Kasemir Malevich)

N.º 73 - Constança, de Eugénio de Castro (desenho de Giovannino de' Grassi)

N.º 74 - O Negativo dentro de Nós (Poesia Alemã Contemporânea - II; tradução de João Barrento; desenho de Helmut Gebhardt)

O Oiro do Dia

José da Cruz Santos, senhor a quem a edição portuguesa muito deve e que num país normal teria o reconhecimento generalizado da nação leitora, acaba de relançar «O Oiro do Dia», colecção de poesia portuguesa e estrangeira que foi entre nós um marco gráfico, à época (anos 70 e 80) arrojado q.b. - uma plaquette concebida por Armando Alves, em cartolina tripartida,  cuja aba servia de rebordo para guardar um caderno solto, com as folhas por abrir, integrando sempre alguma ilustração em folha hors-texte. Passaram por ela António Ramos Rosa, Eugénio de Andrade, Fiama, Ruy Belo, Vasco Graça Moura, etc.; (Herberto teve um dos números, hoje  preciosidade bibliográfica, da  escassa série verde); e nela foram publicadas algumas das primeiras traduções portuguesas de poetas estrangeiros do séc.XX, incluído o maior deles, Celan (por João Barrento, que felizmente o foi traduzindo bastante mais, e que um dia talvez nos brinde com a poesia completa desse imenso suicidado no Sena). O renascimento da  coisa começa com um volume de homenagem à memória do artista portuense Ângelo de Sousa, como o preparado, ainda em vida dele, para Vasco Gonçalves, e tem colaboração de, entre outros, Rebordão Navarro, Bernardo Pinto de Almeida, Fernando Guimarães, Viale Moutinho, Mário Cláudio e o próprio Graça Moura (que foi o director literário da publicação, e ainda deixou um poema para este volume colectivo). Está nas livrarias, e será apenas, espera-se, o primeiro de muitos.

Marquise de La Tour du Pin ― Journal d'une Femme de 50 ans (1778-1815)

Journal d'une Femme de 50 Ans (1778-1815) / recueilli par son arrière petit-fils le Colonel Comte Aymar de Liedekerke-Beaufort

Paris: Éditions Berger-Levrault, 1954. In-8º gr. de XXVI, 356, [2] págs. Br.

Esta segunda edição acrescenta um novo prefácio do editor ao longuíssimo, que também reproduz, publicado na edição original (em 2 tomos), pelo início do século, por outra editora; explicando pretender compensar a raridade desta última e tornar acessível a um público mais largo o diário de uma mulher que viveu, em Versalhes, o estertor do Ancien Régime, exilando-se nos Estados Unidos após a Revolução e só regressando a França no período do Império.

Bom exemplar, ainda que com alguns ligeiros sinais de desgaste.

20€

Stendhal ― Mémoires sur Napoléon

Librairie Gründ, Paris. [S/d]. In-8º de 221, [3] págs. Enc.

Primeira edição publicada na «Bibliothèque Prècieuse», decerto pelos anos 30.

Exemplar revestido de uma encadernação com cantos e lombada (dizeres a prateado) em percalina, conservando por inteiro a capa original; e tendo aposto um ex-libris francês da época, heráldico.

10€

Júlio Dinis ― Uma Família Inglesa

Uma Família Inglesa: Cenas da Vida do Porto, por Júlio Dinis / nova edição conforme a segunda, revista pelo autor, e actualizada na grafia, precedida de breves palavras de Fernando de Castro Pires de Lima (da Academia das Ciências de Lisboa), com desenhos de Gouvêa Portuense

Lello & Irmão - Editores - Porto. 1972. In-4º gr. de XII, 468 págs. Enc.

Foi talvez a edição de maior esmero daquele que Pires de Lima, no prefácio que a introduz, entendia o romance “mais representativo dos do introdutor do Naturalismo em Portugal” (a segunda asserção, sobretudo, é discutível), impressa em grande formato sobre bom papel e enriquecida pelas ilustrações em folhas extra-texto com reproduções das aguarelas do pintor portuense e de gravuras e desenhos da época; bem encadernada pelo editor em tela de linho, espessa, tendo um estojo de resguardo, que o exemplar conserva.
 
50€

Artur de Magalhães Basto ― Figuras Literárias do Porto

Figuras Literárias do Porto (com 21 estampas)

1947. Livraria Simões Lopes de Manuel Barreira – Porto. In-8º de 290, [6] págs. Br.

O livro reproduz várias palestras proferidas pelo autor na Emissora Nacional, o que justificará, dizia no prefácio, “o aspecto de conversa familiar (…) que se procurou imprimir aos trabalhos aqui reunidos – pretensão essa que não excluiu, de modo algum, o mais absoluto respeito pela verdade e pelo rigor histórico”. As estampas mencionadas no título são quase todas de reprodução de retratos – faltando só o da mais antiga D. Bernarda de Lacerda, a quem é dedicado o capítulo inicial – dos escritores contemplados, entre eles Garrett, Camilo, Júlio Dinis, Ramalho e António Nobre.

Bom exemplar.

26€

Lopes de Mendonça ― Capa e Espada

Lisboa: Portugal-Brasil Limitada, sociedade editora  (58 – Rua Garrett – 60). [S/d - 1922?]. In-8º de 231, [5] págs. Br.

Embora não o indique, saiu esta primeira edição na série Scenas de Vida Heróica, da que foi o quarto de muitos volumes publicados pelo autor do hino nacional; com desenho da capa por Alberto de Sousa. Alguns dos capítulos: «A sobrinha de Inês de Castro», «Uma façanha da Távola-Redonda», «Lágrimas do Infante», «O guião do Império», A volta de El-Rei», «Quinas e flores-de-lis».

Exemplar em bom estado, descontando alguns vestígios de acidez e uma discreta assinatura de propriedade na primeira página, de anterrosto; inteiramente por aparar.
 
12€

Julião Quintinha ― Vizinhos do Mar

Vizinhos do Mar: Novelas – Impressões // segunda edição // desenhos da capa por Bernardo Marques

Livraria Depositária: Portugal-Brasil/Lisboa  1923 (na Imprensa Lucas & C.ª). In-8º de 169, [1] págs. Br. 

Edição do autor, com um novo prefácio para ela composto e a reprodução do da original, publicada dois anos antes – no primeiro, explicava-a ele pelo sucesso e rápido escoamento do livro nas livrarias, acrescido da vontade de o melhorar, substituindo e integrando novos capítulos; a terminar o volume, está ainda a longa transcrição de muitas das críticas saídas na imprensa (entre outros, por João Ameal, Manuel Ribeiro e César de Frias). São alguns dos textos, dedicados às terras e gentes algarvias, «A cega d’Almancil», «Elegia do passado», «Cronica da praia», «O meu anarquista», «Do Diario dum romantico», «A tia Dores», «Miss Love», «Saudades do Mar».
 
Exemplar com alguns defeitos, sobretudo na capa, prejudicada por ligeiros rasgos e falhas; conservando-se o miolo, apesar de marcas antigas e marginais de humidade em várias folhas, bastante melhor.

8€

Ex-Libris (II): Manuel Ferreira

Foi de Manuel Ferreira a primeira livraria antiquária que conheci e muito pontualmente frequentei, aí por meados dos anos 90, ao alto da Rua Formosa, a partir de onde tomava autocarro depois de incursões pela Baixa do Porto e, mais tarde, sessões quase diárias na Biblioteca Municipal (São Lázaro). Era ainda muito incipiente a bibliofilia, e, da doente bibliomania sucedânea, nada (só interessava então a literatura, que ingénuo tomava por conteúdo, entendendo o suporte em livro simples forma, de que desdenhava). Além disso, o senhor, entregue aos seus estudos e trabalhos, já então pouco aparecia ao público; pelo que só depois - uma década - o conheci um pouco, pouquíssimo, melhor, quando mais bibliófilo-a-sério lhe comecei a frequentar os leilões de bibliotecas particulares levadas a praça no salão da Junta do Bonfim. Ainda além disso, fechou entretanto a livraria enquanto loja propriamente dita, passando a funcionar em feição mais de armazém, com atendimento menos directo e óbvio, na perpendicular Alves da Veiga (onde até hoje permanece, da mão competente do filho mais velho, Herculano; o mais novo Paulo, também fotógrafo artístico, «emancipou-se» e fundou a In-Libris, já quase maior de idade).

De Manuel Ferreira dir-se-ia, à parte o que já sabe mesmo quem não o conheceu - muita ciência, desde logo -, ter sido figura discretíssima, de feitio e de modos (impecavelmente cordiais), daquelas que, se desatentos, nos passam quase despercebidas na rua. Nada que faiscasse, nem uma chispa, nem uma alteração, nada. Pura serenidade. (Estava capaz de jurar que nunca terá dado um berro na vida, por exemplo; o que também não imagino no meu tio-avô João, livreiro da Figueirinhas, primeira livraria que frequentei tout court, ainda durante a infância, na Praça aos sábados de manhã; esta ideia, propensão a personalidade búdica de alguns velhos livreiros, dava sozinha um estudo). O que nele sobressaía e era único era «apenas» isto: a maneira como pegava nos livros. Daquelas coisas tão óbvias que, se calhar, ninguém mais nunca deu fé (mesmo quem isto escreve, só depois de ele defunto, em exercício já de memória). O homem tocava os livros como, sei lá bem, não era só delicadeza, nem só cuidado, nem só devoção, e de tudo um tanto, como cabelos ondulando, sombras, o movimento da fuga ou nem isso, gesto que não fosse a só fragilidade mas o modo segundo de ela o suspender entre as coisas vivas e as coisas mortas. Pegava-lhes de modo tão natural (hábito) e atento (profissão, de professar) como se em simultâneo fossem o ar devolvido da própria respiração e a respiração devolvida de alguém que muito se quer. (E não, não se está aqui a armar poesia barata. Era como que isto.)
 
O ex-libris, dos melhores que conheço, modelo de conseguimento com simplicidade de meios e de execução, foi composto por José Rodrigues algures na década de 80 (quatro vintes, quatro vezes vinte). Reza-lhe o mote que «Livros cerrados não fazem letrados». O que, sendo verdade, não deixa de se aplicar a quase todos os coleccionadores, mesmo mais modestos, como o autor destas linhas: por cada mil juntos, talvez se leia uma ou duas centenas, se tanto... Soa, em suma, um lema demasiado honesto para uma livraria. 

Patrícia Joyce ― A Maior Distância

Sociedade de Expansão Cultural (Travessa do Sequeiro, 4, 1.º) – Lisboa. (1952). In-8º de 165, [11] págs. Br.

Foi o segundo livro da autora (até então, apenas publicara Anúncio de Casamento, em 1947), dado a lume na «Colecção Contos e Novelas», que são aqui «A maior distância», «Ciúme», «O presépio», «Despertar», «Vida curta», «A casa profanada», «Ordem de marcha», «Alvorada» e «O incendiário». A edição, ilustrada em forma de medalhão na capa por um desenho de Manuel Ribeiro de Pavia, contou com um prefácio de Domingos Monteiro – o escritor duriense foi  o editor da SEC, e nesta mesma colecção também chegou a publicar em nome próprio – e uma breve nota bio-bibliográfica final assinada V. R.

Exemplar em bom estado, sem defeitos de importância, só a capa aparecendo ligeiramente manchada.
 
10€ 

Branquinho da Fonseca ― Mar Santo

Mar Santo (novela) / 2.ª edição

Sociedade de Expansão Cultural, Lisboa. (1959). In-8º de 175, [1] págs. Br.

Edição publicada na colecção «Originais Portugueses», com a capa ilustrada por um trabalho alusivo de Maria Helena Nunes dos Santos. O livro, dos principais que na literatura portuguesa serviram de tributo à faina dos pescadores, foi dedicado pelo autor ao amigo e companheiro «presencista» José Régio.

Exemplar revestido de boa encadernação integralmente em pele.

20€

A Cultura Portuguesa no Brasil (Mendes Correia)

a Cultura Portuguesa no Brasil (Missão do Professor Mendes Corrêa, Director da Faculdade de Ciências do Pôrto, para inauguração do Instituto Luso-Brasileiro de Altos Estudos, no Rio de Janeiro e S. Paulo, em Junho e Julho de 1934. // Colectânea de saüdações e discursos, organizada por um grupo de colaboradores da Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia)

Pôrto – 1935. (nas oficinas da Imprensa Portuguesa). In-4º de 84, [4] págs. + [8] ff. de estampa. Br.

Alfredo Ataíde, Armando de Matos, Fernando de Castro Pires de Lima, Pedro Vitorino e Luís de Pina estavam entre os organizadores da edição, que reproduz o texto das conferências de, entre outros, Ricardo Severo, Carlos Malheiro Dias e Álvaro Pinto, além dos de agradecimento proferidos pelo próprio homenageado; e apresenta em folhas destacadas de papel couché uma espécie de mini-reportagem da visita, a partir de fotografias para o efeito e de clichés de periódicos brasileiros da época.

O exemplar, em boa condição global, está no entanto ligeiramente desvalorizado pelas marcas de acidez e humidade que lhe afectam as margens – da capa, sobretudo, mas também das folhas, embora mais ao de leve.
 
20€

António Ramos de Almeida ― A Nova Descoberta do Brasil

A Nova Descoberta do Brasil (Conferência lida em 3 de Maio de 1944, no Salão Nobre do Clube Fenianos Portuenses)

Editorial Fenianos / Pôrto – 1944. In-8º de 58, [2] págs. Br.

Proferida a pretexto das comemorações do 444º aniversário da descoberta do Brasil, a comunicação é uma panorâmica solta sobre a pátria brasileira: a terra, os costumes, a religião, a economia, a literatura e a cultura em sentido amplo. Esta edição foi o volume inaugural da que seria a bem conhecida «Biblioteca Fenianos».

Exemplar por estrear, conservando os cadernos por abrir.

6€

Cadernos da Montanha (poesia 1)

Cadernos da Montanha (poesia 1) / araújo moreira, ernesto pinto, josué da silva, marques portela, martinho marques

1965 (Composto e impresso nas oficinas da «Gazeta do Sul» no Montijo). In-8º de 47, [1] págs. Br.

Primeiro e único volume publicado, hoje já bastante invulgar.

Exemplar em razoável condição, descontando só pequenas e pouco significativas marcas de corrosão do papel na capa e alguns vincos das folhas no miolo, sobretudo na segunda parte do opúsculo.
 
30€

Graham Greene ― Um Sentido da Realidade (Novelas)

Portugália Editora. (1965). In-8º de 244, [8] págs. Br.

Primeira edição portuguesa, incluída na série «contemporânea» da Portugália; com tradução de Gervásio Álvaro e capa de Câmara Leme.

Exemplar em muito bom estado, fora alguma acidez na capa e nas folhas iniciais e finais.
 
7€

Graham Greene ― O Fim da Aventura

O Fim da Aventura (Tradução e prefácio de Jorge de Sena)

Estúdios Cor, Lisboa. (1965). In-8º de 280, [8] págs. Br.

Volume publicado na «Colecção Latitude», com a capa ilustrada por um trabalho de Luís Filipe de Abreu. Terceira edição.
 
Exemplar em bom estado, sem defeitos a relevar, tendo só leves marcas na capa.
 
7€ 

Luís Dourdil [1914-1989]

Passam hoje cem anos sobre o nascimento de Luís Dourdil, e era de adivinhar que a passagem fosse praticamente em claro num país que de arte sabe pouco ("quem não sabe arte, não n'a estima", já Camões percebera). Pintor interessantíssimo, desfez em meia-dúzia de penadas/pinceladas, como talvez mais ninguém português, a falaciosa dicotomia daquilo a que se convencionou chamar figuração e abstracção, com uma delicadeza tal e uma sensibilidade tão hábil no tratamento da cor cujo efeito conjunto não reflecte, como alguém disse, uma tensão permanente entre esses dois (falsos) pólos e antes um estado superior, aqui mais trabalhado do que intuído, onde eles nem sequer existem. Arte maior, em suma.
"Só me interessa a figura humana", dizia, mas é já uma figura com a lição cubista, de volumetria desobediente, a que a «realidade» - curioso como, não obstante, alguns neo-realistas a apreciaram muito, mesmo quando uma primeira vaga conotação social foi flagrantemente abandonada - não serve senão de mote. As figuras de Dourdil são quase sempre personagens descontextualizadas, sombras parecendo desfilar entre grutas, caves ou cavernas, aposentos comprimidos e toda a sorte de cenários fechados mais ou menos propensos à claustrofobia, tomando o espaço com o próprio peso; ou, mais tarde, fora do espaço puros enigmas, a que nem a pose oferece ensejo narrativo, só beleza agreste. Talvez não seja fácil gostar desta pintura, admita-se: em conforto, não abunda. Por outro lado, foi o pintor sempre homem discreto, quase lacónico, naturalmente* pouco dado aos circuitos e às capelas. Nem tudo isso junto, porém, explica, e muito menos justifica, o pouco caso que hoje se faz deste nome. Ainda por cima, lisboeta, embora nado e criado em Coimbra.
Conviria que ao menos este ano se dê a esta extraordinária arte alguma da muita atenção que ela exige. Não se entendendo que não venha a haver, no mínimo, uma grande antológica organizada por qualquer dos maiores expositores nacionais convenientes: MNSR, Serralves, Gulbenkian, Chiado. A que, salvo erro, nunca houve até hoje. 
 
*(Acerca dessa natural reserva, há uma história - decerto verídica, contada que terá sido ao amigo por ele mesmo - engraçada, narrada por Namora num dos seus melhores textos, incluído no volume Resposta a Matilde, relatando a compra diária dos dois ovos que o artista religiosamente pedia numa pastelaria de Lisboa, quando trabalhava no mural do café «Império», e o crescente e quase desesperado espanto que provocava num dos empregados)
 
Dourdil não ganhou a vida com a pintura, o que por cá é aliás difícil ("estima", etc.). Foi artista gráfico de profissão, e chegou, numa actividade menos conhecida, a ilustrar vários livros - muitos do SPN, por exemplo (ninguém é perfeito). Talvez tenha havido bastante mais, mas fica uma pequena lista: a Antologia do Conto Moderno organizada por Gaspar Simões; a edição do Círculo de Leitores da Poesia Completa de António Nobre; e Marias da Minha Terra, de Alice Ogando.
Por outro lado, serão de destacar ainda os retratos que compôs de escritores portugueses, como o aludido Fernando Namora e Eugénio de Andrade, entre outros.
 
O autor destas linhas aprecia-o particularmente.