José da Cruz Santos, senhor a quem a edição portuguesa muito deve e que num país normal teria o reconhecimento generalizado da nação leitora, acaba de relançar «O Oiro do Dia», colecção de poesia portuguesa e estrangeira que foi entre nós um marco gráfico, à época (anos 70 e 80) arrojado q.b. - uma plaquette concebida por Armando Alves, em cartolina tripartida, cuja aba servia de rebordo para guardar um caderno solto, com as folhas por abrir, integrando sempre alguma ilustração em folha hors-texte. Passaram por ela António Ramos Rosa, Eugénio de Andrade, Fiama, Ruy Belo, Vasco Graça Moura, etc.; (Herberto teve um dos números, hoje preciosidade bibliográfica, da escassa série verde); e nela foram publicadas algumas das primeiras traduções portuguesas de poetas estrangeiros do séc.XX, incluído o maior deles, Celan (por João Barrento, que felizmente o foi traduzindo bastante mais, e que um dia talvez nos brinde com a poesia completa desse imenso suicidado no Sena). O renascimento da coisa começa com um volume de homenagem à memória do artista portuense Ângelo de Sousa, como o preparado, ainda em vida dele, para Vasco Gonçalves, e tem colaboração de, entre outros, Rebordão Navarro, Bernardo Pinto de Almeida, Fernando Guimarães, Viale Moutinho, Mário Cláudio e o próprio Graça Moura (que foi o director literário da publicação, e ainda deixou um poema para este volume colectivo). Está nas livrarias, e será apenas, espera-se, o primeiro de muitos.
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