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Boletim bibliográfico 5/2020

Está pronto o nosso boletim de novidades de Julho, tendo em destaque a cidade de Paris (literatura, arte, história, etc.), mais aqui perto as nossas Beiras, muita literatura em geral (mais contos e novelas do que costume), alguma arte em geral, alguma história em geral, alguma música, algum cinema e curiosidades várias.

Pode consultar-se
aqui

O Muro (inspirado nas “Aventuras de João sem Medo” de Gomes Ferreira)

José Gomes Ferreira – [na capa:] O Muro (inspirado nas “Aventuras de João sem Medo” de Gomes Ferreira)

Comuna teatro de pesquisa. [S/d]. In-8º de [12] págs. Br.

Sem qualquer indicação tipográfica adicional, o opúsculo é uma pequena versão em banda desenhada da genial obra-prima de José Gomes Ferreira – com desenho, parece, de Nuno Miguel. A peça, segundo informações em bases de dados online, terá subido à cena em 1976, o que significa que deverá ter sido uma das primeiras no espaço estreado em 1975.

10€

José Gomes Ferreira ― Aventuras Maravilhosas de João Sem Medo (romance)

Portugália Editora. (1963). In-8º de 254, [8] págs. Br.

Primeira edição de um livro deveras maravilhoso, que deveria ser dado a ler por todos os portugueses pais a todos os portugueses filhos; e que, conforme se indicava em nota final, resultou do rearranjo de uma narrativa publicada trinta anos antes pelo mesmo JGF, sob o pseudónimo O Avô do Cachimbo, com ilustrações de Ofélia Marques, num periódico lisboeta. Se não falha a memória, foi por cá a introdução daquela literatura infanto-juvenil non-sense, em que mais tarde um Manuel António Pina seria useiro e vezeiro, que vai beber q.b. à fonte original de Carroll (mais do que ao mote dos irmãos Grimm) – mas aqui algo menos cínica e algo mais, digamos à falta de melhor termo, «pedagógica». De resto, além das literárias, as sonâncias e ressonâncias cinematográficas são tantas que nem vale a pena começar a lista: desde o maravilhoso The Village ao menos-mas-ainda-maravilhoso The Lord of The Rings e ao imaginário de Tolkien, desaguando em Tim Burton, elencá-las daria toda uma interessantíssima tese de estudos literários.

Exemplar valorizado por dedicatória de oferta – embora já bastante mais tardia – manuscrita pelo próprio autor.
 
40€

José Gomes Ferreira ― Tempo Escandinavo (contos)

Diabril (1976). In-8º de 225, [3] págs. Br.

Da longa estação norueguesa de JGF ficaram aqui as peças (por mais que o autor as jurasse apenas, logo de antemão, «contos» do que “não é um livro autobiográfico”, ninguém nisso acreditará muito) «Quase um Relatório», «A Cidade Despida», «A Mulher dos Caminhos», «O Mundo Desabitado», «O Outro Lado», «Silêncio Triangular», «Baile na Névoa», «As Mulheres não Entram pelas Paredes» e «A Ilha do Capitão».

Segunda edição (o livro saíra originalmente na Portugália, em 1969).

10€


José Gomes Ferreira ― Revolução Necessária

Diabril (1975). In-8º de 243, [9] págs. Br.

Extensa recolha de peças antes publicadas na imprensa («O Primeiro de Janeiro», «Vida Mundial», «Diário de Notícias», «Diário Popular» e «Seara Nova»), infelizmente sem data assinalada, aqui agrupadas nas secções «Construção do Presente» (25 de Abril), «Intervalo, para recordar alguns amigos mortos», «O Passado, Memórias da 1.ª República», «Outro Intervalo, para meditações jornalísticas», «Tirania Ilúcida» e «Regresso à Luta Presente». Algumas das crónicas: «O meu 25 de Abril», «Reportagem do Rossio em 1974», «Memórias do M.U.D.», «O M.U.D. Juvenil», «A minha proposta de Constituição», etc.

Exemplar valorizado por dedicatória de oferta manuscrita pelo próprio JGF logo nesse Junho de 1975.

20€

José Gomes Ferreira ― O Sabor das Trevas

O Sabor das Trevas (Romance-alegoria dos tempos amargos)

Diabril. (1976). In-8º de 171, [5] págs. Br.

Edição original do livro, expressivamente dedicado a Carlos de Oliveira, ficando-se nessa dedicatória a saber que, entre outras coisas, se deve ao poeta de Cantata a ideia de recuperação para publicação de João Sem Medo, primitivamente saído sob pseudónimo num jornal lisboeta ainda nos anos 30. Entre louvores vários ao “grande poeta, romancista e camarada”, JGF contava só ter pena de não ter conseguido terminar o livro antes do 25 de Abril (faltavam dois capítulos), para melhor ressaltar a “Resistência aos 50 anos de tirania, começada – ri-te, ri-te, Futuro! - em nome do equilíbrio do Orçamento”.

Capa de Gil Perdigão, como habitualmente nesta série.

15€

José Gomes Ferreira ― O Sabor das Trevas

O Sabor das Trevas (Romance-alegoria dos tempos amargos) / 2.ª edição

Moraes editores (1978). In-8º de 125, [3] págs. Br.

Edição publicada na série pouco rigorosamente chamada «obras completas».

Exemplar aparentemente por estrear, embora com algumas marcas do tempo.

10€


José Gomes Ferreira ― 5 Caprichos Teatrais

5 Caprichos Teatrais inspirados na Revolução Portuguesa de 1974 e escritos em 1977-78
Moraes (1978). In-8º de 91, [5] págs. Br.

Conjunto de pequenas peças que em nota final o autor sugeria pudessem ser reunidas numa única encenação: «Manhã Morta», «O Subterrâneo», «O Patamar», «O Comício» e «Os Novos e os Velhos». Dedicatória inicial “À Memória de Manuela Porto cujo milagre de criar poesia diante do público ninguém até hoje conseguiu repetir com tanta pureza. À amiga que quando me encontrava sempre me pedia como quem ordena, súplice: - Zé Gomes: escreva-me uma peça” (contado com maior desenvoltura no «diário» Imitação dos Dias). O final da dedicatória lamentava uma Revolução que “por infelicidade dos Portugueses, já nasceu abortada” – excesso retórico marxista que se compreende pela data, 1978, e que talvez o próprio autor temperasse mais tarde.
 
10€ 

José Gomes Ferreira ― Calçada do Sol

Calçada do Sol: Diário desgrenhado de um homem qualquer nascido no princípio do século XX

Moraes editores. (1983). In-8º de 95, [1] págs. Br.

O livro apresenta os textos - dedicados a diferentes idades da vida deste homem nascido exactamente em 1900 - «Calçada do Sol», «Liceu», «Papéis soltos» e «O Faminto Astral». Os dois primeiros ocupam a grande maioria do volume e são naturalmente ricos em apontamentos sobre a República, implantada tinha o autor 10 anos, deste género: “No dia em que percebi que os republicanos iam mudar as cores da bandeira portuguesa. Em vez de azul e branca passaria a ser encarnada e verde. // Meu pai viu-me aflito com o problema no meio daquela confusão de toda a gente ter mil projectos de bandeiras e expô-los nas montras das lojas da Baixa. / – Compreendo a tua preocupação. Também eu estou confuso. É uma grande audácia que devia ser aplicada noutra coisa mais necessária. Na modernização da legislação do trabalho, por exemplo. Ou iniciar o socialismo. Mas se querem mudar o azul e branco para encarnado e verde, não hesitem! / Esfumados alguns dias, sossegou-me: - A bandeira vai ser desenhada pelo Columbano. / Fiquei mais tranquilo.”

Primeira edição, publicada nas «obras completas» com tiragem de 3000 exemplares – tendo este pertencido ao polígrafo seareiro Neves Águas, de quem ostenta o egípcio ex-libris.

14€

José Gomes Ferreira ― Eléctrico

Eléctrico (poemas. 2.ª edição / Desenho de Bernardo Marques)

Iniciativas Editoriais (1957). In-8º peq. de 38, [2] págs. Br.

“As poesias de Eléctrico (primeira parte do livro inédito Poesia III) foram improvisadas e compostas nos carros eléctricos de Lisboa nos anos de 1943, 1944 e 1945”.

Bom exemplar, descontando ligeiras manchas na capa e na folha de rosto.

8€

José Gomes Ferreira ― Poeta Militante: Viagem do Século Vinte em mim

Círculo de Poesia – Moraes Editores, Lisboa /1977. 3 vols. in-8º de XXII, 217, [3]; 283, [3]; e 316, [4] págs.

“Poeta militante é a viagem do século vinte em mim. Ou melhor: o testemunho poético – a princípio involuntário – da aventura da sombra de um anti-herói que perdido nos meandros dos caminhos exíguos do tempo, atravessou em bicos de pés os segundos, os minutos, as horas, as semanas, os anos de quase todo um século, mais preocupado com as coisas vulgares do quotidiano nos cafés, nas ruas, nas praias, nos campos, do que com os acontecimentos merecedores no futuro de longos tratados de estudo volumosos que me inspiraram muitas vezes apenas poema e meio.
De quando em quando, grito. Grito muito. Berro. Apaixono-me. Calo-me. (Que outro protesto poderia fazer senão com o silêncio, quando rebentou a primeira infame bomba atómica?) Amo. Odeio, torço pescoços de fantasmas. E sobretudo denuncio. E espanto-me. Do que afinal sempre espantou os poetas dos séculos de sempre. De haver injustiças e estrelas.  
Enfim, quando os homens pisaram a lua, dormi profundamente toda a noite como um anjo sem insónias.”

O primeiro volume, que tivera edição prévia no ano anterior, é apresentado por um longo prefácio de Mário Dionísio. O segundo e o terceiro são neste conjunto da tiragem especial, encadernada pelos editores em tela e impressa sobre melhor papel, limitada a 500 exemplares numerados e assinados pelo próprio José Gomes Ferreira; integrando o segundo em extra-texto a reprodução de um retrato a óleo do autor por Ofélia Marques e o terceiro a de um outro por Nikias  Skapinakis.

60€ (reservado)

Soeiro Pereira Gomes ― Esteiros

Edições «Sirius». 1942. In-8º de 297, [7] págs. Br.
 
Primeira edição, já relativamente invulgar, ilustrada ao longo do volume por desenhos de Álvaro Cunhal; incluída na série «Romance» da Sirius. Com uma pequena nota inicial do autor em que, depois de dedicar o livro “Para os filhos dos homens que nunca foram meninos”, falava dos “Esteiros. Minúsculos canais, como dedos de mão espalmada, abertos na margem do Tejo. Dedos das mãos avaras dos telhais, que roubam nateiro às águas e vigores à malta. Mãos de lama, que só o rio afaga”.
 
Exemplar com algum desgaste, particularmente na capa.

30€

Soeiro Pereira Gomes ― Refúgio Perdido: inéditos e esparsos

Porto, Edições SEN, 1950. In-8º de 107, [5] págs. Br.

Primeira edição, póstuma, desta recolha de contos e crónicas de publicação vária ou, nalguns casos, inéditos. Com um retrato do autor em folha destacada a abrir o volume, uma «Nota Prévia» assinada por Manuel de Azevedo e a transcrição de uma entrevista telefónica concedida por Soeiro em 1943 ao matutino portuense O Primeiro de Janeiro. São hoje pouco vulgares os exemplares do livro, cuja tiragem, confinada a dois mil, foi na prática consideravelmente diminuída por apreensões da PIDE, que o censurou.
 
27€

Soeiro Pereira Gomes ― Contos Vermelhos

Edições do M.J.T. [Movimento da Juventude Trabalhadora]. 1974. In-8º gr. de 15, [1] págs. Br.

Reedição do raríssimo folheto clandestino de 1957, publicada pelo M.J.T. no âmbito do «Primeiro grande encontro nacional da juventude trabalhadora», em Lisboa. Integra os mesmos contos «Refúgio Perdido» (já tinha dado o título à recolha de inéditos e esparsos editada em 1950 e acima apresentada), «O Pio dos Mochos» e «Mais um Herói».

Exemplar em muito bom estado, sem qualquer defeito de relevo (apenas um pequeníssimo vinco no pé direito).

12€

Obras Completas de Soeiro Pereira Gomes

edições Avante! (1979). In-4º de 409, [7] págs. Br.

“Está ainda por fazer a história do neo-realismo em Portugal. Será necessário um dia que os nossos estudiosos da literatura se debrucem sobre o rico material existente, o elaborem e o forneçam aprofundado à cultura nacional. / Ver-se-á então que esse grande movimento renovador da literatura portuguesa, com todas as suas insuficiências e lacunas, está indissoluvelmente ligado a um outro movimento que crescia nas fábricas e nos campos, na acção e nas consciências e no qual desabrochava e tomava corpo o ideal libertador que iria florescer nos dias gloriosos do Abril dos Capitães.” (Da introdução de Dias Lourenço, amigo de Soeiro).

A edição, ilustrada por belos desenhos de Rogério Ribeiro e reproduzindo os de Álvaro Cunhal para a edição primitiva de Esteiros, agrega precisamente «Esteiros», «Engrenagem», «Contos Vermelhos», «Outros Contos», «Crónicas» e «Esparsos».

Exemplar da série corrente de 4000 em brochura (houve uma outra de 1000 encadernados); em muito bom estado.
 
20€

Álvaro Salema ― Alves Redol

arcádia. (1980). In-8º de 223, [3] págs. Br.

 “A obra de Alves Redol, para além do transcorrer do tempo em que se subvertem correntes literárias e memória de tantas figuras que as representaram, conserva uma  perenidade que se afirma na permanência de um vasto e sempre renovado público leitor. Quis ser a voz do seu povo, do mais humilde e desamparado povo português, e testemunha actuante duma época de sombras e de esperanças que teve no movimento Neo-Realista – de que ele foi o iniciador novelístico incontestado – um eco inapagável.  Mais do que um ensaio personalizado, este livro é um documentário em que se conjuga a trajectória biográfica do escritor com a génese e desenvolvimento da sua obra e com as interpretações que ela foi motivando, completado por uma antologia, cronologia e bibliografias”.
Volume publicado na  série de biografias literárias da arcádia, «a obra e o homem».

12€

Alves Redol ― Gaibéus / Marés / Avieiros

Os Romances de Alves Redol: / 1: Gaibéus / 2: Marés / 3: Avieiros
 
Inquérito. (Lisboa). [S/d - 1945]. In-4º de 550, [10] págs. Br.
 
Edição monumental, impressa em grande formato, reunindo os três primeiros romances publicados pelo autor e apresentando no início de cada um, em gravura polícroma sobre folhas destacadas, as três alegorias correspondentes compostas por Manuel Ribeiro de Pavia (de quem é também a ilustração da capa).

Exemplar por estrear, conservando os cadernos por abrir e tendo como único senão ligeiros defeitos exteriores à superfície da dita capa.

35€

Alves Redol ― Fanga

Lisboa, Portugália Editora. 1943. In-8º de 397, [3] págs. Br.

Primeira edição de um dos primeiros e principais títulos do autor, “Fanga – sombra da Idade Média projectada nos nossos dias. Senhores vivendo da terra sem nada lhe darem. Servos fecundando a terra sem nada receberem”, ilustrada na capa por Fred Kradolfer. Com a seguinte nota introdutória: “Para vocês, fangueiros dos campos da Golegã, escrevi êste livro. Que algum dia o possam ler e rectificar – porque o romance da vossa vida só vocês o saberão escrever”.

Exemplar valorizado por dedicatória manuscrita de Redol “Para José Águas com muita simpatia” na folha de guarda (em cujo verso foi aposto o ex-libris do dedicando). Tendo o miolo em condição regular, acusa porém algum desgaste na capa.
 
35€

Alves Redol ― Anúncio (novela)

Editorial Inquérito. 1945. In-8º de 302, [2] págs. Br.

Primeira edição, com dedicatória impressa a Luís Kol. Ilustrada na capa por um original de Manuel Ribeiro (de Pavia).

Exemplar valorizado pela mesma dedicatória manuscrita de oferta de Alves Redol, igualmente ostentando o ex-libris do dedicando no verso da folha de guarda. Em estado regular, sem defeitos de monta – leve desgaste da capa e algumas marcas de acidez no miolo.  

 35€