Calçada do Sol: Diário desgrenhado de um homem qualquer nascido no princípio do século XX
Moraes
editores. (1983). In-8º de 95, [1] págs. Br.
O
livro apresenta os textos - dedicados a diferentes idades da vida
deste homem nascido exactamente em 1900 - «Calçada do Sol»,
«Liceu», «Papéis soltos» e «O Faminto Astral». Os dois
primeiros ocupam a grande maioria do volume e são naturalmente ricos
em apontamentos sobre a República, implantada tinha o autor 10 anos,
deste género: “No dia em que percebi que os republicanos iam mudar
as cores da bandeira portuguesa. Em vez de azul e branca passaria a
ser encarnada e verde. // Meu pai viu-me aflito com o problema no
meio daquela confusão de toda a gente ter mil projectos de bandeiras
e expô-los nas montras das lojas da Baixa. / – Compreendo a tua
preocupação. Também eu estou confuso. É uma grande audácia que
devia ser aplicada noutra coisa mais necessária. Na modernização
da legislação do trabalho, por exemplo. Ou iniciar o socialismo.
Mas se querem mudar o azul e branco para encarnado e verde, não
hesitem! / Esfumados alguns dias, sossegou-me: - A bandeira vai ser
desenhada pelo Columbano. / Fiquei mais tranquilo.”
Primeira edição, publicada nas «obras completas» com tiragem de 3000 exemplares – tendo este pertencido ao polígrafo seareiro Neves Águas, de quem ostenta o egípcio ex-libris.
14€