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Virgilio — Les Bucoliques et les Géorgiques

Se vend a Paris en la Rue de Beaune a l'Enseigne du Pot Cassé. (MCMXXIX). In-8º de 215, [3] págs. Br.

Edição de finíssimo recorte gráfico, ilustrada ao longo do volume por trabalhos alusivos a tinta de Geneviève Rostan, com as páginas decoradas por frisos à maneira romana. É transcrito no começo um longo texto («Notice sur Virgile») do escritor Sainte-Beuve, abundante em apontamentos biográficos, literários e até da história de Roma à época, durante o império de Octávio (como se sabe, chamar-se-ia a esse «século de ouro», precisamente, O Século de Augusto); tendo ficado a tradução a cargo de M. Charpentier. Tiragem de 2800 exemplares numerados em duas séries (à parte uma de 25 fora do mercado), sendo este da mais corrente, em bom papel «Papyrus de Tsahet». Da mesma bela colecção Antiqua.

23€

Dante — A Divina Comédia

A Divina Comédia (Ilustrada por Gustavo Doré/Tradução Brasileira de José Pedro Xavier Pinheiro)

Gráfica e Editora Edigraf S.A. São Paulo – Brasil. [S/d - 1965?]. 3 vols. in-8º de 260, [4]; 228, [2]; e 209, [5] págs. Enc.

A edição, comemorativa do 7º centenário do nascimento do florentino, foi encadernada em material sintético com gravações douradas, impressa em bom papel e graficamente apurada, reproduzindo os numerosos desenhos de Gustave Doré ao longo dos três volumes («Inferno», «Purgatório» e «Paraíso»), mais de cem no conjunto. O texto é o da tradução de 1903 de Xavier Pinheiro, em tercetos rimados, como no original.
Todos os volumes em bom estado, sem defeitos dignos de nota. 

35€

Arqueologia Literária (VII)

Concedo passaporte a Joaquim Pereira Teixeira de Vasconcelos, solteiro, literato, natural d'Amarante, que tambem usa o nome Teixeira de Pascoaes, filho de João Pereira Teixeira de Vasconcellos. É portuguez de nascimento. / para Hespanha e França
 
[O filho só tem - e bem - direito a um dos 'l's do «Vasconcellos», o pai tem-no aos dois. Distracção ou confusão do Senhor Governador Civil do Porto já uns bons anos após a primeira, bem feita, convenção ortográfica (imagine-se o que nos espera agora, com esta mal feita...)? Respeitinho, muito bonito, pelo nome do Senhor Desembargador? A antiguidade é um posto? Vá-se lá sabê-las.]   

Mário Cesariny — Horta de Literatura de Cordel

Horta de Literatura de Cordel: O Continente Submerso/O Grande Teatro do Mundo/Os Sobreviventes do Dilúvio: Monstros Nacionais/Monstros Estrangeiros (Selecção, Fixação do Texto, Prefácio e Notas de Mário Cesariny)

Assírio e Alvim. (1983). In-8º gr. de 256, [4] págs. Br.

(Do prefácio de Cesariny, «Explicação do Objecto; porque foi que Bernardim Ribeiro morreu doido no Hospital de Todos os Santos em 1532; notas ao texto», poder-se-ia dizer, quanto à segunda parte, o mesmo que ele dizia do título de um dos opúsculos recenseados: não faz mais do que chamar a atenção, porque do tema nem “há, no texto, a justificação” de lá não estar…). A edição, resultante, conforme explicava nesse prefácio, de 3 meses de investigação na BN a instâncias de Palma-Ferreira, contou com ilustrações de Ilda David na capa e em várias gravuras no início do volume, além de reproduções (ilustrações, frontispícios e folhas de texto) de vários dos livros e folhetos antologiados. Tiragem de 3000 exemplares, conservando-se este em óptimo estado.
 
24€

Alfred Jarry — Os Dias e as Noites / O Amor Absoluto

Os Dias e as Noites seguido de O Amor Absoluto

Editorial Estampa. Lisboa, 1981. In-8º de 167, [1] págs. Br.

Edição na conhecida série «Novas Direcções» da Estampa (em que publicaram Herberto, Luiz Pacheco, Mário-Henrique Leiria, etc.); com um prefácio – Jarry Alucinante – do tradutor, Manuel João Gomes, que assegurou também o aparato crítico e compôs uma tábua com a «Cronologia Járrica».

Exemplar por estrear.
 
8€

Franco Fortini — O Movimento Surrealista

Editorial Presença/Lisboa – 1965. In-8º de 238, [6] págs. Br.

Primeira edição portuguesa, publicada na colecção «Perspectivas» com tradução de António Ramos Rosa a partir da original. O livro compreende o longo estudo teórico inicial do autor e, depois, quatro partes: «Os Precursores» (ficha biográfica e trechos de Rimbaud, Lautréamont, Jarry, Apollinaire, etc.), «Documentos do Surrealismo» (transcreve textos dos manifestos, comunicações, cartas abertas, etc.), «Os Poetas Surrealistas» (biografia e poemas de, entre outros, Breton, Éluard, Tzara, Artaud, Char e Césaire) e «Alguns juízos sobre o Surrealismo» de Riviére, Sartre, Camus e Adorno.

Exemplar em bom estado.
 
15€

Intertexto (II): Asnos, cavalos, bestas

Uma das engraçadas anedotas acerca de Camilo que ficaram na tradição popular, quase apetecendo jurá-la verídica, conta que, passando ele algures perto de Seide montado num burro, se cruzou com um (morgado? «brasileiro»? novo-rico qualquer? não recordo onde a li) figurão da terra, a cavalo, que lhe perguntou, provocador: "Como vai Sua Excelência o burro?" Resposta pronta: "Vai muito bem, vai a cavalo".
 
Chega imediatamente ao adro da memória, mesmo por ínvios caminhos, quando se lê esta composição de João Penha, minhoto ele mesmo:


Dois asnos

Um cavallo, que tinha o rei no bojo,
Disse ao magro jumento de um moleiro
- Da minha raça, tu ! causas-me nojo;
Tu fazes rir ; és menos que um sendeiro.
      A mim me adornam selas e xaireis,
      Magnificos arreios e gualdrapas ;
      Em mim cavalgam principes e reis,
      Homens de guerra e belas damas guapas.
E tu, que sobresaes pelas orelhas,
Sobre essa albarda que te adorna a espinha,
Que levas, asno? diz. Canastras velhas,
Teu dono: um ôdre, ou saccos de farinha.
      - E' verdade o que dizes - disse o burro, -
      Sou humilde, nem pompas alardeio;
      Mas trago a bôca livre, e livre zurro,
      E tu, pedaço de asno, andas de freio. 

António Cabral — Homens e Episódios Inolvidáveis

Homens e Episódios Inolvidáveis (Cartas Inéditas de Camilo/O Berço de Eça/Páginas de Memórias Políticas)

Livraria Bertrand. Lisboa. (1947). In-8º de 218 págs. Br.

O volume inclui os capítulos «Camilo e Eça de Queirós», «Algumas páginas de Memórias Políticas», «Cartas régias», «Páginas tristes», «Páginas alegres» e «Quatro prefácios».
 
16€

António Ramos de Almeida — Eça

Livraria Latina Editora – Porto. (1945). In-8º de 402, [2] págs. Br. 

Primeira edição deste extenso estudo, publicada a pretexto do centenário do nascimento de Eça de Queirós. O trabalho de Ramos de Almeida, ainda hoje dos mais considerados da bibliografia passiva queirosiana, apresenta dela, no final do volume, uma ampla relação.

Exemplar por estrear, com as folhas por abrir e ainda em muito bom estado, salvo o quase inevitável escurecimento marginal das folhas no miolo.

20€

Alberto Pimentel ― O Romance do Romancista

O Romance do Romancista (vida de Camillo Castello Branco)

Lisboa: Empreza Editora de F. Pastor (210, Rua do Ouro, 210 / Lisboa). (1890). In-8º de 379, [1] págs. Enc.

“Isto que vai lêr-se é o drama de uma alma superior, em grande parte extraido dos seus proprios livros. A vida de Camillo abunda pittorescamente em lances variadissimos de boa e má fortuna. O mesmo é lêr este escriptor que coordenar mentalmente o romance da sua existencia. O que eu fiz foi apenas dar á emoção produzida pela sua obra a fixação chronologica de uma biographia. Algumas investigações, que me pertencem, deriváram naturalmente do desejo de substituir as reticencias e preencher as lacunas que os seus livros, escriptos sem a preoccupação de uma autobiographia, oppunham á justa curiosidade do leitor”.

Primeira edição, com boa composição da (lisboeta) Typographia Portuense, ilustrada por belos desenhos em capital e gravuras de Francisco Pastor reproduzindo retratos do escritor e de personagens com ele relacionadas, monumentos e lugares que lhe foram significativos, portadas dos livros dele, etc. Vão sendo invulgares os exemplares que dão à costa, estando este revestido de encadernação com lombada em pele gravada a ouro e pastas em papel modesto, que apresenta já ligeiros sinais de desgaste; sem a capa de brochura, como era ao tempo o mais normal.
 
40€

Alberto Pimentel ― O Romance do Romancista

Parceria A. M. Pereira, 1974. In-4º de 495, [5] págs. Enc.

Anunciada como a segunda, foi de facto a terceira (última até hoje, salvo erro) das  edições da biografia, aqui na série especial encadernada pela editora e impressa em maior formato sobre papel superior, com tiragem limitada a 350 exemplares numerados – coube a este, ainda em bom estado, o n.º 88. Teve introdução e notas de Alexandre Cabral, que passou todo esse prefácio a «cascar» – quase sempre com bom critério... – na ingenuidade confiante de boa parte dos biógrafos de Camilo, Pimentel incluído, para no final dizer que, apesar de tudo, valia a pena reeditar a coisa. Quem na Parceria lhe encomendou o trabalho não há-de ter gostado muito, quer-se supor.
 
38€

Teixeira de Pascoaes ― O Penitente (Camilo Castelo Branco)

Livraria Latina Editora (Rua de Santa Catarina, 2 a 10) – Porto. (1942). In-8º de 323, [1] págs. Br.

Primeira edição de uma das – e a melhor – três mais conceituadas biografias do figurão, sucedendo a O Romance do Romancista (& O Torturado de Seide etc.), de Alberto Pimentel, e precedendo O Romance de Camilo, de Aquilino. Começava Pascoaes este interessantíssimo livro, no prólogo, escrevendo “Quem me iniciou na leitura de Camilo foi minha mãe. Tem sempre, à cabeceira da cama, aqueles volumezinhos encadernados em percalina vermelha [a conhecida colecção popular da Parceria António Maria Pereira], com o retrato, na capa, dum escrivão de lunetas e bigode. / Quando chega ao último volume, volta a ler o primeiro. E eu faria o mesmo se, em vez dum mau escritor, fôsse um bom leitor. Mas ler é mais difícil que escrever. Haverá, por cada cinco escritores, um leitor? Duvido.”; e “Camilo, para mim, é um autor sagrado. Amo-o com todos os seus defeitos e virtudes. Não distingo as suas páginas, roubadas à Bíblia, de outras, plagiadas ao lugar comum da literatura romântica. Não sou dos que blasfemam de Deus, por êle ter criado as môscas.”. Continuando no registo religioso, num tempo em que ainda se podia usar destas metáforas sem receio de atentados e da imbecilidade, “Camilo nasceu, em Lisboa, a 16 de Março de 1825, conforme os registos oficiais, e também por ironia do Destino. É como se Mahomet tivesse nascido na Groenlândia”. E a terminar, no epílogo: “Da vida e da obra de Camilo aproveitei apenas o que constitui o drama camiliano, profundamente humano ou religioso. O que há de interessante, num escritor, é a sua atitude metafísica. Preocupa-nos o Além, porque todos habitamos numa região exterior ao mundo, na região das sombras e dos sonhos. Falta-nos a gravidade das coisas sérias, a dum penedo, por exemplo. O homem é um sêr alado, embora trôpego ou apoiado nas muletas. Pertence à classe das aves, como notou Platão. Depenou por fóra? Está cheio de penas, por dentro. As suas asas fantásticas agitam-se num espaço imaginário. E nesse espaço é que êle vive; e só baixa ao de Euclides, depois de morto”.

Exemplar em muito bom estado, conservando o papel quase impoluto. Ligeiros defeitos na capa: pequenos rasgões, uma etiqueta de biblioteca particular recoberta por fita-cola. Aparado à cabeça e de lado. Integra dois recortes antigos de jornal, nos quais se lê um artigo inédito de Rocha Martins (também ele camiliano, autor de A Paixão de Camilo, mais um clássico), «O ambiente em que viveu Camilo visto através do Inventário Judicial dos seus bens». Resumo: “As letras em Portugal são ainda o reflexo do que êsse Inventário espelha. Camilo quis viver da pena e em penas viveu e se finou”.
 
38€ 

Uma velha disputa

 
Começou  ainda no séc.XIX, pela consagração do segundo, desenvolveu-se sobretudo durante as primeiras décadas do XX, e, mais ou menos atenuada, com mais ou menos concessões a uma pouco plausível neutralidade, dura até hoje. Os nomes de  Camilo e Eça são, em sentido quase político, dois partidos, a que correspondem duas «ideologias» que parecem fáceis de precisar, mesmo se tantos os campos em que se manifestam.
Desde logo, o literário: posto que o romantismo do primeiro fosse mais de feitio do que de literatura, sempre se lhe opôs com afinco doutrinal o realismo de José Maria, descontando a fronteira, chamemos-lhe, «naturalista» que ambos frequentavam. Também o ambiental: A Cidade e as Serras e A Ilustre Casa de Ramires não mitigam o fundo mais urbano da bibliografia do seu autor (que mal conheceu outra coisa), bem distinta da daquele que quando não escrevia sobre o Porto, estava, por regra, a compor cenários campestres, numa apologia da ruralidade que, em franca (e não irónica; também dessa houve muita...), raramente quis disfarçar a motivação reaccionária. O pessoal: vida fácil e convencional do cônsul, vida difícil, desregrada e "atormentada de um profissional das letras" pioneiro por cá, com os naturais ressentimentos acumulados; disse-se já, e bem, haver a impressão permanente, ao ler Eça, de alguém que escreve recostado numa poltrona, e ao ler Camilo a de alguém inclinado sobre a banca em que, é verdade, trabalhava. E até, se quisermos, o político: legendária (o mais crível) ou não a história do ajudante de campo de Mac Donnell, oficial de D. Miguel, faria decerto menos espécie aquele ultramontanismo absolutista e religioso à criatura da Samardã do que ao diplomata, sem grandes dúvidas do lado constitucional e com movimentação fluente pelos meandros da Corte. 

Antero de Figueiredo ― D. Pedro e D. Inês, "O Grande Desvayro"

D. Pedro e D. Inês, “O Grande Desvayro!” (Fernão Lopes) ― 1320-1367

Livrarias Aillaud e Bertrand / Paris-Lisboa. [S/d]. In-8º de 318, [4] págs. Enc.

Tendo muito que se lhe diga (resumindo: ler-se pelo menos tanto como um romancezinho de ficção quanto como um romance propriamente histórico, pois nem é um nem é outro, pretendendo fazer a espargata; naquele tom típico do autor, quase omnisciente...), o certo é integrar já o livro o core da bibliografia inesiana. E, não tendo outro especial mérito, tem pelo menos o de apresentar dela, a terminar o volume, uma bem extensa relação.

Exemplar do 12º milhar impresso, na série encadernada pelo editor em tela relevada com gravações a ouro, conservando a frente da capa primitiva. Em muito boa condição global no miolo, mas apresentando alguns pequenos defeitos. 

12€ 

Natália Correia ― Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses

Editorial Estampa. (Lisboa, 1970). In-8º de 295, [5] págs. Br.

Primeira edição, dada a lume em número duplo na série de «Clássicos de Bolso». Para além da adaptação dos textos, foram também de Natália Correia a selecção, a introdução (que se estende por mais de trinta páginas) e as notas, tendo o arranjo gráfico sido da responsabilidade de Alda Rosa e Eduardo Dias.  
 
Bom exemplar.
 
23€ 

Júlio Dantas ― O amor em Portugal no século XVIII

O amor em Portugal no século XVIII (Ilustrações de Alberto Sousa)

Porto: Livraria Chardron, de Lélo & Irmão, editores (Rua das Carmelitas, 144) – 1916. In-4º de 364 págs. Enc.

Primeira edição em volume, graficamente apurada e por isso bastante apreciada, de um livro antes publicado em folhetins no vespertino lisboeta A Capital; com composição nas «Officinas do “Commercio do Porto”» rival. São alguns dos capítulos, ao típico estilo coloquial de Dantas, «Namôro de Bufarinheiro», «Namôro de estafermo e de estaca», «O beliscão», «O amor na côrte», «Mulheres-damas», «Senhoritas da comédia», «Cartas de amor», «O casamento», «Maridos cucos», «Bruxedos de amor», «As descidas de côche», «Minuetes brèjeiros», «Os marotinhos», «O passeio Público».

Exemplar da série encadernada pelos editores integralmente em percalina gravada por todo, lombada e pastas (atrás, o emblema da Lello; na frente, uma das  ilustrações, aí  a cor,  preparadas por Alberto de Sousa); conservando a face da capa de brochura e tendo nas guardas quatro engraçados medalhões a ouro, parecendo um deles figurar Mariana Alcoforado e o Cavaleiro de Chamilly. Em muito bom estado – praticamente, impecável, não fôra uma ligeira folga da lombada face ao volume. 
 
40€

Rocha Martins ― Os Grandes Amores de Portugal

Edição do Autor. [S/d - 1928?]. 12 fascículos in-8º encadernados em 2 volumes.
 
É  a primeira série completa, com encadernação do autor/editor em tela (além desta variante, a azul, existe pelo menos uma outra, avermelhada), conservando todas as capas de brochura. O primeiro volume agrega os seis primeiros fascículos, Linda Ignês, Desvario de Raínha, Flôr de Altura, A Amada do Camareiro, O Drama de Vila Viçosa e Relicário de Paixão; o segundo, os seguintes Senhora de Bem Fazer, Sóror Mariana (transcreve as cartas a Chamilly na versão do Morgado de Mateus), Sombra de Rei, Madre Paula, Dona Flor da Murta e O Bichinho de Conta.
Mais tarde, talvez já por 1930 ou ainda depois, viria a sair uma segunda série com outros tantos fascículos.  
 
Estes «quadros» de Rocha Martins, como quase tudo o que escreveu, cumpriam sobretudo um propósito de divulgação, romanceada q.b.; não se devendo deles esperar um rigor histórico particularmente aprimorado. Havendo isto em conta, cumprem.
Todos os fascículos tiveram a capa ilustrada em boa alternância por Alberto de Sousa e Raquel Roque Gameiro, no que talvez seja, hoje, o maior ponto de interesse.
 
45€

Silva Tavares ― Vida Amorosa de D. Pedro IV

Vida Amorosa de D. Pedro IV (Inês de Castro e a Marqueza de Santos)

Livraria Clássica Editora / Lisboa    1934. In-8º de 190, [2] págs. Br.

Integra «Sinfonia de Abertura», «O Cenário», «Personagens», «Amores de Príncipe», «As duas Castros», «O Homem», «A Mulher», «Notas e Documentos» e «Bibliografia», Primeira edição.

Exemplar geralmente bem cuidado, mas a ameaçar desconjunções parciais.
 
10€

(Corte livros e cabelos, 2 em 1)

Começando um livro tão pouco conhecido quão interessante para a bibliografia portuense - O Passado: história leve e fantasia -, aliás já aqui recenseado, lamentava-se João Grave por, ao descer em passeio a Rua da Restauração alguma tarde de domingo de há um século, ter percebido a transformação do Convento de Monchique, notabilizado pelo Amor de Perdição camiliano, numa fábrica de rolhas de cortiça. Senti, suponho, mais ou menos o mesmo quando, mal passado o ano, cruzei a Rua de Ceuta e percebi o corpo principal, primitivo, da livraria Leitura devindo cabeleireiro. Durante muitos anos, chegaram lá, pela mão de Fernando Fernandes, os livros que não chegavam a mais lado nenhum, censurados de antemão ou simplesmente estrangeiros. Herdeira da Divulgação, era, reconhecida até por lisboetas, a mais importante livraria do país, quer pelos fundos, quer pela frequência. Agora, caem-lhe cabelos como outros quaisquer. Quem ainda, ingénuo, acreditasse nas virtudes da concentração capitalista editorial e livreira ou no Pai Natal, pode talvez começar a desenganar-se. A Latina já não é a Latina, a Leitura já não é a Leitura. Sobra, por enquanto, a Lello, e é ir rezando para que Chardron, lá do alto, vá movendo cordelinhos contra o destino previsível das 3 L's.

O Porto está muito lindo, muito arranjado, muito espevitado, muito turístico, muito na moda e tudo o mais. Seja. Mas uma cidade que perde as melhores livrarias é uma cidade pior. Além do cabelo, perde alma.