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Gustave Flaubert — Trois Contes

Trois Contes (30 Bois Originaux de: Le Meilleur - Lebedeff - Delignières)

Le Livre de Demain / Arthème Fayard & Cie, Éditeurs - Paris. (Imprimé pour la collection "Le Livre de Demain" sur les presses de Louis Bellenand et Fils a Fontenay-aux-Roses. [S/d - 1926?]. In-4º de 124, [IV] págs. Br.

Volume publicado na bem conhecida colecção impressa sobre bom papel e caracterizada pelas aparatosas ilustrações, aqui e amiúde por gravuras abertas sobre madeira. Este título de Flaubert, dezenas ou centenas de vezes editado até hoje, acopla os contos «Un coeur simple», «La Legende de Saint Julien l’Hospitalier» (conheceu por si só também dezenas de edições independentes, várias delas com as ilustrações concebidas pelo «nosso» Amadeu de Sousa Cardoso) e «Heródias».

Dois exemplares disponíveis.

15€

Gustave Flaubert — Três Contos (Tradução de Pedro Tamen)

Relógio d'Água (2005). In-8º de 119, [V] págs. Br.

Sem qualquer aparato prefacial ou crítico, a edição traduz os canónicos «Um Coração Simples», «A Lenda de São Julião Hospitaleiro» e «Herodíade».

Exemplar novo.

7€

Émile Zola — Roupa Suja (tradução de J. P. Chagas)

Colecção Gigante. (Editorial Crisos). 2 vols. in-8º de 547, [1] págs. nums. em conjunto. Br.

Uma das muitas edições desta hoje menos conhecida Editorial Crisos, com sede em Ermesinde e oficinas gráficas algures no Porto, cuja actividade se dividia - tendo em conta o que anuncia na capa - em três colecções principais: esta «Gigante», a «Popular» e a «Económica».

Belo exemplar de cada um dos volumes, descontando o ligeiro desgaste exterior.

15€ (reservado)

Émile Zola — Le Docteur Pascal

Le Docteur Pascal, par (...) / (quatre-vingt-huitième mille)

Paris: Bibliothèque-Charpentier (G. Charpentier et E. Fasquelle éditeurs) - 1893. In-8º de 390, [IV] págs. Br.


Título publicado na colecção «Oeuvres d'Émile Zola», na mesma abundante série «Les Rougon-Macquart» que conclui e que integra, por exemplo, Germinal. O volume apresenta em folha desdobrável preliminar precisamente uma «Arbre Genealogique des Rougon Macquart».
Primeira edição.

Exemplar em bom estado, mas com ligeira desconjunção do encaixe e assinatura da época.

30€

J. K. Huysmans — A Cathedral (traducção de B. da Costa Pereira)

1903 - Povoa de Varzim, Livraria Povense - Editora de José Pereira de Castro. (Typ. a vapor da Empreza Litteraria e Typographica / Rua de D. Pedro, 184 - Porto). In-8º de 447, [I], II, [IV] págs. Br.

Plausível primeira edição portuguesa do romance, dada a lume numa casa hoje pouco conhecida mas que à época publicara já de Huysmans, da mão do mesmo tradutor, Santa Lydwina de Schiedam e A Caminho (inicia a trilogia que prossegue com A Catedral e termina em O Oblato, então no prelo). Vale a pena transcrever a dedicatória do tradutor a António Barroso, bispo do Porto, para que se veja como ainda no início do séc.XX se podia usar de linguagem tão barroca (a do romance é corrente...): "Singelo preito de homenagem de preexcelsas virtudes que exornam o venerando Antistite, gloria do episcopado portuguez".


16€

J. K. Huysmans — Trois Églises et Trois Primitifs

Paris: Librairie Plon / Plon-Nourrit et Cie, Imprimeurs-Éditeurs (1908). In-8º de 286, [VI] págs. Br.

A capa indica tratar-se da oitava edição (ou reimpressão) de um volume dividido nas duas secções indicadas no título: a primeira com três capítulos dedicados a («La symbolique de) Notre-Dame de Paris», «Saint-Germain-l'Auxerrois» e «Saint-Merry»; e a segunda com os dois capítulos «Les Grünewald du Musée de Colmar» e «Francfort-sur-le-Mein. - Notes».


10€

La Guirlande des années: Images d’hier et pages d’aujourd’hui

La Guirlande des années: Images d’hier et pages d’aujourd’hui // Printemps, par André Gide / Eté, par Jules Romains / Automne, par Colette / Hiver, par François Mauriac // Se vend à Paris chez Flammarion éditeur // Vingt-cinq chefs-d’oeuvre de la miniature

(Achevé d’imprimer sur les presses de l’Imprimerie Gaston Maillet & Cie le XV Janvier M. CM. LI.). In-4º de 87, [9] págs. Enc.

Belíssima edição, inspiradora de muitas outras pela Europa fora (por exemplo Quatro Estações, preparada nos anos 70 pela Editorial Inova com quatro escritores portugueses), justapondo os textos recolhidos à reprodução nas cores originais de lindas iluminuras de códices medievos, sobretudo livros-de-horas.

O volume foi impresso em bom papel e revestido pelo editor de encadernação cartonada, também ela imitando o estilo dos códices. Primeira e mais valiosa das tantas tiragens publicadas até hoje.

Exemplar em bom estado, mas com vestígios de acidez e parecendo ter perdido um suponível cordão que ataria ambas as faces da referida capa cartonada.


50€ (reservado)


André Gide — Isabel (narrativa / tradução de João Pedro de Andrade)

Estúdios Cor, Lisboa (1958). In-8º de págs. Br.

Edição portuguesa publicada na colecção «Latitudes», com capa de Paulo Guilherme.

Exemplar em geral invulgarmente bem conservado, mas apresentando ligeira folga do encaixe da capa face ao volume.


10€

André Gide — Le Retour de l'Enfant Prodigue

Le Retour de l'Enfant Prodigue (précédé de cinq autres traités . Le Traité du Narcisse - La Tentative Amoureuse - El Hadj - Philoctète - Bethsabé)

Gallimard (1948). In-8º de 207, [XI] págs. Enc.

Uma nota preliminar indica que estes textos, um dos títulos mais vezes publicados do autor, tiveram a sua edição primitiva em 1891.

Exemplar da tiragem comum, entretanto encadernado com cantos e lombada em percalina gravada a dourado, com ligeiro desgaste da pasta inferior; conserva a face superior da capa de brochura.


10€

Jean Cocteau — Nouveau Théatre de Poche

Nouveau Théatre de Poche: Parade / Le Boeuf sur le Toit / Le Pauvre Matelot / L'Ecole des Veuves / Le Bel Indifférent / Le Fantôme de Marseille / Anna la Bonne / La Dame de Monte-Carlo / Le Fils de l'Air / Le Menteur / Par la Fenêtre / Je l'ai perdue / Lis ton Journal / La Farce du Château / L'Epouse Injustement Soupçonnée // avec quinze dessins inédits de l'auteur

Éditions du Rocher, Monaco-Ville (1960). In-8º peq. de 173, [5] págs.
Br.
Explicava o escritor na sua introdução a este volume em que voltava a recolher produção teatral ter-lhe chamado teatro de bolso não no sentido de livro de bolso, mas no de o considerar, modestamente, "teatro menor" - e depois, menos modestamente, "simples pretexto para fazer brilhar uma estrela sob um dos seus ângulos menos conhecidos".

Exemplar da edição original, por estrear, conservando os cadernos na totalidade ainda por abrir.    

15€ (reservado)

Frédéric Vitoux — La Vie de Céline

Bernard Grasset, Paris (1988). In-4º de 596, [IV] págs. Br.

Será talvez a mais monumental biografia dedicada ao escritor francês, até hoje inédita em Portugal; com um conjunto de fotogravuras em folhas centrais a ilustrá-la.

Exemplar com defeitos exteriores.

12€

Louis-Ferdinand Celine — De un castillo a otro

Bruguera (1979). In-8º peq. de 377, [7] págs. Br.

Edição castelhana deste livro que é "la rememoración autobiográfica de la ajetreada existencia de Céline desde su fuga en 1944, escrita desde el presente real de su vida en Meudon, donde él ejerce la medicina, y su mujer da clases de baile. Libro desesperado y sarcástico, teñido del más radical nihilismo y presidido por la furia impotente del hombre marginado, proscrito, desposeído de todos sus bienes, hasta de la gloria literaria que legítimamente le pertenece, es un alucinante documento sobre el crepúsculo sangriento de la última guerra, y una novela de fuerza excepcional".

7€

Anatole France — La Vie Littéraire (Quatrième Série)

Paris: Calmann-Lévy, Éditeurs. (1924). In-8º de XVI, 372 págs. Cart.

O longo prefácio do próprio escritor é principalmente um longo elogio do editor Calmann-Lévy, falecido pouco antes, nesta altura já «continuado» na actividade pelos filhos.

Exemplar artesanalmente cartonado, parecendo ter colada sobre a pasta superior a frente da capa original – e na lombada os fragmentos do encaixe com título e autor.

10€

Anatole France — Le Génie Latin (nouvelle édition revue par l'auteur)

Paris: Calmann-Lévy, Éditeurs (1925). In-8º de 405, [III] págs. Cart.

Alguns dos capítulos: «Daphnis et Chloé», «La Reine de Navarre», «Remarques sur la Langue de La Fontaine», «Molière», «Jean Racine», «Chateaubriand», «Xavier de Maistre», «Sainte-Beuve Poète».

Exemplar artesanalmente cartonado, aproveitando por inteiro a capa primitiva.


10€


Anatole France — Le Lys Rouge

Le Lys Rouge (trente-cinq vernis mous em couleurs hors-texte de Omer Bouchery)

Simon Kra, Éditeur (6, Rue Blanche Paris (Ixe)). (1925). In-8º gr. de 295, [5]. Enc.

Luxuosa edição de um livro já inúmeras vezes publicado cuja actual editora, a Gallimard, descreve como único na obra - agora “reabilitada e de novo na moda” – do romancista, “carnal e sexual”, narrando os amores de um artista com uma mulher mundana casada com um político (e baseado, segundo a editora, nos do próprio Anatole France com Mme. De Caillavet). A trama toma por pano de fundo a cidade de Florença (daí o título), assim ligando as duas mais encantadoras urbes do Velho Continente; tendo este exemplar, que abaixo se descreve, uma nota de compra precisamente “Recordação de Florença / Março de 1950”.

Exemplar n.º XIV de uma das tiragens à parte – a da série mais corrente, em papel vélin de Rives, numerada de V a LIII, entre uma tiragem total de 1000+LIII; revestido de uma boa encadernação em pergaminho que lhe conservou ambas as faces da capa e até mesmo a tira que revestia o encaixe. Peça de colecção.


60€

Aquilino Ribeiro — Anatole France

Anatole France (conferência precedida do discurso de S. Ex.ª o sr. dr. Cardoso de Oliveira, embaixador do Brasil)

Livrarias Aillaud e Bertrand. 1923. In-8º de 77, [3] págs. Br.

O texto de Aquilino é antecedido pela elogiosíssima apresentação em que Cardoso de Oliveira planava por todos os títulos publicados pelo romancista até à época; e por uma gravura com o retrato do escritor francês. Primeira edição.

Exemplar por estrear, conservando as folhas fechadas.
 
14€

Aquilino Ribeiro — Filhas de Babilónia

Livrarias Aillaud e Bertrand. (MCMXXV). In-8º de 299, [5] págs. Enc.

Parte d'este livro escrevia-a há anos em Paris, a Babilónia, cuja taça d'ouro inebria toda a terra, como bradava e brada ainda do fundo dos séculos a voz irosa do profeta”, cidade em que também se passam e da qual falam ambas as novelas aqui acasaladas (termo bastante apropriado às duas narrativas): Os Olhos Deslumbrados e Maga.

Exemplar do sétimo milhar impresso (corresponde à 3.ª e definitiva edição), na série especial encadernada pelos editores em percalina conservando a frente da bela capa de publicação – composta por Stuart Carvalhais. Ou por defeito de tiragem, ou por supressão entretanto, não apresenta folha de rosto. Além disso, a encadernação tem já alguns sinais de desgaste.

10€

Frederick C. Hesse — Aquilino Ribeiro: Um Almocreve na Estrada de Santiago

Publicações Dom Quixote: Lisboa, 1991. In-8º de 197, [III] págs. Br.

"Vulto sem dúvida maior da nossa literatura contemporânea, Aquilino Ribeiro tem vindo, após a sua morte, a ser esquecido pelo público e pela crítica. Em tal contexto, que nada justifica, a presente obra do ensaísta brasileiro (...) constitui um oportuno convite à redescoberta de um autor em cujos livros se espelham, com superior qualidade narrativa, alguns dos traços fundamentais da fisionomia portuguesa do século XX". O autor era à época professor em universidades americanas (a Militar e a de Nova Iorque, após uma passagem por Harvard). 

10€   

Jacques Levron – Madame de Pompadour

Empresa Nacional de Publicidade (1964). In-8º gr. de 289, [V] págs. Cart.

"A marquesa de Pompadour foi uma das mulheres mais adoradas, mais lisonjeadas, mas também mais criticadas da História da França. Jacques Levron (...) historiador que considera dispensável maçar doutamente para parecer erudito (...) oferece-nos uma imagem mais justa dessa mulher, numa biografia vívida e colorida, baseada exclusivamente em fontes autênticas e renovada pelo contributo de documentos inéditos ou pouco conhecidos".

Exemplar artesanalmente cartonado com aproveitamento da frente da capa.

8€

Paule Dumaitre – Louis XIV au Temps des Mosquetaires

Fernand Nathan (1971). In-8º q/quadrado de 157, [3] págs. Enc.

Na sua introdução, a autora dizia ao que vinha: se no romance de Alexandre Dumas o “fio real da História” fica obscurecido pela trama de intrigas, permanecendo na sombra a figura do jovem «Rei-Sol» Luís XIV, aqui a ideia era a contrária – pôr a figura do rei em primeiro plano. Agora são os mosqueteiros a ficar na sombra, mas “desde o nascimento do futuro soberano (...) até ao dia em que d’Artagnan os conduz ao lado do rei na sua entrada triunfal em Paris após o casamento, os mosqueteiros estão sempre lá”. O volume foi ricamente ilustrado por imagens da época.

Encadernação editorial em tela com cliché colado sobre chapa recortada na frente.

10€

DUFRENOY – Atlas des 20 Arrondissements de Paris

Atlas des 20 Arrondissements de Paris: Index des Rues / Renseignements / Autobus / Métropolitain

Girard et Barrère, Géographes Editeurs / Paris_VIe. (1946). In-8º de 115, [1] + [12] ff. desd. Cart.

Além das rubricas típicas de um guia turístico da época – este publicado no ano do «renascimento» parisiense e francês após a Grande Guerra – distingue-se o que aqui se descreve pelos mapas que apresenta em folhas desdobráveis de cada um dos então 20 bairros (como é próprio dos sítios civilizados, mantêm-se os mesmos vinte até hoje, sem «reformas administrativas»).

Bom exemplar, conservando os referidos mapas na íntegra e padecendo apenas de muito ligeiro desgaste exterior.

12€

André Castelot — Le Grand Siècle de Paris

Le Grand Siècle de Paris
(De la prise de la Bastille à l'effondrement de la Commune / Avec la reproduction intégrale, en 32 feuillets, du Plan de Paris 1853 gravé par Gérard pour Napoléon III)

Amiot Dumont, Paris. (1955). In-8º gr. de 364, [6] págs. + [24] de estampas. Br.


Em bom rigor, não se trata aqui de um século mas de uma centúria - a que começa no terceiro quartel do séc.XVIII, em 1783, tomando por pretexto o lançamento pioneiro de um balão em La Muette, então arredores de Paris, com direito a uma anedota atribuída a um dos circunstantes, nem mais nem menos que Benjamin Franklin: "A quoi, monsieur, peuvent servir les ballons?", que respondeu "Monsieur, à quoi peut servir l'enfant qui vient de naitre?"; terminando na Comuna de 1871 e respectivas sequelas até ao ano a vários títulos simbólico de 1885.
Elaborado por um escritor com queda para as biografias, o texto do livro é todo nesse registo, de enredo histórico tratado em toada literária. Saliente-se no final do volume os referidos mapas traçados por Gérard, um total de 32 pranchas. A capa apresenta em alto-relevo uma imagem da época.

Edição original, já entretanto várias vezes reeditada por casas diferentes.

Exemplar com algum desgaste exterior, conservando-se o miolo em relativo bom estado.

12

André Rousseaux — Littérature du Vingtième Siècle

Éditions Albin Michel, Paris.
(1938-1939). 2 vols. in-8º de 267, [3] e 275, [3] págs. Br.

A primeira série, depois de um longo prefácio do autor, tem capítulos acerca de Claudel, Fournier, Cocteau, Bainville, Mauriac, Bernanos, Bourget, Virginia Woolf e Aldous Huxley, Rilke, Maurois, etc.; e a segunda de Malraux, Valéry e também Claudel, Mauriac e Maurois, entre outros. 

Primeira edição de cada um dos volumes.


20€

André Rousseaux — Ames et Visages du XXe Siècle

Éditions Bernard Grasset, Paris.
(1932). In-8º de 314, [2] págs. Br.

Após o longo prefácio de dedicatória a Paul Bourget, o livro divide-se nas secções de capítulos – sobre François Mauriac, Georges Duhamel, Paul Valéry, Jean Cocteau, Paul Morand, Henry de Montherlant, André Malraux, Georges Bernanos, etc. – «Héritages», «Le Désert de l’Intelligence» e «Tentatives».

14€

André Rousseaux — Le Monde classique

Le Monde classique (Homère · Corneille • Racine • La Fontaine • Boileau • Chateaubriand • Stendhal • Lamartine • Victor Hugo • Delacroix • Sand et Musset • Mérimée • Sainte-Beuve • Les Goncourt • Baudelaire • Rimbaud • Verlaine)

Albin Michel, Éditeur/Paris. (1941). In-8º de 250, [4] págs. Br.

Além dos dedicados aos nomes referidos no sub-título - um por cada um, salvo Sainte-Beuve, com dois -, há também capítulos sobre Psellos, «La Renaissance Pédante» e Joubert. 


Primeira edição, sendo este um dos exemplares do 4.º milhar impresso.

12€

Charles Baudelaire: 200 anos

Se no domingo Lautréamont fez 175 anos, hoje Baudelaire fez 200 - e já começaram as comemorações numa França assolada pela pandemia. Pela nossa parte, está bom de ver que o boletim de Abril vai ser ainda mais francófilo do que já é costume: além destes dois senhores, que estarão em força, aproveitaremos para convocar alguns franco-fantasmas afins; precursores (de Sade a Hugo e demais companhia romântica), sucessores (de Jarry a Breton e demais companhia surrealista) e contemporâneos mais ou menos simbolistas/decadentes.

Entretanto, fiquem estas programáticas palavras do que foi a vida do poeta francês inventor da modernidade, escritas pelo próprio e traduzidas por José Saramago:

"Deve-se estar sempre embriagado. Nada mais conta. Para não sentir o horrível fardo do Tempo que esmaga os vossos ombros e vos faz pender para a terra, deveis embriagar-vos sem tréguas.
 Mas de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, à vossa escolha. Mas embriagai-vos.
 E se algumas vezes, nos degraus de um palácio, na erva verde de uma vala, na solidão baça do vosso quarto, acordais, já diminuída ou desaparecida a embriaguez, perguntai ao vento, à vaga, à estrela, à ave, ao relógio, a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que rola, a tudo o que canta, a tudo o que fala, perguntai que horas são; e o vento, a vaga, a estrela, a ave, o relógio, vos responderão: "São horas de vos embriagardes! Para não serdes os escravos martirizados do Tempo, embriagai-vos sem cessar! De vinho, de poesia ou de virtude, à vossa escolha."

Ernest Hemingway — Paris é uma festa

Paris é uma festa (impressões da vida do autor em Paris, por alturas da segunda década do século XX / tradução de Virgínia Motta)

Edição «Livros do Brasil» Lisboa (Rua dos Caetanos, 22). In-8º de 249, [VII] págs. Br.

Primeira versão e primeira edição em língua portuguesa de A Moveable Feast, que se reporta aos anos entre 1920 e 1926 mas apenas terá sido escrito entre 1956 e 1960 - três décadas depois da residência do escritor na cidade que "te acompanhará sempre até ao fim da tua vida, vás para onde fores, porque Paris é uma festa móvel". 
Alguns dos capítulos: «Shakespeare & Companhia» (a mítica livraria que ainda hoje existe), «Gente do Sena», «Ford Madox Ford e o discípulo do Diabo», «Ezra Pound e o seu «Bel Esprit»», «Scott Fitzgerald» - um tempo em que a cidade-centro-do-mundo o era até para os anglófonos, como se pode conferir.

12€

Elliot Paul — Aquela Rua em Paris

Aquela Rua em Paris
(Tadução de Moacyr W. de Castro)

Edição da Livraria do Globo, Pôrto Alegre. (1944). In-4º de 325, [1] págs. Cart.

Uma pequena rua no coração de Paris, a Rue de la Huchette, é o único lugar do mundo que se pode apontar como a “casa” dêsse nômade incorrigível que é Elliot Paul. Ali viveu êle durante dezoito anos, interrompidos por breves ausências. E ali colheu o material para o seu livro inolvidável (...) Aquela Rua em Paris é um livro incomparável, constitui um género único, que não teve precursores nem terá imitadores, porque jamais se repetirá o conjunto de circunstâncias que precipitou o destino dos moradores da Rue de la Huchette e, com o dêles, o do mundo”.

Nunca editado em Portugal, embora no Brasil o fosse logo no ano da edição original, em suma uma daquelas lacunas nas quais o nosso mercado editorial sempre foi pródigo – é um romance cheio de apontamentos de interesse, incluindo históricos, acerca da principal cidade do mundo desde a Antiguidade até à ocupação nazi terminada precisamente em 1944; e que romanceando muito pouco dedica capítulos inteiros à fervilhante vida artística das galerias, aos surrealistas e ao seu breve namoro com o PCF, à presença dos soldados norte-americanos, etc.

Exemplar com nota de compra a lápis indicando «Ferreira» (a livraria portuense Manuel Ferreira) por 20€, preço que perfeitamente se justifica mas que vamos baixar por considerarmos que a cartonagem executada pelo anterior proprietário – devoto da cultura francesa – o desvalorizou um tanto, embora conserve coladas ambas as faces da capa original e até ambas as badanas.


14€ (reservado)

Paul Ariste — La Vie et le Monde du Boulevard

La Vie et le Monde du Boulevard (1830-1870)/(Un Dandy: Nestor Roqueplan)/Préface de Jacques Boulenger

Éditions Jules Tallandier, Paris. (1930). In-8º de XI, [I], 270, [VI] págs. Br.

Mais do que apenas pela reportagem da vida e das anedotas do castiço jornalista, o livro, publicado na série «La France et la Vie d’Autrefois», monta sobretudo enquanto fresco da sociedade parisiense da época – com os cafés, a ópera, os teatros e as lorettes – e pelas numerosas gravuras que apresenta, quer originais, quer reproduzidas do período (em clichés extra-texto da própria editora e da autoria de, por exemplo, Daumier, Duran e Gavarni).

20€

André Maurois — Paris

Fernand Nathan (Cet ouvrage de la collection «Merveilles de la France et du Monde» a été tiré sur les presses de Hélio-Cachan et achevé d’imprimer le 23 Janvier 1951). In-4º de 188, [2] págs. Br.

O texto de Maurois, «Lettre a une Étrangère», estende-se por cerca de quatro dezenas de páginas; seguindo-se 120 maravilhosas pranchas daquela que é verdadeiramente a Cidade-Maravilha, com a esplendorosa fotogravura típica da colecção neste caso acentuada pela luz que a Cidade-Luz esbanja – fotografia capaz de, seguindo o mote inicial do autor, fazer amar Paris até a quem não a conheça. Impressão sobre bom papel encorpado.


Exemplar bem conservado, mas apresentando já algum desgaste exterior, principalmente na sobrecapa; além de uma certa desconjunção dos cadernos face ao encaixe.

20€

Eugène Sue — Les Mystères de Paris (roman)

Les Mystères de Paris
(roman) / Version rajeunie par François Fosca et présentée par M. Edmond Jaloux (de l’Académie française)

Genève, Éditions du Milieu du Monde. (1943). In-8º de 428, [4] págs. Br.

O autor desta versão destacava no seu prefácio a ideia de aproveitar o livro e reescrevê-lo pelo valor documental e histórico, apesar da “miséria do seu estilo” – argumentando que em nenhum momento da história francesa se escreveu pior do que no romantismo, salvo algumas “gloriosas excepções”.

Reedição de 5 mil exemplares de uma tiragem inicial de mais de 16 mil dada a lume em 1941; padecendo este já de algum desgaste exterior.


12€

Marquês de Sade — História Secreta de Isabel da Baviera, Rainha de França

História Secreta de Isabel da Baviera, Rainha de França (Texto estabelecido e apresentado por Gilbert Lely / 2.ª edição)

1977 / Editorial Estampa, Lisboa. In-8º peq. de 255, [5] págs. Br.

O prefácio do organizador começava por salientar que a História parece ter sido uma das primeiras inclinações do Divino Marquês; sendo esta salvo erro a única versão portuguesa (com tradução da sempre recomendável Luísa Neto Jorge e originalmente saída em 72) deste livro de publicação póstuma, em volume triplo publicado na colecção «Clássicos de Bolso».

Exemplar por estrear.

7€

Marquês de Sade — Escritos Filosóficos e Políticos

Escritos Filosóficos e Políticos (Tradução de Serafim Ferreira)

M. Rodrigues Xavier (Venda Nova – Amadora). (Este livro foi compsto e impresso, como edição de Torres & Abreu, Lda., na Tipografia Central da Borralha-Águeda, em Dezembro de 1971). In-8º peq. de 151, [1] págs. Br.

Ao famoso «Diálogo entre um padre e um moribundo» juntam-se aqui textos como «Consolações filosóficas», «Carta de um cidadão de Paris ao rei dos franceses» e «Justificação do prazer», entre outros – vários dos quais directamente relacionados com os tempos revolucionários e pós-revolucionários, como o discurso nas honras fúnebres de Marat.


12€ (reservado)

Os Melhores Contos do Marquês de Sade

Os Melhores Contos do Marquês de Sade (apresentação, selecção e tradução de João Costa)

Editora Arcádia (1970). In-8º de 252, [4] págs. Br.

Volume publicado na colecção Antologia, espraiando-se a introdução do tradutor por quase sessenta páginas. Os textos aqui apresentados são «Florville e Courval ou o fatalismo», «Há lugar para dois», «Émilie de Tourville ou a crueldade fraternal», «Augustine de Villebranche ou o estratagema do amor», «Aventura incompreensível e atestada por uma província inteira» e «O presidente mistificado».

Bom exemplar, embora com a capa já ligeiramente desplastificada no encaixe.


12€

Isidore Ducasse, «Conde de Lautréamont»: 175 anos

Por uma daquelas curiosas e habituais coincidências do destino, este dia em que não se assinalou como soía a ressurreição de Cristo foi também o dia em que (quase não) se assinalou o 175.º aniversário de nascimento do Anti-Cristo Isidore Ducasse, «Comte de Lautréamont»; circunstância de que o livreiro se deu conta por, numa semelhante manifestação de «acaso objectivo», ter no mesmíssimo dia deitado a mão às «Cartas» que aqui tinha paradas à espera há semanas. 
Interessante pensar que livro-cometa extrairia destes anti-tempos que vivemos o autor dos anti(?)-genesíacos e fulgurantemente geniais e hoje (após o séc.XX) não tão distopicamente soantes «Cantos de Maldoror», os quais por si só, sem recurso a qualquer feitiçaria que não a da linguagem, justificam o título de «Livro Negro» da história da literatura. Muito graças ao papa surrealista André Breton, sem cujo resgate talvez ninguém agora dele ouvisse falar, esse livro único motiva, só por exemplo, uma colecção de «Cahiers Lautréamont» que são publicados em França desde os anos 80. Há quatro décadas que com frequência periódica escritores, críticos e investigadores conseguem arranjar matéria sempre nova neste texto - uma pequena «bíblia» cuja ferocidade faz a do Antigo Testamento parecer canção de embalar. 
Cá em Portugal, com um atraso ainda maior do que costume, os «Cantos de Maldoror» esperariam um exacto século para ver a luz do dia, ainda por cima apresentados por um prefácio supinamente parvo do nisso useiro e vezeiro vate Jorge de Sena (justificou uma indignada resposta do nosso surrealista Cesariny); entretanto, em contrapartida, conheceram já uma dezena de edições em várias casas (Moraes, Fenda, Quasi, Antígona, etc.), tendo por tradutores os poetas Pedro Tamen e Manuel de Freitas.
 
Lautréamont estará em destaque no nosso próximo boletim de Abril, a publicar no final do mês.

Jean-Paul Sartre — A Náusea (Romance / 2.ª edição)

Publicações Europa-América (45, Rua das Flores) Lisboa-2. (1963). In-8º de 301, [11] págs. Br.

Com capa de Sebastião Rodrigues e tradução de António Coimbra Martins, foi esta a primeira versão portuguesa da talvez mais famosa publicação do escritor e filósofo francês - "a obra de um filósofo, de um romancista, de um ensaísta, de um dramaturgo, de um crítico. Não esqueçamos, também, a sua actividade como jornalista, como argumentista, como conferencista", assim o apresentava a editora ao público português logo na tiragem original em 1958.

10€

Jean-Paul Sartre — La Putain Respecteuse: piece en un acte et deux tableaux

Les Éditions Nagel (1949). In-8º de 163, [5] págs. Br.

Uma das peças mais traduzidas do francês, com adaptações ao cinema e à televisão, cá em Portugal continua até hoje (salvo erro) por editar.

Bom exemplar, apesar de assinado na folha de rosto.

12€

Jean-Paul Sartre — Mortos sem sepultura

Mortos sem sepultura, por (...) / tradução de Francisco da Conceição

Editorial Presença / Lisboa - 1961. (Composto e impresso na Tipografia Nunes, Porto). In-8º de 166, [2] págs. Br.

"A nova peça de Jean-Paul Sartre aqui apresentada, uma das mais extraordinárias do autor da Náusea, coloca-nos perante a luta travada entre os homens da resistência francesa, os de-gaulistas, e os milicianos da facção de Pétain, que apoiaram a ocupação alemã".


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Jean-Paul Sartre — Mortos sem sepultura

Mortos sem sepultura, por (...) (2.ª edição) / Tradução de Francisco da Conceição

Editorial Presença / Lisboa - 1965. (Composto e impresso na Tipografia Nunes, Porto). In-8º de 166, [2] págs. Br.

Exceptuando a capa, nada distingue esta nova edição da anterior, saída cinco anos antes.

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