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Joseph Gautier & Louis Chapelle — Traité de Composition Decorative

Traité de Composition Decorative /// 865 figures dans le texte, 53 planches hors texte dont I en couleurs / Joseph Gauthier, diplomé de l’État pour l’enseignement de la composition décorative, professeur a l’École des Beaux-Arts de Nantes | Louis Capelle, architecte diplomé par le Gouvernement, professeur a l’École des Beaux-Arts de Nantes

Librairie Plon. (1950). In-8º gr. de [IV], IV, [II], 397, [3] págs. Br.

 
É ainda a edição de origem deste monumental trabalho (que teve primeira impressão em 1910, com reimpressão de sucessivos milheiros ao longo dos anos, distinguíveis por pequenas variações nas cores e linhas da capa), cujo interesse para artistas de figuração mais decorativa e designers permanecerá, até agora, indiscutível. Por importante que o texto possa parecer, o que no volume bastante impressiona são as centenas de desenhos a tinta com que os próprios autores, mãos de mestre, o ilustraram, tornando-o, ele mesmo, um belo objecto artístico.

Compõe-se o tratado dos livros Les Sources décoratives («La Géométrie», «La Flore», «La Faune», «La Figure humaine», «Le Paysage décoratif», «L’Invention et les objects»), Les Lois de la composition décorative («Systèmes décoratifs», «La Répartition du décor», «Le Relief») e Les Applications décoratives («La Pierre, le Marbre», «Le Fer forgé», «Les Arts du Métal», «La Céramique», «La Verrerie, le Vitrail, la Mosaique», «Le Cuir», «Le Bois», «Le Papier peint et la peinture décorative», «Les Tissus», «Tapisserie, Dentelles, Broderies», «Incrustations, Nielles, Marqueterie», «La Couleur»). 

25€

José Gomes Ferreira — Intervenção Sonâmbula

Diabril. 1977. In-8º de 167, [1] págs. Br.

Primeira edição desta recolha de textos publicados por Gomes Ferreira na imprensa da época («O Primeiro de Janeiro», «Diário de Notícias», «Vida Mundial», «O Jornal» e alguma outra), com um prefácio da sua pena em que, depois de fazer o elogio de Vasco Gonçalves (a quem dedica a colectânea), termina pretendendo a revolução “uma Aljubarrota fabulosa em que o povo português ganhasse o Futuro com armas de cristal – as únicas dignas das batalhas límpidas do Socialismo e da Democracia”; do maior interesse para a recriação dos primeiros tempos da vida e da sociedade portuguesa após o 25 de Abril. Inclui, logo a abrir, o curiosíssimo «Decálogo do Verdadeiro Revolucionário (ou que finge que o é)» - “(…) 4º Não contribuas para o saneamento de quem entrou para a Legião, etc., só para arranjar emprego. 5º Perdoa aos baladistas o grande pecado de te impedirem de ouvir boa música (…)”.
 
18€

José Gomes Ferreira — Gaveta de Nuvens

diabril. (1975). In-8º de 238, [2] págs. Br.

Reuniu o autor neste volume textos diversíssimos que foram de 1949 a 1974, e dos quais se poderá destacar alguns prefácios e considerações preliminares hoje mais conhecidos: como os de Folhas Caídas e A Filha do Arcediago e a de Lisboa na Moderna Pintura Portuguesa (intitulada «Lisboa: Talvez o Último Tema dos Figurativos Portugueses»).

Exemplar duplamente valorizado: pela dedicatória “esta gaveta de que espero não ter perdido a chave” manuscrita de oferta a Neves Águas, que lhe apôs o ex-libris, e por conservar o boletim editorial, de Abril de 75, em que o livro era, entre outros mas com destaque, apresentado.

25€

(A ilimitada edição da estupidez)



Ser português e querer evitar ruído, circo e geral histeria: semelhante conjunção parecerá talvez a quadratura do círculo, mas foi o que Herberto Helder (HH) passou a vida a tentar. Em vão. Chegado a velho, quando já quase o conseguira, viu a multidão ocupar-lhe à porta a tenda das “edições limitadas” montada pela imprensa e explorada pelas redes sociais. Depois de morto, antes mesmo do funeral, voltaram a montar-lha, um pouco mais discreta, agora no cemitério. “Mas isto não era dispensável, em nome do bom gosto?”, pergunta aqui o pio leitor. Com certeza que era. A falta de gosto, porém, é o menos nesta história. Comparada à estupidez, mal se nota. Tudo é nisto tão fundamentalmente estúpido que até se torna difícil escolher por onde começar. Experimentemos pelo início.
 

Em 2008, catorze anos passados de naturalíssima retirada, que se chegou a supor definitiva, após Do Mundo, etapa final da obra fixada, HH publica A Faca não Corta o Fogo, ainda sob chancela da Assírio & Alvim – que, no entanto, fôra já apanhada nas malhas da Porto Editora. A tiragem, como era hábito, constou de 3000 exemplares, depressa esgotados. Regressado, este nada pródigo mas prodigioso poeta chegava enfim a uma tão tardia quão duvidosa consagração geral, e estava de repente na moda, mesmo entre quem nunca lhe lera até então um único livro. Começavam aqui os equívocos. E, depois, os protestos, mas ainda muito vagos: a Assírio era uma vaca justissimamente sagrada, a ninguém tão logo ocorrendo arguir-lhe “edições limitadas” em “estratégia comercial”. Pelo que a neófita lamentação se limitou à não reedição do volume, desconhecendo, porque neófita, que o poeta nunca reeditara nenhum de poesia própria (só os da traduzida, e os de prosa). Nada de novo debaixo do céu. São costume estes mal-entendidos entre os convertidos súbitos e a normal cronologia do mundo.