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Boletim bibliográfico 7/2021

No mês do bi-centenário de Dostoievski (e do centenário da sua tradutora portuguesa Natália Nunes), o penúltimo boletim do ano é dedicado em exclusivo à literatura e à cultura russa, com um cheirinho às artes, história e política do outro extremo europeu.

Pode consultar-se 

Reinaldo dos Santos — Alvaro Pires d’Evora (pintor quatrocentista em Italia)

Lisboa, 1923. (Imprensa Libanio da Silva). In-4º de 65, [5] págs. Br.

“Na cronologia dos primitivos portugueses, Nuno Gonçalves era, até hoje, o primeiro pintor cujo nome se encontrava ligado a uma obra conhecida, desde que a identificação historica de José de Figueiredo e o milagre de Luciano Freire, o ressuscitaram para a Arte portuguesa.

As rarissimas tábuas anteriores ao grande mestre são anonimas, e dos artistas que, segundo a menção dos arquivos, o teriam precedido, só nos resta uma sêca lista de nomes. (...)
Por isso, a revelação entre nós da obra existente em Italia, do pintor Alvaro Pires d’Evora, duma geração anterior a Nuno Gonçalves, parece-me tanto mais interessante, que se trata não só do mais antigo primitivo português identificado, mas dum dos mais encantadores artistas que, na Toscana, contribuiram para a evolução da pintura do quattrocento. Assim, este mestre, pela nacionalidade, interessa directamente á historia dos nossos primitivos e pelo estilo, á do periodo de transição da arte italiana na primeira metade do seculo XV” – assim apresentava Reinaldo dos Santos este que foi não só o seu primeiro livro (propriamente dito) publicado como a primeira monografia dedicada ao nosso primeiro grande pintor conhecido, se não houve italiana prévia; do qual o Estado português adquiriu recentemente em leilão para o Museu Nacional de Arte Antiga um valioso e belíssimo – parece um Giotto – quadro. 
Impresso sobre papel canelado, o volume apresenta em folhas destacadas várias gravuras alusivas àquilo de que se trata: dividido nos capítulos «Os Textos», «As Madonas de Pisa e Nicosia», «O Triptico de Volterra», «As tábuas de Brunswick» e «A arte de Alvaro Pires», a que se seguem notas.

À relativa raridade do livro acresce o facto de este exemplar dever ter pertencido a Vergílio Correia, de quem são os curiosos – e cáusticos, e às vezes cómicos... – comentários a lápis de cor à margem do texto; e dos quais se depreende a autoria, a partir de uma citação na qual ele critica não lhe ter sido citado o nome. Peça de colecção, em suma, apesar dos ligeiros defeitos da capa – que sofreu já um pequeno restauro ao alto do encaixe.

40€

Reinaldo dos Santos — Nuno Gonçalves

Nuno Gonçalves (pintor português do século quinze e o seu retábulo para o Mosteiro de S. Vicente de Fora)

London MCMLV. (Printed in Great Britain 1955 / colour blocks made by Oficinas Gráficas de Bertrand (Irmãos), Lda., Lisbon). In-4º gr. de 13, [III] págs + 18 ff. de estampa + [1] desd. Enc.

Encadernação do editor em tela revestida de sobrecapa de papel; ambas apresentando, no exemplar, considerável desgaste, a que o miolo não ficou totalmente incólume - e que por qualquer razão é bastante habitual, sendo menos frequentes os exemplares que aparecem em boas condições.

30€

Reinaldo dos Santos — A Tomada de Lisboa nas Iluminuras Manuelinas

A Tomada de Lisboa nas Iluminuras Manuelinas: Conferência pronunciada no salão nobre dos Paços do Concelho em 25 de Outubro (Feriado da Cidade) de 1938.

Publicações Culturais da Câmara Municipal de Lisboa – 1939. In-4º  de 14, [2] págs. + [3] ff. ilust. Br.

São as três folhas hors-texte ilustradas por uma iluminura do Livro de Horas de D.Manuel e duas outras sobre desenhos de António de Holanda (pai de Francisco). 

O exemplar tem no anterrosto uma já discreta assinatura que parece de Flávio Gonçalves e na face inferior da capa, a lápis, uma indicação de oferta com o nome do escultor José Pereira dos Santos.

16€

Reinaldo dos Santos — Conferências de Arte [3.ª série]

Conferências de Arte ★★★ I – Forma, Côr e Luz na Arte II – Lisboa na Arte III – El Subjetivismo del Arte de Velasquez

Lisboa 1949. In-4º de 57, [VII] págs. Br.

Saída aparentemente em edição do próprio autor, apresenta também um conjunto de estampas em folhas destacadas. A primeira conferência foi proferida em 1945 no Teatro D. Maria II, num conjunto de palestras da iniciativa de Amélia Rei Colaço e Robles Monteiro; a segunda em 1947 no Salão Nobre do município lisboeta; e a terceira, também em 1947, em Santander.

14€

Reinaldo dos Santos — Conferências de Arte (2.ª Série)

Conferências de Arte (2.ª Série): I – O Espírito e a Essência da Arte em Portugal. II – O Significado da Pintura Portuguesa do Século XVII. III – Sequeira e Goya

Livraria Sá da Costa – Editor (Sede: 100-102, Rua Garrett / Sucursal: 24, Poço Novo), Lisboa. (1943. Bertrand (Irmãos), Ltd. Impressores – Gravadores). In-4º de 77, [1] págs. Br.

Edição impressa a duas cores sobre bom papel, ilustrada por estampas em folhas à parte (apresentando ainda na anteportada um retrato de Reinaldo dos Santos por Francisco Franco); rubricada por autor e editor. A primeira conferência fôra proferida no Rio de Janeiro, a segunda na Liga Naval e a última em Madrid, sendo esta a primeira edição em volume de cada um dos textos salvo talvez o primeiro (que o prefácio não deixa claro se chegou a sair no Brasil ou não).  

18€

Reinaldo dos Santos — L’Art Portugais: Architecture, Sculpture et Peinture

L’Art Portugais: Architecture, Sculpture et Peinture par Reynaldo dos Santos (Président de l’Académie Nationale des Beaux-Arts de Portugal) / Préface de Marcel Aubert (membre de l’Institut)
Éditions d’Histoire et d’Art, Librairie Plon, Paris. (1953). In-4º de XII, 98, [2] págs. Br. 

Volume graficamente apurado, com a contribuição de várias afamadas oficinas francesas, que imprimiram as fotogravuras em dezenas de folhas destacadas – a maioria a p/b, mas também alguns belíssimos clichés a cores. Salvo melhor opinião, a grande insuficiência desta divulgadora panorâmica de Reinaldo dos Santos é na pintura o tratamento brevíssimo que dá a tudo o que tivemos após Sequeira – mesmo no séc.XIX não apresentando sequer um quadro de Columbano. 

15€

José Queirós — Da Minha Terra: Figuras Gradas (impressões de arte)

Da Minha Terra: Figuras Gradas (impressões de arte) —— Illustrações de Roque Gameiro e Santos Silva

Lisboa: Imprensa Libanio da Silva, 1909. (Aliás: Cultarte, 2003). In-8º gr. de VIII, 186, [VI] págs. Br.

Edição em fac-simile da original.

Exemplar por estrear.


10€

José Queirós — Da Minha Terra: Figuras Gradas (impressões de arte)

Da Minha Terra: Figuras Gradas (impressões de arte) —— Illustrações de Roque Gameiro e Santos Silva

Lisboa: Imprensa Libanio da Silva, 1909. In-8º gr. de 186, [IV] págs. Br.


Cerca de dois terços do volume são ocupados pela Parte I, a que o título chamou Figuras Gradas, começando logo pelo capítulo mais longo: a narração da excursão do casal Carolina Michaëlis/Joaquim de Vasconcelos a Évora, sendo o autor o cicerone, mas «esmagado» pela erudição dos portuenses visitantes, como se os cicerones fossem eles...; havendo outros dedicados aos irmãos Eça de Queirós, a António Arroio, a Fialho, a João Chagas, etc.; entre outros ainda de impressões várias sobre a terra portuguesa e assuntos de arte.
A Parte II destinou-a o autor a temas de «Arte applicada», sendo aí o capítulo mais longo, também ultrapassando as duas dezenas de páginas, «Quinta dos Azulejos - Paço do Lumiar».

Edição impressa em bom papel e enriquecida pelas ilustrações aludidas: ornamentais, alegóricas e propriamente figurativas.

Exemplar por estrear, conservando os cadernos por abrir; mas desdourado por algum desgaste exterior, faltando já papel à face inferior da capa e ao encaixe.

25€

Vergílio Correia — Vasco Fernandes, Mestre do Retábulo da Sé de Lamego

Vasco Fernandes, Mestre do Retábulo da Sé de Lamego / por Vergílio Correia (Professor de História da Arte na Universidade de Coimbra)

Coimbra: Imprensa da Universidade, 1924. In-8º gr. de XII, 154, [2] págs. Br.

O prefácio do autor é uma breve panorâmica sobre a História da Arte portuguesa até então. Quanto ao estudo, apresenta os capítulos «História Antiga do Retábulo», «O que resta do Retábulo», «O problema da Autoria» e «Os colaboradores da obra do Retábulo», aos quais se segue a extensa transcrição de documentos que foram base de trabalho.

20€

Vergílio Correia — Pintores Portugueses dos Sécs. XV e XVI

Pintores Portugueses dos Seculos XV e XVI, por Vergílio Correia (Professor de História da Arte na Universidade de Coimbra)

Coimbra: Imprensa da Universidade, 1928. In-8º gr. de XXXIII, [I], 101, [3] págs. Br.

“No campo da Pintura, quinhentos foi para Portugal, pelas mesmas razões que favoreceram o desenvolvimento da Arquitectura e da Escultura, um grande século. / Os antecedentes dessa eflorescência são ainda mal conhecidos. Os documentos não abundam (...)”, assim começava o autor um Prefácio que desde logo serve de panorâmica à época e aos pintores tratados.

Dedicado a Teixeira de Carvalho, então director da Imprensa da Universidade, o volume foi publicado na sua pioneira colecção «Subsídios para a História da Arte Portuguesa», apresentando em folha destacada uma gravura com o quadro A Criação dos Animais, do Grão-Vasco Fernandes.

20€

Joaquim de Vasconcelos — A Pintura Portuguesa nos séculos XV e XVI

Coimbra: Imprensa da Universidade, 1929. In-8º gr. de IX, [I], 42, [II] págs. Br.

Segunda edição, revista e inaugural da colectânea «História da Arte em Portugal». O trabalho de Joaquim de Vasconcelos é basicamente uma crítica de «The early Portuguese School of Painting», de Robinson, composto a pedido do rei D.Fernando; e, sobretudo, da tradução para português pelo Marquês de Sousa-Holstein, que é violentamente desancada (recorrendo a várias passagens no final transcritas). A terminar o volume são ainda reproduzidas, entre outras coisas, uma carta de Cristino da Silva e algumas passagens de Raczynski relativas à questão Vasco Fernandes.

15€

Marin Berenguer Alonso — Arte Romanico en Asturias

Arte Romanico en Asturias (volumen I), por (...) / prologo de Juan Antonio Gaya Nuño

Oviedo 1966 (Imprenta "La Cruz"). In-8º gr. de XIX, [I], 150, [II] págs. Br.


Segunda edição, publicada ainda - na véspera de Natal - no ano da primeira, impressa sobre papel encorpado e ilustrada em folhas à parte de papel couché, além das igualmente abundantes ilustrações no texto; do Instituto de Estudos Asturianos da Diputacion de Oviedo, sua capital regional. 
Dizem-nos de Espanha que este primeiro foi o único volume publicado.

Exemplar desdourado por algum desgaste da capa e das folhas preliminares, ainda que todo o resto do volume se encontre praticamente impoluto.

15€

August Mayer — El Estilo Románico en España

El Estilo Románico en España, por Augusto L. Mayer / con 216 figuras / primera edición
 
Espasa-Calpe, S.A. Bilbao/1931. In-4º de 251, [5] págs. Enc.

“Pretendemos en este volumen ofrecer un resumen de las creaciones más importantes, más características y de más depurada calidad del estilo románico en suelo español (...) un producto de un arte completamente continental, con una construcción nueva propia, en la cual se unen originariamente elementos indígenas o que provienen tanto de inspiraciones procedentes del arte antiguo como también de aquellas otras inspiradas por influencias decisivas que llegaron de Oriente a la parte más occidental de Europa, por caminos muy diversos. Esencialmente se trata de la época comprendida entre 1000 a 1250”. À introdução, genérica, sucedem capítulos sobre a arquitectura, os marfins, a escultura (de longe, o mais amplo, excedendo metade do volume), a pintura, trabalhos em miniatura e ourivesaria e artes menores; todos abundantemente ilustrados por fotogravuras de complexos arquitectónicos e peças dos vários tipos tratados. No final, é ainda incluída uma boa relação de bibliografia.
Encadernação do editor, em tela.

30€

Joaquim de Vasconcelos — Arte Romanica em Portugal

Arte Romanica em Portugal (Texto de Joaquim de Vasconcellos / Com reproduções seleccionadas e executadas por Marques Abreu)

Edições Illustradas Marques Abreu (Avenida Rodrigues de Freitas, 310), Porto – 1918. In-4º gr. de IV, 76, 192, XXVIII, II págs. Enc.

“Teve logar a Exposição de Photographias da Arte Romanica em Portugal e a apreciação do Conferente no salão de festas do Atheneu, no dia 4 de Janeiro de 1914, assistindo á Conferencia os corpos docentes das Escholas superiores e Institutos Secundarios do Porto, os escriptores e jornalistas mais considerados do Norte, incluindo n’este numero archeologos distinctissimos de todo o paiz, que acudiram ao Atheneo a admirar a exposição da Arte romanica, fruto de quinze anos de trabalho assiduo e desinteressado. / O presente estudo abrange os monumentos mais preciosos, que assim ficarão archivados á disposição de todos, especialistas e amadores, n’uma publicação amplamente illustrada (...)”, começava por anunciar a nota introdutória “Ao leitor”.

Estudo ainda hoje de referência, e valorizado por uma edição do maior apuro gráfico, como era hábito na casa Marques Abreu; tendo o monumental álbum sido impresso sobre bom papel couché e de facto abundantemente ilustrado com fotogravuras dos exemplos tidos como mais importantes no país.

Encadernação do editor, toda em pele – gravada a ouro na lombada, na pasta superior e nas seixas; com algumas marcas de desgaste no exemplar.

65€

Joaquim de Vasconcelos — Cartas

Edições Marques Abreu, Herd.os. Porto · Portugal. [S/d – pref.1973]. In-4º de 261, [1] págs. Br.

“Alguns anos depois da morte de António Augusto Gonçalves e do leilão do seu espólio, o Dr. António Gomes da Rocha Madahil, então 1.º Conservador do Arquivo e Museu de Arte da Universidade de Coimbra, adquiriu, salvando de perda irremediável, o remanescente dos papéis, desenhos e jornais, que tinham pertencido ao Mestre coimbrão (...) Nessa ainda preciosa documentação, encontrou o Dr. Rocha Madahil grande número de cartas de Joaquim de Vasconcelos que este eminente crítico e historiador de arte escrevera, durante mais de meio século (1879-1930), ao seu colega de Coimbra. Não é necessário encarecer o interesse máximo desse epistolário, dada a alta craveira mental de quem as subscrevia e daquele a quem eram dirigidas”.

Edição impressa sobre bom papel, com o apuro gráfico habitual das publicações da casa de Marques Abreu.

18€

Carolina Michaëlis — Algumas palavras a respeito de Púcaros de Portugal

Coimbra: Imprensa da Universidade, 1921. In-8º de 90, [2] págs. Enc.

Desprezado pelos especialistas que com erudição e amor se ocuparam da Cerâmica Portuguesa, de faianças e porcelanas, o meu Ensaio agradou ainda assim a alguns amadores tanto daquela arte como da etnografia e lingüística nacional, e inspirou mesmo um alegre e espirituoso Diálogo, na maneira clássica de Francisco de Moraes: Os Púcaros, de Matos Sequeira, na Atlantida, Ano IV, n.os 42 e 43, p. 700-707. Desejoso de o possuir, mais de um coleccionador instou comigo reiteradas vezes para que o publicasse em edição independente” – assim rezava a «Explicação Prévia» da autora a esta bonita edição impressa a duas cores e ilustrada em folhas à parte de papel mais fino.

O exemplar, entretanto revestido de uma boa e minimal encadernação recente que lhe conserva a frente da capa primitiva, foi valorizadíssimo por uma dedicatória manuscrita – na sua bela letra – pela lusitanista “Ao benemerito hispanófilo Aubrey F. G. Bell”, datada de 6-XII-21; tendo-o o inglês muito cuidado, sem qualquer defeito significativo a assinalar.

40€

Carolina Michaëlis de Vasconcelos — Notas Vicentinas

Notas Vicentinas (Preliminares de uma edição crítica das Obras de Gil Vicente)

Coimbra: Imprensa da Universidade. 1912 – 1922. 4 vols. in-4º. Enc.

Colecção completa desta série de três livrinhos e um livrão (o quarto e último, com mais de quatrocentas páginas), a saber: I – Gil Vicente em Bruxelas ou o Jubileu de Amor; II - A Raínha Velha e O Monólogo do Vaqueiro; III – Romance à Morte del Rei Dom Manuel e à Aclamação de Dom João Terceiro; IV – Cultura Intelectual e Nobreza Literária. Os segundo e terceiro volumes foram publicados ambos em 1918.

Boa e bonita encadernação conjunta dos quatro volumes, com cantos e lombada em pele gravada a ouro, que na lombada foi ainda sobre-revestida de rótulo e duas tiras de alto a baixo em pele azul; tendo sido também a ouro carminado o corte das folhas à cabeça (restantes margens por aparar); estando as pastas forradas a «pele-de-cobra»; e conservando-se quase na totalidade ambas as faces das capas primitivas (falta apenas a inferior de uma delas). Excepção feita às folhas iniciais do primeiro, todos conservam ainda além disso as folhas por abrir.

75€

Dostoievski: 200 anos

Se por cá o dia 11 de Novembro é de São Martinho (de Tours, que costumamos confundir com o nosso de Dume...), na Rússia é de São Teodoro (de Moscovo) - de quem hoje se comemora o segundo centenário de nascimento. Fiodor Dostoievski veio ao mundo faz hoje 200 anos.
E já ao terminar o primeiro parágrafo está o leitor a perguntar-se "mais outro?" Pois é verdade; e é normal. Por alguma misteriosa razão, grandes senhores da literatura têm o hábito de nascer e até de morrer em catadupa, uns a seguir aos outros. O exemplo clássico é o de Cervantes e Shakesperare, dois iluminadíssimos monstros que deixaram o mundo duplamente mais escuro em 1616. Por cá, lembramo-nos logo do milagroso ano de 1867, no qual nasceram os portuenses Raul Brandão e António Nobre e o coimbrão Camilo Pessanha (Lisboa ficou a ver navios à barra do Tejo, como o que levaria Pessanha para Macau). Em 1821 saíram dos prelos das respectivas progenitoras os franceses Baudelaire e Flaubert, e na francófila Rússia o autor de «Crime e Castigo», «Os Irmãos Karamazov», «O Idiota», etc. E quem idiota não quiser parecer, já sabe: é só servir-se no catálogo cá da casa. (Que será aumentado em breve, juntamente com um próximo boletim de novidades inteiramente dedicado ao escritor e à literatura/cultura russa)  

Livro Prohibido ――― Profecias, farças e sandices

Livro Prohibido ――― Profecias, farças e sandices – Fialho d’Almeida, Henrique de Vasconcellos, Manoel Penteado escreveram / Celso Herminio e Francisco Teixeira interpretaram

Lisboa 1904. (Centro Typographico Colonial). In-8º gr. de 141, [3] págs. Br.

“Vae o leitor assistir a um espectaculosinho em tres actos, complexo – tragedia, comedia de salão e uma reista política e de costumes – onde tres escriptores trataram de lhe rezumir, em tres figurações diferentes, o quantum d’anotação filosofica, optimismo ou agrura dos seus espiritos fasciados. / Espectaculo que o leitor não terá de pagar por um quartinho, como no D. Maria e D. Amelia, obrigado de dois em dois minutos a erguer-se para deixar passar um senhor retardatario, e que a seu talante pode aplaudir ou patear, sem que maiormente isso lhe traga as hostilidades de ninguem”.

26€

Pedro Batalha Reis — Da origem da música trovadoresca em Portugal

Da origem da música trovadoresca em Portugal (Palestra realizada na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em 22 de Maio de 1929, por (...), Aluno de Sciências Histórico-Filosóficas da mesma Faculdade)

Tipografia de José Fernandes Júnior / Lisboa – 1951. In-8º gr. de 50, [6] págs. Br.

Publicado em edição de autor e hoje raro, foi dele o primeiro livro publicado, concebido sob a orientação de Rodrigues Lapa e constando dos capítulos «Da existência em Portugal da Música trovadoresca», «As cantigas de Martin Codax e a sua música», «A música na poesia trovadoresca», «O canto e a música na Idade-Média», «Apreciação da tese que trata da origem litúrgica da música trovadoresca» e «Apreciação da tese que trata da origem árabe da música trovadoresca», seguindo-se uma conclusão e em apêndice as sete mencionadas canções do famoso trovador galego. De alguma incipiência, natural num aluno de licenciatura, é mesmo assim um estudo já bastante elaborado e informado sobre a época em questão.

Exemplar valorizadíssimo por afectuosa dedicatória de oferta manuscrita por Batalha Reis “Ao Dr. Ivo Cruz”; não o tendo o maestro chegado a ler por inteiro, já que grande parte dos cadernos permanecem por abrir.

22€

Prosa Doutrinal de Autores Portugueses

Prosa Doutrinal de Autores Portugueses (Selecção, prefácio e notas de António Sérgio)

Portugália Editora, Lisboa (este livro foi impresso para a Portugália Editora na Tipografia Labor). [S/d]. In-8º de 472, [IV] págs. Cart.

É extenso de duas dezenas de páginas o exórdio preliminar de Sérgio, começando depois a recolha de textos de Duarte I, Fernão Lopes, Francisco de Morais, Francisco de Holanda, Amador Arrais, António Vieira, Luís António Verney, Ribeiro Sanches, Francisco Xavier de Oliveira, José Agostinho de Macedo, Almeida Garrett, Alexandre Herculano, Antero de Quental, Oliveira Martins, Eça de Queirós, Moniz Barreto e Sampaio Bruno.

Primeira edição, primeira série.

Exemplar artesanalmente cartonado, mas aproveitando todas as faces da capa primitiva.

15€

Prosadores Portugueses do Século XVII (Vieira / Francisco Manuel de Melo)

Prosadores Portugueses do Século XVII (P.e António Vieira – Sermão: Querer e Poder ; – Carta a D. Afonso VI / F.co Manuel de Melo – Escritório Avarento (2.º Apólogo Dialogal)) // para o 6.º ano dos liceus // Prefácios e Notas de J. Dias da Silva (Professor efectivo do Liceu de Rodrigues de Freitas)

1943 / Editôra Educação Nacional, L.da (125, Rua do Almada, 125) – Pôrto. (Tip. Mendonça / R. Picaria, 30). In-8º peq. de 195, [V] págs. Br.


Não são desprovidos de interesse os bosquejos biográficos e bibliográficos preliminares que Dias da Silva dedicava aos dois seiscentistas aqui antologiados.
Pouco frequente.

Exemplar em bom estado, embora com pequenas marcas de uso.


14€

VIEIRA (1697-1997)

Oceanos (números 30/31 – Abril/Setembro 1997). (Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses). In-4º gr. de 254, [II] págs. Br.

Número duplo comemorativo do tri-centenário da morte do pregador jesuíta, no formato habitual desta revista, de boa execução gráfica e abundante e criteriosamente ilustrada.
Num total de 14, são apresentados estudos como «Uma questão de igualdade... António Vieira e a escravidão negra na Bahia do século XVII» (Magno Vilela), «Salvar-se, salvando os outros: o Padre António Vieira, missionário no Maranhão, 1652-1661» (Charlotte de Casteinau-L'Éstoile), «A obra do Padre António Vieira em Espanha» (Luisa Trias Folch), «Vieira e o domínio neerlandês da Cidade do Salvador da Bahia, 1624-1625» (Jorge Couto), «Entre Paris e Amsterdão, António Vieira, legado de D. João IV no Norte da Europa 1646-1648» (Pedro Cardim), «A linguagem da pintura portuguesa proto-barroca e a arte da parenética na obra do Padre António Vieira» (Vítor Serrão) e «Vieira e a Bahia do seu tempo» (Sílvia Meneses de Ataíde).

22€

Padre António Vieira — Cartas

Cartas (Ensaio Preambular, Selecção, Notas e Quadro biográfico-sincrónico por Mário Gonçalves Viana)

Domingos Barreira □ Editor/Livraria Simões Lopes – Pôrto. [S/d]. In-8º de 351, [1] págs. Br.

O extensíssimo ensaio preliminar, «Biografia Psicológica», de Gonçalves Viana espraia-se por metade do volume, sendo depois transcritas as 31 cartas seleccionadas (destacando-se em número as enviadas a Rodrigo de Meneses e ao Marquês de Gouveia, entre outras a destinatários vários – por exemplo, D.João IV, D.Teodósio e o Conde da Ericeira). Edição inserida na «Colecção Portugal», de que foi o vigésimo título publicado.

14€

Padre António Vieira — Sermões

Sermões (Prefaciado e revisto pelo Rev. Padre Gonçalo Alves)

1959 / Lello & Irmão – Editores (144, Rua das Carmelitas) – Porto. 5 vols. in-8º. Enc.

"Cremos honrar a nossa casa editora e honrar a nossa bela literatura clássica fazendo publicar, em nítidos volumes, a série de todos os sermões pregados pelo ilustre Padre António Vieira, o maior de todos os oradores da nossa pátria, sem rival nos púlpitos portugueses", assinalava-se no primeiro dos dois prefácios que antecedem a síntese biográfica «Sua Vida», à qual se seguem os textos aqui reunidos: num total de XV tomos distribuídos por V volumes. O formato é o habitual neste tipo de recolhas dadas a lume pela Lello, com impressão em papel Bíblia / da Índia, sendo a encadernação em pele maleável gravada a ouro nas respectivas lombadas.


125€

Padre António Vieira — Sermam da Rainha Santa Isabel

Sermam da Rainha Santa Isabel, pregado em Roma na Igreja dos Portuguezes no anno de 1674. Em Coimbra. Nas Officinas da Atlantida. E á custa da Confraria da Rainha Santa Isabel. M. CM. XLVII.

In-8º gr. de 30, [2] págs. Br.

Edição independente do sermão (peça de retórica ao melhor estilo de Vieira), revista por César Pegado, impressa em bom papel sob a direcção gráfica de Abrantes Machado. Com a reprodução gravada, na capa, do escudo de armas – conjunto pelo casamento de Isabel com o rei Dinis – de Portugal e Aragão.

Exemplar valorizado por dedicatória manuscrita de Braga da Cruz na folha de guarda (como homenagem da Confraria, de que era presidente), e pelo escudo da Confraria sobre o qual foi traçada, a Octaviano de Sá – cujo ex-libris lhe foi também aposto, tal como o de Moreira da Silva, a quem terá pertencido de seguida. Com algum desgaste na capa, entre marcas e dois pequenos rasgões; miolo em bom estado, conservando as folhas praticamente limpas.

15€

Padre António Vieira — Sermam das Obras de Misericordia

Sermam das Obras de Misericordia, que pregou a favor dos pobres o principe dos pregadores O P. Antonio Vieira, Da Companhia de Jesus, natural desta Cidade, Na Igreja do Hospital Real; com o Santissimo exposto. Reimpresso á custa De D. T. A. F. do S. Officio.

Lisboa, Com todas as licenças necessarias. Anno 1753. (Aliás: "Edição fac-similada // Comissão para as Comemorações dos 500 Anos da Santa Casa da Misericórdia do Porto // Execução Gráfica: Centro de Formação Profissional, Sector de Artes Gráficas // Tiragem: 1.000 exemplares / Porto – Outubro – 1999). In-8º de 31, [I] + [24] págs. Br.

Elegante edição comemorativa, com dois opúsculos acoplados e cobertos por um estojo de cartolina: o primeiro é o fac-simile e o segundo o estudo, da autoria de José Vale de Figueiredo, «As Portas da Graça: Discurso breve sobre a obra de Vieira».

Apesar da tiragem ainda ampla, são por qualquer razão (talvez por não/mal ter entrado no mercado) escassos os exemplares que dela vão aparecendo. Praticamente perfeito, pertenceu este à biblioteca de Moreira da Silva, de quem ostenta o ex-libris e o selo com o respectivo número.

15€

José Cardoso Pires — Cartilha do Marialva

Cartilha do Marialva ou das Negações Libertinas redigida a propósito de alguns provincianismos comuns e ilustrada com exemplos reais. Agora, em sexta edição, documentada com retratos de algumas personagens essenciais por João Abel Manta

Moraes Editores. (Composição e impressão: Tipografia Guerra, Viseu. 6.ª edição, Dezembro de 1976). In-8º de 207, [1] págs. Enc.

Bom exemplar, com ligeiro desgaste da capa mas aparentemente por estrear; selo da cooperativa livreira portuense Unicepe.

10€

José Cardoso Pires — Cartilha do Marialva

Cartilha do Marialva ou das Negações Libertinas, redigida a propósito de alguns provincianismos comuns e ilustrada com exemplos reais

Ulisseia (1966). In-8º de 191, [3] págs. Enc.

“Marialva é o antilibertino português, privilegiado em nome da razão de Casa e Sangue, cuja configuração social e intelectual se define, nas suas tonalidades mais vincadas, no decorrer do século XVIII”, assim apresentava o autor em resumo preliminar a sua interessante tese – porém insuficientemente explorada e desenvolvida, e padecendo entretanto de superficialidades e deficiências (na melhor das hipóteses; na pior, desonestidades) de leitura flagrantes, como o trecho em que se trataria depois a peça A Traição, de Camilo (exactamente o contrário do que se lhe argui, para o bem e para o mal); ou a ligeireza de apreciação do «caso amoroso» de Pascoaes, cuja filiação aqui pretendida no conservadorismo rural lusitano até mete dó, de tão disparatada.
Segunda edição, publicada seis anos após a original, que constara de apenas 350 exemplares; encadernada em tela com sobrecapa de papel.

Exemplar valorizado por dedicatória de oferta manuscrita pelo próprio Cardoso Pires.

22€

Francisco Manuel de Melo — carta de guia de casados

carta de guia de casados (edição organizada por João Gaspar Simões)

Editorial Presença | 1965. In-8º de 168, [2] págs. Br.

O prefácio de Gaspar Simões, «A «Carta de Guia de Casados» ou um Livro só para Homens», salientava entre outras coisas a de terem “evoluído tão pouco os costumes e a mentalidade dos que entre nós se deixam unir pelo Santo Sacramento do Matrimónio que em três séculos ainda lhes serve de viático um catecismo matrimonial já assaz reaccionário na época em que foi redigido” e, no final, a de apesar disso ter ele servido “de pouco ou por assim dizer de nada (...) quanto à necessidade de retardar a data em que as mulheres saberiam senão mais que os homens, pelo menos tanto como eles”. Segundo título publicado na «Biblioteca de Literatura e Crítica».

10€

Francisco Manuel de Melo – Carta de Guia de Casados

Carta de Guia de Casados (edição revista e prefaciada por Fernando de Castro Pires de Lima)

1949 —— Livraria Simões Lopes de Manuel Barreira, Editor (Rua do Almada, 119) – Porto. In-8º de 163, [V] págs. Enc.

Exemplar modestamente encadernado com a lombada em percalina gravada a dourado; conservando a face superior da capa de publicação.


12€

Francisco Manuel de Melo — Cartas Familiares

Cartas Familiares (Selecção, prefácio e notas pelo prof. Rodrigues Lapa)

Livraria Sá da Costa editora (24, L. do Poço Novo) Lisboa. (1937 — Composto e impresso na secção de «Lynotipes» de O Jornal do Comércio e das Colónias). In-8º de XXVII, [I], 289, [III] págs. Br.


No seu estudo prefacial, um dos vários que dedicou ao seiscentista e que não faria mal reeditar em conjunto..., Rodrigues Lapa asseverava que "como exemplo de graça na própria dor, as Cartas são um documento excepcional na literatura portuguesa. Sob êsse aspecto, só algumas páginas de Camilo as podem equivaler" - sobrepujando-as bastante, por muito que o oitocentista estimasse o seiscentista...

Primeira edição, alguns anos depois reeditada.

14€