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Herberto

Vejo que a morte é como romper uma palavra e passar


Uma maneira de começar este texto seria lamentar a morte do maior poeta português de sempre, mas o desfasamento de tantos séculos em relação a Camões, fundador do nosso idioma, desaconselha, por vários motivos, comparações ambiciosas de que não tenhamos a justa medida. Uma outra, única outra, seria dizer só que morreu o maior poeta português desde Camões; mas essa, ainda soando a mais a muitos, soar-me-ia a menos. Entre estes dois nomes/números inteiros, não há hipóteses de permeio: vigora entre nós, até hoje, uma espécie lacunar do princípio do terceiro excluído. Pelo que não teremos adequado panegírico para início de prosa. O que se pode é adiantar o que ninguém discutirá: morreu o poeta português de maior fôlego e mergulho mais fundo. Morreu, em suma, o maior nadador da literatura em língua portuguesa até hoje conhecida. Se não foi este o «Super-Camões», não foi nenhum. 

Herberto Helder [1930-2015]


E a morte passa de boca em boca com a leve saliva
com o terror que há sempre no fundo informulado de uma vida


Mário Gonçalves Viana — Garrett

Porto, Editora Educação Nacional, 1937. In-8º de 142 págs. Br.

Primeira edição, integrada na colecção «Figuras Nacionais».

Exemplar com a capa um tanto manchada; salvo isso, em bom estado.
 
10€

Obras de Almeida Garrett

1963 / Lello & Irmão - Editores, Porto. 2 vols. in-8º de 1968 e 2122 págs. Enc.

Uma das típicas edições monumentais da Lello em papel-da-índia (a.k.a. bíblia), com encadernação dos volumes integralmente em pele gravada a ouro; estando ambos em muito boa condição exterior, embora apresentando no miolo vestígios de manuseio e até, por vezes, acidez. 
 
Vol. I
Viagens na Minha Terra - O Arco de Sant'Ana - Helena - Bosquejo da História da Poesia e Língua Portuguesa - Ensaio sobre a História da Pintura - Escritos Diversos - Da Educação - Portugal na Balança da Europa - Memórias Biográficas - Política - Discursos Parlamentares - Cartas Íntimas - Lírica de João Mínimo - Fábulas e Contos - Sonetos - Odes Anacreônticas - Adosinda - Romances Reconstruídos - Fragmentos de Poemas Inéditos


Vol. II
Flores sem Fruto - Folhas Caídas - Camões - D. Branca - Retrato de Vénus - Romanceiro - Frei Luís de Sousa - Alfageme de Santarém - A Sobrinha do Marquês - Um Auto de Gil Vicente - Filipa de Vilhena - Tio Simplício - Falar Verdade a Mentir - As Profecias do Bandarra - O Noivado no Dafundo - Camões do Rossio - Catão - Mérope - Impronto de Sintra - Corcunda por Amor - Obras Póstumas

50€

Almeida Garrett — Romanceiro

Lisboa: Empreza da Historia de Portugal, Sociedade editora (Livraria Moderna). 1900-1901. 3 vols. in-8º de XXVI, 276, [2]; XLIX, [I], 312, [2]; e 309, [3] págs. Enc.

São os três volumes do Romanceiro da edição das «Obras Completas do Visconde de Almeida Garrett», compilando o primeiro «Romances da Renascença» e os dois outros «Romances Cavalheirescos Antigos». A edição, quinta, transcreve o curto prefácio da terceira, pela pena dos editores, e o longo da segunda, pela pena do próprio Garrett; além dos vários prefácios e introduções parcelares, como os que o escritor compusera para apresentar Adozinda e Bernal-Francez, as duas recolhas originalmente publicadas, em Inglaterra, ainda na década de 1820.

Encadernações da época, modestas, sem guarda das capas originais. Todos os volumes porém muito bem conservados.

25€

Arqueologia Literária (VIII)

Ninguém saberá ao certo, nem talvez ninguém tenha nunca sabido, da complexidade das relações que ligaram os dois nomes fundadores, e principais, do nosso Romantismo: Garrett e Herculano. De feitios tão distantes como a cigarra e a formiga da fábula (escusado dizer qual deles fosse cada uma delas), um o cúmulo da diletância e o outro o cúmulo da profundidade, sabe-se só que combateram juntos, embora em distintos batalhões, enquanto voluntários do exército liberal durante o Cerco, que depois alinharam por partidos diferentes, e que viriam até a protagonizar um tremendo despique sobre a questão da propriedade literária. Sabe-se também que sempre se admiraram reciprocamente q.b.: Garrett respeitou Herculano, apesar de ter nascido dez anos antes, porque o Lobo do Vale impunha respeito a quem quer que fosse; e Herculano também respeitou Garrett, não por ser mais velho mas por o entender o maior poeta de Portugal, só comparável a Camões (quando lhe deram a ler os textos de Folhas Caídas, na Bertrand do Chiado, adivinhou-lhes o autor por em terra lusa "mais ninguém poder compor versos assim"). No meio disto tudo, sabe-se menos do episódio que aí vai, contado pelo autor do Eurico a Gomes de Amorim, pau-de-cabeleira, confidente e biógrafo de Garrett, em carta que ele lhe pedira para as Memórias que escreveu deste último. Passa-se em 1849. Garrett, após uma das zangas amorosas com a Viscondessa da Luz, Rosa Montufar, requer asilo a Herculano no seu semi-eremitério da Ajuda, onde então preparava a Historia de Portugal. Pelo menos algumas das Folhas Cahidas, as mais róseas,  também hão-de ter estado aos pés  daquelas árvores, que por isso duplamente merecem geográfico destaque na bibliografia portuguesa.
 
"Queria vir preparar-se aqui para a solidão; queria ir viver no campo, dizer vale a Lisboa; mas sobretudo desabafar comigo. Veio. Fui tão asno que andei com ele a procurar uma vivenda rústica. E o desabafo? Nunca me disse uma palavra sobre as causas daquele excesso. Começou a sair à tarde e a vir alta noite, a ficar em Lisboa e a reaparecer inesperadamente; depois, a obrigar-me a ir com ele passear, o que me incomodava soberanamente, porque eu trabalhava então muito (prova real de que era um chapado asno, como acima disse). Nos nossos passeios (por via de regra sobre a estrada de Pedrouços) tínhamos sempre a fortuna de encontrarmos [a dita cuja]. O carrinho parava, o nosso eremita em projecto punha o pé no estribo do carro, e eu fartava-me de passear sozinho, até que o meu Santo Antão futuro acabasse o colóquio. No fim de três ou quatro meses, voltou para Lisboa sem me dizer nunca nem porque tinha vindo nem porque se ia".
 
Garrett tinha cinquenta e Herculano quarenta anos quando faziam estas figuras. Para o primeiro, seriam a coisa mais natural do mundo. Para o segundo, deviam ser pesada pena, que dificilmente imaginaremos. Naquela austeridade toda, o homem era quase um santo.

Alexandre Herculano — Historia de Portugal

Historia de Portugal desde o começo da monarchia até o fim do reinado de Affonso III, por A. Herculano / Setima edição definitiva conforme com as edições da vida do auctor, dirigida por David Lopes (Professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa) / Edição ornada de gravuras e mappas historicos executados sobre documentos authenticos debaixo da direcção de Pedro de Azevedo (Conservador do Archivo Nacional)

Livrarias Aillaud & Bertrand – 1914. 8 vols. in-8º. Enc.

O interesse principal da edição é de facto o conjunto de gravuras que ilustram o texto, seleccionadas com bom critério por Pedro de Azevedo.

Colecção completa, com todos os volumes da série encadernada pelo editor em percalina gravada a ouro. 
 
65€

Alexandre Herculano — Eurico o Presbytero

Lisboa: Typographia Mattos Moreira & Pinheiro, 1890. In-8º de IX, [I], 308, [2] págs. Enc.

A edição, décima a sair, foi inteiramente numerada e rubricada pela editora (Tavares Cardoso & Irmão), tendo a este exemplar – bem conservado e encadernado em pele  mosqueada com efeito flamejante, gravada a ouro sobre a lombada, que tem aposta uma antiga etiqueta de disposição na biblioteca do proprietário – cabido o n.º 744.
 
20€

Alexandre Herculano — Eurico o Presbítero

Eurico o Presbítero por A. Herculano (Edição crítica dirijida [sic] e prefaciada por Vitorino Nemésio. Notas e apêndices estabelecidos por Maria Helena Lucas. Glossário arábico de David Lopes, revisto por Joaquim de Abreu Figanier)

Livraria Bertrand, Lisboa.  In-8º de XXXIX, [I], VII, [I], 340, [2] págs. Enc.

O importante prefácio de Nemésio, «Eurico: história de um livro», estende-se por três dezenas de páginas.
 
Exemplar revestido também de encadernação inteira em pele, esta encomendada pela Livraria Moraes, gravada a ouro em ornatos sobre a lombada e em filete sobre as pastas, que apresentam (sobretudo, a inferior) algumas marcas de corrosão; tendo o encadernador conservado ambas as faces da capa primitiva e carminado o volume à cabeça.
 
20€

Alexandre Herculano — Estudos sobre o Casamento Civil

Estudos sobre o Casamento Civil (Por occasião do Opusculo do sr. Visconde de Seabra sobre este assumpto) por Alexandre Herculano

Antiga Casa Bertrand – José Bastos & C.ª – Editores. Lisboa. (1907). In-8º de 277, [3] págs. Br.

O amplo estudo do historiador, peça magna da polémica em geral travada com Seabra (acerca da admissibilidade do matrimónio civil, hipótese prevista pela comissão revisora do projecto de código civil – por sugestão de Herculano, dela precisamente uma das figuras de proa), integra as séries «Das tradições antigas da igreja e da nação portuguesa ácerca dos consorcios extranhos ao sacramento do matrimonio», «O casamento civil perante o concilio de Trento e perante a theologia» e «O casamento civil nas leis e costumes de Portugal depois do concilio de Trento»; acrescendo, em «Appendice» final, uma carta ao director do Jornal do Commercio. Na capa, com a chancela editorial de Francisco Alves, indicava-se ser esta a primeira edição brasileira, que no frontispício é apresentada como a terceira da ordem global; ambas as asserções (sobretudo, aquela) parecem pouco rigorosas, por vários motivos.
 
Muito bom exemplar.
 
20€