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Nos 100 anos da Grande Guerra


Não abonará muito o que segue em favor da ciência histórica, mas, via de regra, a melhor maneira de conhecer a panorâmica, o ambiente, de um qualquer período é a literatura. Por cá, bem se sabe que quem queira abarcar o nosso séc.XIX constitucional não tem melhor do que ler Camilo. Como para preparativos, implantação e sequelas logo consecutivas da República, dificilmente haverá melhor do que as Memórias de Raul Brandão. Quanto a uma visão geral, em espaço e tempo, da I Grande Guerra não nos ficou - o que é curioso - nenhum documento que de modo indiscutível sobreleve. A ter de escolher algum, seria talvez as Memórias da Grande Guerra, de Cortesão. Ainda esse, porém, visão parcial e pessoal, quase em registo diarístico, do conflito; além de mais especulativo e divagante, à maneira Renascença Portuguesa.
 
Da bibliografia estrangeira, sabe pouco quem isto escreve. Mas começaria por destacar um belo romance ainda recente de poucos anos, escrito naquele andante majestoso em cujas elegância e fluência a prosa francesa não tem igual: Des Âmes Grises (Almas Cinzentas), de Philippe Claudel. E, bem mais antigo, o livro de memórias que Stefan Zweig - prosa alemã, seca e sensaborona, apesar de adjectivadíssima, quase sempre fraca, mas que muito vai valendo pelas quantidade e riqueza de apontamentos - ensaiou pairando por toda a primeira metade do século passado. Foi o último que escreveu, antes de se suicidar no exílio brasileiro, em 1942, quando dava por certa a vitória nazi na II Grande Guerra. É a esta, ao período entre-guerras e à I que mais capítulos o volume consagra. Vai ser por isso, na parte que aqui interessa, uma espécie de livro-de-bordo em bibliographias durante as próximas semanas, inteiramente dedicadas ao centenário da contenda.

[A 28 de Julho, faz hoje cem anos, o ministro austríaco do exterior, Leopold von Berchtold, declarava guerra à Sérvia]

Jerónimo Corte-Real ― Sucesso do Segundo Cerco de Diu

Sucesso do Segundo Cerco de Diu (Códice Cadaval 31 - A N T T.) / Introdução de Martim de Albuquerque / (sob o patrocínio da Academia Portuguesa da História) 
 
Edições Inapa / Lisboa, 1991. In-4º gr. de 24, [6] págs. + [43] ff. de estampa. Enc. 
 
Uma das sempre primorosas edições Inapa, integrada na colecção «História da Cultura Portuguesa» dirigida pelo próprio Martim de Albuquerque sob a supervisão artística de João Paulo Abreu Lima. Impressa sobre bom papel encorpado, com execução da Litografia Nacional, apresenta na introdução, decorada com capitais da época e o brasão do autor, uma breve biografia de Jerónimo Corte-Real (entre alguns apontamentos literários e históricos) e depois, a toda a extensão do volume, o fac-simile das iluminuras que compôs. A encadernação, gravada a ouro, tem aposto na frente, em cliché colado, o desenho da portada.

Exemplar por estrear, em condição irrepreensível.

35€

Georges Lefebvre ― O Nascimento da Moderna Historiografia

Sá da Costa Editora. (1981). In-8º gr. de XIV, 370 págs. Br.

Presumível primeira edição portuguesa, baseada na que a Flammarion publicara dez anos antes, «resgatando», com alguns acrescentos e correcções, a original, que o Centre de Documentation Universitaire fizera sair logo à época da prelecção deste curso (ainda na década de 40).

Foi a tiragem de 3000 exemplares, conservando-se este, por estrear, em muito bom estado, apesar de prejudicado pelas manchas – pequenas e regulares – que pontuam a capa.
 
10€

Sérénade Portugaise

Sérénade Portugaise (Créée et enregistrée sur disque Columbia par Tino Rossi — / Créée au Concert et enregistrée sur disque Gramophone par Léo Marjane / Paroles et Musique de Charles Trenet)

Éditions Vianelly, en dépôt aux Éditions Raoul Breton. 3, Rue Rossini, Paris (9.e). (MCMXXXVIII). Folha única in-4º. Br.

Deverão ser já pouco comuns – em Portugal, serão mesmo raros – os exemplares do folheto, que apresenta no interior a pauta com a música e a letra e, no reverso, a lista de títulos de “Quelques Succès de Charles Trenet”. Existe uma variante (adquirida na mesma fonte, e também à disposição em bibliographias) em tudo igual, mas impressa a azul e não a rosa.
 
10€  

Fiama Hasse Pais Brandão ― Âmago I

 Âmago I - Nova Arte

Porto, Editora Limiar. 1985. In-8º de 72, [8] págs. Br.

Primeira edição de um dos livros principais da autora (cujo título foi recentemente aproveitado na antologia dada a lume pela Assírio&Alvim), integrada na colecção «Os Olhos e a Memória»; com capa e direcção gráfica de Armando Alves. Inclui na aba a transcrição de um excerto de um texto crítico de Luís de Miranda Rocha sobre Fiama e a sua posição na poesia portuguesa contemporânea.

Exemplar novo, em estado quase impecável – descontando pequenas marcas, sem particular importância, na capa.
 
15€

Feira do Livro de Viana do Castelo


A partir de  sábado, com expositor de bibliographias : dele se destacando um conjunto de monografias e títulos vários da bibliografia minhota e, já é hábito, amplo acervo de literatura portuguesa.

O horário corre das 17 às 24 h (uma da
manhã, nos fins de semana) . Da programação complementar constam a apresentação de livros e encontros com escritores, às 18h, no próprio recinto, e «painéis» vários de debate, às 22h, na Biblioteca Municipal; além de animação infantil, exposições diversas, música, teatro, etc.

De 19 de Julho a 3 de Agosto, no jardim da Marginal. Entrada livre.

Lloyd C. Douglas ― A Túnica

Lisboa, Editorial Minerva. MCMXLVIII. In-8º gr. de 607, [1] págs. Enc.

Primeira das muitas edições portuguesas deste famoso romance histórico, com tradução de Caio Jardim.

Exemplar revestido de uma bela encadernação com a lombada em pele gravada a ouro e demarcada por casas fechadas no encaixe; conservando a capa de brochura.

20€

Pierre Loti ― As Desencantadas

As Desencantadas (Romance dos haréns turcos contemporâneos / Trad. de Manuel Ribeiro)

Livraria Editora Guimarães & C.ª. Lisboa. [S/d - 1938?]. In-8º de 268, [4] págs. Enc.
 
Esta versão do escritor alentejano deverá ter sido a primeira das muitas já publicadas por cá, e esta a segunda edição dela (a primeira saíra em 1912).
 
Exemplar revestido de modesta encadernação coeva, sem a capa original.

5€

Pierre Loti ― O Meu Irmão Yves

O Meu Irmão Yves / (Traducção revista por José de Freitas Bragança)

Casa Editorial Hispano-Americana. Paris. [S/d]. In-8º de 318, [2] págs. Enc.

Edição já muito invulgar, publicada na série «Auctores Escolhidos» de uma casa ainda hoje em actividade (embora, salvo erro, apenas como livraria).

Exemplar revestido de encadernação semelhante à que acima se refere.
 
10€

Feira do Livro de Valongo/Ermesinde

Começa amanhã à noite e decorre até domingo a feira do livro do município de Valongo, tendo por cenário, como é já costume, o Parque Urbano de Ermesinde, junto à estação da CP.

Haverá expositor de bibliographias

Uma biblioteca é uma biblioteca é uma biblioteca


É esta a nova biblioteca de Almere (cidade holandesa próxima de Amesterdão, toda ela moderníssima), cuja câmara a encomendou a uma sociedade de arquitectos sob condição expressa de que fosse concebida como livraria. A ideia parece, à primeira vista, muito engraçada, e justificar-se-á no caso pelo contexto, mas parte de premissa errada, desde há algum tempo constituída, garantem-nos a cada passo, em novo «paradigma»: o da «idade da informação», que se sobreporá a séculos da anterior, para este efeito nomeada «documental». No que aqui vem a propósito, devem as bibliotecas (mais clássicas e antigas incluídas, eis o ponto) perder a bem composta gravitas e tornar-se centros “dinâmicos”, com etéreos e permanentes “fluxos” de informação, em que, como numa livraria generalista, esteja o cliente/utente reverenciado no primeiro plano (convindo chamar-lhe a atenção seja de que modo for), e o documento - coitado - devolvido ao estatuto funcional, utilitário, que sempre deveria ter sido o dele. Um bom bocado como os nossos «planos nacionais» de leitura, por exemplo. Uma e outra coisa lembram, no desajeitado voluntarismo, aquelas anedotas em que o fundamental é ajudar a velhinha a atravessar a rua, mesmo quando ela não quer.
 
Há disto correspondência portuguesa, aliás bem conhecida e já espalhada de norte a sul do território. Toda uma visão festivaleira e folclórica do livro e da leitura que parece ter vindo para ficar, bastante promovida país - autarquias - bibliotecas municipais fora pela «gestão cultural» que pretende extremadamente contrastar com a apatia e a burocracia funcionárias à moda lusa que dirige. [Em comum, uns e outros e por regra, a falta mesmo no singular daquilo a que resolveram chamar, no plural, «hábitos de leitura». E de alguma sensatez, já agora]  

Past and Present Associations between Japan and Portugal

(Na capa: Souvenir Book relating to the Past and Present Associations between Japan and Portugal // compiled by F. X. da Silva e Souza, Kobe // for the Historical Exhibition to be held in Lisbon in 1940)

[Presumível nota de impressão em caracteres japoneses]. In-4º de 238, [1], 46, [2], 8, 9, 8, [1], 44, [1] págs. + [1] desd. Br.

Silva e Sousa, então o cônsul português em Kobe, explicava em nota preliminar ter optado pela língua inglesa por assim supor a edição acessível simultaneamente aos seus compatriotas e aos japoneses; lamentando-se do menor aprumo nesse idioma, que seria – e foi-o, de facto – mais do que compensado pela profusão de interessantes fotogravuras reproduzidas ao largo do volume. Afora os textos e apontamentos diversos sobre a história de cada um dos países e as descobertas lusíadas, com particular foco nas do oriente e nas sucessivas relações estabelecidas entre Portugal e o Nippon (delas constituindo o livro importantíssimo documento), desde as primeiras embaixadas e missões jesuítas, séculos fora, serão de destacar três dezenas de páginas dedicadas a Venceslau de Morais – a quem o autor sucedera no consulado e aqui dedicava notas várias, apresentando, entre outras coisas, alguns retratos e o longo texto do testamento, redigido dez anos antes da morte. Da riqueza e variedade das fotografias e geral ilustração talvez não valha a pena falar (porque seria isso quase outro testamento), cabendo apenas referir, no final do livro, um dossier dedicado à digressão do presidente Carmona pelas colónias africanas (perpassa, aqui e em mais alguns pontos, certa propaganda ao Estado Novo, como era então habitual), a que se seguem mapas estatísticos e publicidade.

O exemplar pertenceu ao polígrafo Neves Águas, de quem tem colado o ex-libris, e, ainda que em boa condição geral, está um tanto desdourado por algum desgaste da capa (cartonada): principalmente, da percalina que reveste o encaixe.
 
40€

Frazão de Faria ― Curso Popular de Inglês

1960. Edição do Autor. In-4º de 253, [3], 16 págs. Br.

Do prefácio: “O Curso Popular de Inglês foi preparado especialmente para todos aqueles que desejarem aprender a língua inglesa sem professor e como tal possui características próprias e bem diferentes das dos vários livros de ensino normalmente utilizados. Na elaboração deste compêndio houve a preocupação dominante de possibilitar o conhecimento do essencial da gramática inglesa e do vocabulário suficiente para compreender o inglês falado e manter uma conversação formal”.

Destaque, em cada uma das 30 lições, para a secção «Mecânica do Idioma», que, além do estritamente gramatical (vocabulário, ortografia, pronúncia, etc.), deixa abundantes notas de interesse sobre a evolução da língua e explica expressões habituais e termos de uso corrente.

Não deverão ter sido muitos os exemplares impressos, apresentando este algumas marcas na capa e ao alto das primeiras folhas; de resto, em bom estado no miolo, sem falhas relevantes a destacar. 
 
7€