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Uma biblioteca é uma biblioteca é uma biblioteca


É esta a nova biblioteca de Almere (cidade holandesa próxima de Amesterdão, toda ela moderníssima), cuja câmara a encomendou a uma sociedade de arquitectos sob condição expressa de que fosse concebida como livraria. A ideia parece, à primeira vista, muito engraçada, e justificar-se-á no caso pelo contexto, mas parte de premissa errada, desde há algum tempo constituída, garantem-nos a cada passo, em novo «paradigma»: o da «idade da informação», que se sobreporá a séculos da anterior, para este efeito nomeada «documental». No que aqui vem a propósito, devem as bibliotecas (mais clássicas e antigas incluídas, eis o ponto) perder a bem composta gravitas e tornar-se centros “dinâmicos”, com etéreos e permanentes “fluxos” de informação, em que, como numa livraria generalista, esteja o cliente/utente reverenciado no primeiro plano (convindo chamar-lhe a atenção seja de que modo for), e o documento - coitado - devolvido ao estatuto funcional, utilitário, que sempre deveria ter sido o dele. Um bom bocado como os nossos «planos nacionais» de leitura, por exemplo. Uma e outra coisa lembram, no desajeitado voluntarismo, aquelas anedotas em que o fundamental é ajudar a velhinha a atravessar a rua, mesmo quando ela não quer.
 
Há disto correspondência portuguesa, aliás bem conhecida e já espalhada de norte a sul do território. Toda uma visão festivaleira e folclórica do livro e da leitura que parece ter vindo para ficar, bastante promovida país - autarquias - bibliotecas municipais fora pela «gestão cultural» que pretende extremadamente contrastar com a apatia e a burocracia funcionárias à moda lusa que dirige. [Em comum, uns e outros e por regra, a falta mesmo no singular daquilo a que resolveram chamar, no plural, «hábitos de leitura». E de alguma sensatez, já agora]