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Luis Sepulveda [1949-2020]

Morreu o escritor chileno Luis Sepulveda, antigo guarda-costas de Salvador Allende e guerrilheiro sul-americano com pinta (e sangue) indígena que foi o primeiro caso conhecido do «Corona» em Portugal, embora apenas aqui passasse de fugida.
Justamente ao nosso país, vivendo na vizinha Espanha, sempre manifestou o romancista grande estima, que dizia ter começado logo na juventude: preso após o golpe de Pinochet, contava que a tortura diária fôra interrompida por um dia a 25 de Abril de 1974 com a seguinte justificação: "vocês hoje ganharam em Portugal". Mais tarde, numa das muitas deslocações que cá viria a fazer, um agente nosso compatriota destacado no aeroporto, não decerto nenhum destes que agora mataram guturalmente um ucraniano, tê-lo-ia deixado logo passar só por ter lido o seu livro mais célebre, O Velho que lia Romances de Amor.
Salvo umas primícias ainda no Chile aos 20, esse, aos 40 anos, era o seu primeiro título publicado. Manifesto ecológico-literário sob a forma de novela, tomando como pano de fundo a exuberante selva amazónica, entre o Chile e o Brasil, com um protagonista criado no meio dos índios, já é à partida difícil não gostar - ainda por cima bem escrito, um realismo menos mágico e mais enxuto, mais sóbrio, pouco dado ao palavroso fogo de artifício habitual no género sul-americano, por exemplo na outra «best-seller» chilena neta de Allende.
Igualmente famoso no nosso meio editorial e livreiro é o infanto-juvenil História de uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar; entre outra abundante bibliografia.