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Albert Uderzo [1927-2020]

Nestes tempos em que quase nada circula, sobretudo notícias, passou relativamente despercebida a morte de um dos co-criadores de Astérix, Albert Uderzo, a quem o céu caiu por cima da cabeça * na passada semana (René Goscinny finara-se em 1977).
Por vontade do ilustrador que até no facto de ter nascido com seis dedos em cada mão era excepcional, a série deveria terminar quando ele lhe terminasse a derradeira prancha, mas entretanto não resistiu à tentação de vender os direitos à Hachette, que naturalmente (mas infelizmente) lhe quis dar continuidade e mais lucro, não se limitando aos títulos já publicados e pretendendo continuá-la. Para o efeito contratou há alguns anos um novo argumentista e um novo desenhador, cujos nomes nem fixámos nem vamos fixar, e é claro que não só o traço como o texto (talvez este mais ainda) ficaram muito a perder. 
 
Aqui fica a homenagem de um dos tantos leitores infanto-juvenis que quando começavam qualquer dos livros da colecção só o largavam no fim, a eito, mesmo que pelo meio estivesse por exemplo uma viagem de carro e tivessem de enjoar pelo caminho.
Quem padecer de dúvidas sobre que tipo de livros incluir em Planos Nacionais de Leitura e quejandos, não tem muito que saber. Não devia ter.
 
* Um dos leit-motivs de força da série, baseou-se com certeza numa célebre tirada do guerreiro gaulês Breno, que numa expedição pelos inícios do séc.IV a.C. invadiu e saqueou Roma como se nada fosse, algo que só Aníbal poderia ter repetido e só oito séculos depois várias tribos germânicas viriam a repetir. Algum dos habitantes de uma cidade assustada ter-lhe-á perguntado se não havia nada de que ele tivesse medo. Breno ter-se-á rido e respondido qualquer coisa como "Medo? Só se for de que o céu me caia em cima da cabeça..."
Chama-se a atenção para um aspecto que cá passou sempre despercebido, se é que não passou também em França: é que a própria figura de Astérix parece basear-se num quadro artístico do saque de Roma pelo comandante gaulês.