fotografia antiga da Avenida das Tílias, no Palácio |
Após negociações falhadas com a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (por que há-de ser necessário negociar com a APEL a organização de uma feira do livro local, perguntará ao corporativismo lusíada o munícipe, se ingénuo, e perguntará bem) para a já em 2013 anulada (nisso esteve Rio, por uma vez, certo) Feira-do-Livro-do-Porto-como-ultimamente-a-conhecíamos, resolveu a CMP encarregar- -se, ela própria, da organização em Setembro da de 2014, nos jardins do Palácio de Cristal, garantindo que, a partir de agora, o modelo é este. Dirá o mesmo munícipe ingénuo, de novo com razão, que para isso foram por cá introduzidas, ainda na primeira metade do século passado, as feiras do livro, antes de orientadas – enquanto meio, e não só enquanto fim – ao negócio. Dirá também nesse passo que o logo fundamento delas é o interesse do cidadão como leitor; e não (ou só muito acessório) o do livreiro; e não, esse é que não, o do (grande) editor. Dirá ainda que não entende, nem a pretexto do «programa paralelo», por que diabo se precise «apoiar» (leia-se “pagar a”) quem já vai, justamente, ganhar dinheiro e não tem dele falta nenhuma. Dirá por fim, sem dúvida e aqui sem sombra de ingenuidade, ser Setembro ou Outubro uma altura, em inovação, bem melhor do que Junho: o início de temporada é mais promissor do que o final. Aprovando, portanto, a medida na generalidade e na especialidade.
Falta agora que este caderno de intenções seja efectivamente cumprido. E que ninguém na CMP se lembre entretanto de adjudicar, por ajuste mais ou menos directo, a coisa a quem (já há para isso ofertas de generosíssima «disponibilidade», uma delas bastante previsível...) não faça senão reproduzir, em pequeno, vícios vários da APEL, acrescentando-lhes aliás mais alguns. Rui Moreira afirma-se um liberal; e o liberalismo genuíno, não sendo nunca famoso na sua faceta mais económica, é apesar de tudo sempre preferível a uma falsa social-democracia (que nisto como no resto nos governa, sem intervalo, quase desde o 25 de Abril). Quer dizer: faça-se assim, conforme anunciado: uma feira aberta a todos, com condições iguais para todos, sem capelas, sem palmadinhas, sem «apoios públicos» e demais desperdícios, deixando o mercado assegurar as maiores oferta e variedade possíveis: entre livros mais novos e mais velhos, entre livrarias mais ricas e mais pobres, entre editoras mais concentradas e mais independentes. Os leitores portuenses (ainda os vai havendo) com certeza agradecem e escolherão o que bem ou mal entenderem.
(p.s.: Aleluia para isto: a Invicta reassumindo o seu velho papel de mostrar como se faz. Não seja fogo de vista nem isolado episódio)