
Não sabendo se alguém o notou, nem se a pintora alguma vez o chegou a referir, parece indiscutível ser o primeiro rosto - fileira da frente, à esquerda - o de Pascoaes (que Maria Helena dizia apreciar): é, sem tirar nem pôr, o desenho de um dos seus, assumidamente toscos, auto-retratos. A custo se discutirá que à direita na segunda linha estejam os de Pessoa e Eça. E, em subida progressiva, quase se juraria ainda reparar nos de Régio, Cesariny, Aquilino e Ruben A. (primo da escritora), para não jurar que o (ainda mais) taciturno ao lado de Pascoaes seja o de Camilo, e que a mulher à porta do prédio fosse a própria Sophia, e a mais ao alto a própria Maria Helena - hipóteses, mesmo assim, nada de descurar. Escusado reforçar o ponto com alguns casos já de dúvida, entre gente nacional e estrangeira, sobretudo francesa (Proust e Char, por exemplo). O que temos como certo chega para perceber que o mote, A Poesia está na Rua, foi levado à letra e de maneira radical: não era só a poesia, era a palavra em sentido amplo. Dirão os neo-cépticos / neo-austeros / neo-liberais (paremos por aqui, para o novo parar de estragar o velho...) que a simples ideia disso não passa de literatura.