Era noite de Inverno, longa e fria.
Cobria-se de neve o verde prado,
O rio se detinha congelado,
Mudava a folha a cor que ter soía.
Quando nas palhas de uma estrebaria,
Entre dois animais brutos lançado,
Sem ter outro lugar no povoado
O Menino Jesus pobre jazia.
— Meu filho, meu Amor, porque quereis
(Dizia sua Mãe) nesta aspereza
Acrescentar-me as dores que passais?
Aqui nestes meus braços estareis;
Que se vos força amor sofrer crueza,
O meu não pôde agora sofrer mais.
[Fr. Agostinho da Cruz]