“Tão brando se tornou o Anarquismo que, em lugar de destruir, na sua cólera de semanas, centenas de moradas e milhares de vidas, como no século XIV, tem apenas em longos meses causado duas mortes, e rachado vinte paredes. Tão branda se tem tornado a ordem que, em vez de matar com simplicidade e alegria sete mil desordeiros numa só tarde, como o conde de Foix e os seus cavaleiros que eram a ordem do século XIV, se perturba quando atacada, e grita, e treme, e a si mesma ansiosamente pergunta se não deve desaparecer para dar lugar a outra ordem mais igual e mais justa. Que é tudo isto senão o mundo avançando seguramente para a Bondade, fim supremo do Ser?
E se assim é, o Primeiro de Maio, tão temido, tem de ser
marcado com traço de ouro, porque nos mostra maior doçura, maior paz entre os
homens - e como outrora, neste dia de renovação primaveril da terra, deveremos,
em agradecimento aos deuses, pendurar à nossa porta ramos de giesta em flor.”
Longa e pouco conhecida crónica publicada pelo escritor
português na Gazeta de Notícias do Rio de Janeiro, onde tinha colaboração
regular; inédita em volume até à primeira edição deste, saída em 1979; composto
pela Intergráfica com impressão na Tipografia Lugo.
Bom exemplar.
10€