Primeira edição do livro, mais do que simples "nova versão", tamanhas as alterações e a extensão (em dobro), de Plano Inclinado, o romance de estreia do autor – que apenas assim escrevia na sua nota introdutória "ao público e à crítica - pelo menos àquela parte da crítica que tem por hábito ler os livros sobre que se pronuncia". Como a de Povo, saído no ano seguinte, teve também a capa ilustrada por um então novíssimo Júlio Pomar em início de actividade. E muitos anos passaram até que a série, Maria, "Para todas as que na vida, à semelhança da personagem deste romance, trilham o caminho áspero e negro da servidão", conhecesse sequência, já durante a época moçambicana de Ribeiro.
Precisamente a propósito de Povo, que ontem apresentava no «Público» no que talvez tenha sido, até agora, o melhor dos textos introdutórios (fraquinhos quase sempre, aliás) da colecção «Livros Proibidos», Luís Andrade realçava o facto de a Censura ter permitido esta um ano antes e só interditar a segunda, ainda aumentada, que viria a sair nos anos 60; salientando esse aspecto que, por regra, se deixa passar em claro, camuflado pelas ideias generalizadas (em grande parte, justíssimas) sobre a indigência intelectual dos censores: o de o Lápis Azul ter amiúde funcionado com base num juízo eminentemente político de oportunidade, a que a questão, chamemos-lhe, 'moral' não serviria senão de disfarce.
Exemplar em bom estado, descontando alguns vestígios de acidez ao longo do volume e de traça no pé das folhas finais. Conserva todo o corte das folhas por aparar e foi valorizado por um autógrafo do próprio Afonso Ribeiro na folha de guarda.
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