Tradicionalmente, é a folha de rosto o «salão nobre» do livro, onde consta, quase sempre, a indicação do título e da editora; sendo também frequentes nome do autor e data de edição; e podendo apor-se-lhe tudo o que bem aprouver (simbologia nobiliárquica, tontices e efeitos cómicos de vário tipo e ex-libris e emblemas do escritor ou da casa editora eram comuns, por essa ordem, até finais do séc.XIX, início e meados do XX; mas estão hoje em desuso, se se fala dos principais - e cada vez mais carneirinhos, graças a deus - nomes da edição portuguesa).
O melhor modo de dar uma ideia da importância dela é lembrar que, mandam as regras bibliográficas, em caso de discrepância entre os dizeres respectivos e os da própria capa, devem prevalecer aqueles. (Fazia isto cá todo o sentido até meio, 3/4 do séc.XIX, quando literatura e edição sofrem um valente abano, porque sucedia com frequência o livro não ter sequer uma capa, como hoje a entendemos: havendo amiúde apenas uma folha incaracterística, em papel de embalagem ou outro qualquer, sem nenhum vestígio de impressão, a revestir a brochura; que, às vezes, era publicada só, de todo despida. Com o tempo, a norma tornou-se, em parte, obsoleta, por muito ter a importância da capa, evidentemente, aumentado entretanto. Quando a data desta e a do rosto são distintas, por exemplo, parecerá de bom senso preferir a primeira para aferir da publicação, por a execução ser aí, com poucas excepções, posterior à da impressão do volume, sobretudo se é mesmo isso que se anuncia. Enfim, minudências agora, em plena era digital, cadastro para tudo e mais alguma coisa, residuais, porventura sobrando a propósito de editoras marginalíssimas e que se recusem a apresentar, ao menos, qualquer site na web. Conjunção bastante improvável)