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"O sol de inverno põe-se sobre cidades e aldeias; deixa no mar um caminho rosado, como se os Sagrados passos estivessem ainda frescos à superfície da água. Uns poucos mais de instantes, e cai a pique, e a noite aí vem, e as luzes começam a brilhar na paisagem. Do lado da colina além da cidade informe e difusa, e na sossegada imobilidade das árvores que circundam o campanário da aldeia, as recordações estão talhadas em pedra, plantadas em flores vulgares crescendo na relva, entrançadas com humildes sarças em volta de abundantes montículos de terra. Na cidade e na aldeia, há portas e janelas fechadas contra o frio, há achas que ardem empilhadas ao alto, há rostos alegres, há uma sadia música feita só de vozes. Sejam todas as indelicadezas e mágoas excluídas dos templos dos Deuses Lares, mas que sejam admitidas com ternura e ânimo essas recordações! Pertencem a este tempo e a toda a sua reconfortante e pacífica tranquilidade; e a esta história que reúne ainda na própria Terra os vivos e os mortos; e à generosa beneficiência e bondade que demasiados homens tentaram desfazer em finos pedaços."     

Neste final do dia de véspera de Natal, eis o final correspondente daquele que pode bem ser o mais maravilhoso texto sobre ele alguma vez escrito, e que parece estar inédito em Portugal até hoje. Já o traduzimos e já vamos tratar disso, embora porventura com um atraso ainda superior ao dos reis; e nem é por sermos intransigentemente republicanos, mas porque o verdadeiro Mago desta mais mágica época do ano, como se sabe, foi mesmo o inglês Charles Dickens. (Além de que eles iam de camelo pelo meio do deserto, o que parecendo difícil é bastante mais fácil do que andar pelo desgraçado Porto deste da (des)Graça de 23)
Cá vos daremos conta disto em breve.
Entretanto, ficam os votos de uma rica (de espírito) Noite para tod@s as leitoras e os leitores desta página.

Bom Natal