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Alberto Manguel, cidadão português

Para quem se tenha esquecido, como foi o nosso caso, vimos lembrar que Alberto Manguel já iniciou a sua participação na revista do «Expresso» (em Novembro!, valha-nos Deus). E a coisa ainda é melhor do que já se imaginava. Pegue-se por exemplo na primeira em que pegámos, publicada há cerca de um mês (na imagem). Uma longa digressão em três páginas acerca do tema do «confinamento», repescando exemplos de confinamento na literatura e na história, dedicada sobretudo à ama (uma refugiada judia alemã) que o educou e à vida de semi-confinamento que o próprio Manguel levou na infância, já na altura submerso em livros: um regalo. É um luxo ter algo assim na tão pobrezinha imprensa portuguesa, e justifica por si só pagar os 5€ do «Expresso» e respectivos suplementos. Uma simples maxi-«crónica» na revista vale bem os 5€ e merece que se as coleccione. (Quem quiser ler «online» - há gostos para tudo... - paga muito menos)
Sem qualquer exagero, é provável que não se visse nada assim na nossa imprensa desde as crónicas de Raul Brandão há um século, dispersas por jornais como esse mesmo «O Século», o «Correio da Manhã» (era outra louça...), o «Diário de Notícias» e a «Revista de Portugal». Brandão escrevia melhor do que o argentino, é certo; mas este ganha-lhe no «hipertexto» e na forma tão enleante como encadeia e associa ideias de leitura, aspecto em que suplanta o seu próprio «mestre» Jorge Luis Borges. Leitura maravilha para quem as lê, em suma.

Considerem-se avisados.