“Há cem anos que nasceu Afonso Costa. Foi, porventura, entre 1910 e 1930, o mais querido e o mais odiado dos Portugueses. O seu nome simbolizou toda uma política, mesmo um regime, até. Endeusaram-no como talvez ninguém neste país, desde D. Miguel e até Salazar. Como eles, tornou-se um mito, um Messias, depois de ter sido arauto de uma situação e o estadista que, acaso mais a radicou em sete anos apenas de acção intermitente, mas fecunda. Esteve sempre entre os dois mais votados candidatos republicanos ao Parlamento, onde quer que se propusesse jamais perdendo uma eleição desde 1906. Ninguém lhe levou a palma em popularidade real e persistente, em presença viva junto de todas as camadas populares, do Minho ao Algarve, nem sequer Bernardino Machado com seu chapéu pronto a cumprimentar ou António José de Almeida com sua honestidade proverbial e seus arroubos de alma mística. O seu retrato apareceu reproduzido milhares e milhares de vezes, em livros, em jornais, em cartazes, em panfletos, em azulejos, em pratos de barro e de latão, em bustos que se vendiam nas lojas de Lisboa e nas feiras de Trás-os-Montes (...) O ódio que lhe tiveram também não conheceu limites”, assim começava a introdução desta que é ainda hoje a principal biografia de referência sobre o porém fugaz (1910-1917) estadista, entre «velhas» e «novas» (das quais foi a primeira); integrada na colecção «a Obra e o Homem».
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