Antes de Saramago, o único romancista português a conhecer em vida assinalável projecção no estrangeiro foi um hoje quase esquecido Ferreira de Castro - vencedor, por essa razão, do prémio internacional mais digno de nota atribuído a um ficcionista luso antes do Nobel que há 20 anos consagrou o autor de Memorial do Convento. Chamava-se, como o velho cinema e o extinto café literato do Porto onde um antepassado romancista jeitosinho - Camilo Castelo Branco - assentava arraiais, «Águia de Ouro»; mas foi concedido pelo município de Nice, onde então se organizava um importante festival literário. Teve nesse ano (1970) que distinguiu um dos nossos Emigrantes a sua primeira edição, correspondente à segunda do certame, que continua a realizar-se até hoje.
O júri era de peso: além do novelista lisboeta Joaquim Paço de Arcos, incluía, entre outros, nomes como os de Hervé Bazin, Jean Albert Sorel, Miguel Angel Asturias, Alba de Cespedes, Gore Vidal e Isaac Singer. E foi o próprio Paço de Arcos quem contou a história.
Depois de sucessivos filtros, alinhavam-se no final como principais candidatos Ferreira de Castro, Lawrence Durrell e Konstantin Simonov - e recorde-se que quer o inglês quer o russo viriam a ganhar o Nobel. As coisas pendiam para Durrell, senhor já nessa época de muita fama, até que no almoço decisivo o criador de Ana Paula diz ter sacado um discurso em louvor do seu compatriota tão mas tão eloquente que conseguiu a eleição por unanimidade: mencionando-se explicitamente que se premiava também a importância da literatura portuguesa; donzela, como se sabe, até aí pouco habituada a panegíricos e pedestais.
Mas talvez pouco se saiba deste episódio, que por isso aqui fica.
O júri era de peso: além do novelista lisboeta Joaquim Paço de Arcos, incluía, entre outros, nomes como os de Hervé Bazin, Jean Albert Sorel, Miguel Angel Asturias, Alba de Cespedes, Gore Vidal e Isaac Singer. E foi o próprio Paço de Arcos quem contou a história.
Depois de sucessivos filtros, alinhavam-se no final como principais candidatos Ferreira de Castro, Lawrence Durrell e Konstantin Simonov - e recorde-se que quer o inglês quer o russo viriam a ganhar o Nobel. As coisas pendiam para Durrell, senhor já nessa época de muita fama, até que no almoço decisivo o criador de Ana Paula diz ter sacado um discurso em louvor do seu compatriota tão mas tão eloquente que conseguiu a eleição por unanimidade: mencionando-se explicitamente que se premiava também a importância da literatura portuguesa; donzela, como se sabe, até aí pouco habituada a panegíricos e pedestais.
Mas talvez pouco se saiba deste episódio, que por isso aqui fica.