É «só» uma lenda, mas daquelas que logo metem num bolso a própria História, e bastante plausível dado o indivíduo em questão: a coroação da Rainha Morta. Nunca se deixou de contar que Pedro, quando da transladação dos restos mortais de Inês de Coimbra para Alcobaça, obrigou a côrte inteira a desfilar no cortejo, em plena noite, madrugada dentro; e a beijar depois no Mosteiro os ossos do esqueleto daquela que com intrigas condenara, ou ajudara a condenar, na que terá sido a mais tétrica cerimónia da História de Portugal. Documentos, crónicas, afirmações históricas disto? Nada. E mesmo assim nisto apostaria o autor destas linhas, sem pestanejar entretanto, todos os seus reais. Euros, perdão.
De qualquer maneira, o cortejo é que não terá sido tão tétrico como esta gravura alusiva de João Carlos, que padece de um erro grave: Pedro não ia apoiado em ninguém. Iria lutuoso, mas altivo e feroz na perseguição da sua ideia. Intocável.
Percebe-se a intenção, mas é absurda.
.
.