Com alguma injustiça, Sarah Afonso é hoje quase só lembrada como a mulher de Almada Negreiros - por trás de um grande homem, por trás de um grande pintor e escritor, etc. Mas ela mesma foi sempre uma interessantíssima artista, apesar de, logo após casada, ter decidido apoiar o marido e dedicar-se sobretudo às lides domésticas. No desenho, solto, fresquíssimo, é que talvez mais longe a senhora poderia ter ido. Mas mesmo os óleos, pintados entre uma desenvoltura falsamente naif e a estilização típica do autor de Nome de Guerra, são muitas vezes encantadores. Este, além do mais, representa uma figura feminina ela mesma encantada - pela leitura, como sói acontecer.
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