Primeira edição, ilustrada por Lúcio na capa, que o exemplar tem já ligeiramente corroída; mal mais do que compensado pela dedicatória manuscrita que o autor nele apôs em 1971.
15€
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Não é só das comercialmente mais bem situadas, é ainda uma das mais castiças (e antigas, somando várias gerações consecutivas) livrarias do Porto, daquelas que nenhum livreiro se importaria de remoer, encantado pela sobreloja em dossel que ao alto o cercaria. O único defeito evidente a apontar-lhe será mesmo este, o ex-libris, cujo dístico reza assim: "mesmo velho, é um bom amigo". Ora, se tal advérbio já pareceria inapropriado no caso humano (lembro por exemplo, aliás com saudade, o meu amicíssimo avô, abraçando-me risonho de cada vez que lhe entrava pela casa dentro fosse a que hora fosse: e não há, podem crer, nenhuma amizade jovem que valha isto), mais impertinente parece tratando-se de livros, que só não substituem no nosso adágio o vinho do Porto porque a lusa raça sempre foi mais dada à bebida do que à leitura. Dos novos, poucos livros têm graça. Dos velhos - já para não falar dos antigos, propriamente ditos - quase todos a têm. É até possível que daqui por cem anos alguém folheie o lixo que hoje se edita com o condescendente sorriso que fazemos ao pegar naquelas altamente improváveis brochuras de 1915: não as da Grande Guerra, mas as que, entre outras maravilhas, ofereciam receitas para as mulheres perderem a barba (juro que não estou a inventar).
A doença da escrita, o mal d'écrire, como lhe chamam em França, ataca indistintamente toda a gente, sem diferença de idade, nem de sexo, nem de caligrafia, nem de coisa nenhuma, - pessoas vacinadas e por vacinar, livres do recrutamento ou ainda sujeitas ao tributo de sangue, com folha corrida ou sem haverem corrido essa folha, sãos como sãos, doentes como doentes, em maca, ou pelo seu pé. É a grande epidemia cerebral do nosso fim de século, caracterizada pelas hemoptises da tinta, pelo vómito negro da prosa. E o grande horror deste contágio, é que o contaminado engorda na mesma peçonha que destila, e, maçando em tão prodigiosa maneira os outros, nem morre, como tanto seria para desejar, nem sequer sofre nada ele mesmo; antes se tem notado, com estupefacção, que quem pior escreve melhor passa!
Silva de Historia e Arte (Notícias Portucalenses) / Mestres de pedraria, carpintaria, escultura e ensamblagem. Pintores. A Sé do Pôrto e seus anexos. Mosteiros. Igrejas e Capelas. A Tôrre de Pero Sem. Calmels e o monumento a D. Pedro IV. O Pôrto como meio musical.