catálogo on-line

Livraria / Editora / Alfarrabista } { Porto bibliographias@gmail.com

.

.

Vida Devota (IV)

Uma pastora meio-selvagem das Ardenas, que nunca vira outro espectáculo mais grato ao seu coração do que as cabras que guardava, foi um dia trazida das suas serranias a Paris, quando no boulevard passava, com a tricolor ao vento, um regimento em marcha. A pobre donzela fez-se branca como a cera, e só pôde murmurar, numa beatitude suprema:
- Jesus! tanto homem!
Eu sei que estou aqui fazendo o papel ridículo desta pastora, e balbuciando, com a boca aberta como se chegasse também das Ardenas:
Jesus! tanto livro!
Mas não é este grito, como o da pastora, natural?
O beduíno do deserto de Oeste, que, passando a Serrania Líbica, avista pela primeira vez, imenso, lento, enchendo um vale, o rio Nilo, exclama espantado:
- Alá! tanta água!
A água é a sua preocupação: todas as tristezas das areias que habita vêm da falta da água: mais que ninguém sente as maravilhas que a água produz; e no seu grito há uma tímida repreensão a Alá! "Tanta água aqui, e tão pouca lá de onde eu venho!..."
Assim eu venho... Mas o resto da comparação complete-a, antes, o leitor astuto.
 

(Eça de Queirós, Acerca de Livros, in Cartas de Inglaterra. Mas está bom de ver que tudo isto já foi mais assim.)

Eça de Queirós ― A Illustre Casa de Ramires (segunda edição)

Porto: Livraria Chardron / Lello & Irmão, editores, 1904. In-8º de 547, [3] págs. Enc.

São já bastante invulgares também os exemplares desta segunda edição; tendo este sido encadernado em tecido sintético imitando pele, sem as capas de publicação – e conservando-se bem cuidado, salvo uma assinatura de propriedade sobre a folha de rosto.

25€

Eça de Queirós ― Correspondência

Porto: Livraria Chardron, de Lello & Irmão. 1925. In-8º de XVI, 312 págs. Enc.

Primeira edição, ilustrada pelo conhecido retrato do escritor desenhado por António Carneiro e prefaciada pelo seu filho, José Maria – que, na «Introducção», justificava a publicação em volume de uma série de cartas “escolhidas com paciencia e escrupulo, e que, pela elegancia da forma ou os assumptos que versam, (me) pareceram dignas de publicidade”. Dessas 84 missivas destacam-se, em número, as enviadas a Ramalho e, mais ainda, a Oliveira Martins, além das outras aos condes de Arnoso, Ficalho e Sabugosa e a Luís de Magalhães, Mariano Pina, Alberto de Oliveira, etc.; salientando-se uma, muito reverencial, a Camilo, em que lhe pedia colaboração para a projectada Revista de Portugal que depois viria a dirigir.
 
Exemplar da série encadernada pelo editor.

28€

Eça de Queirós ― Correspondência

Porto: Livraria Chardron, de Lello & Irmão. 1925. In-8º de XVI, 312 págs. Enc.

Exemplar revestido de uma encadernação da época com a lombada (levemente solta na metade inferior) em percalina gravada a ouro. Bom estado, sem falhas de maior: apenas alguns vincos e muito pontuais vestígios de acidez.

25€

Eça de Queirós ― Correspondência

Porto: Livraria Chardron, de Lello & Irmão. 1925. In-8º de XVI, 312 págs. Br.
 
Exemplar da série comum, em brochura, prejudicado por defeitos exteriores e frequentes manchas de acidez ao largo do volume.
 
15€

Eça de Queirós ― Cartas Inéditas de Fradique Mendes

Cartas Inéditas de Fradique Mendes e mais Paginas Esquecidas

Porto: Livraria Chardron, de Lello & Irmão, L.da / editores – (Rua das Carmelitas, 144) – 1929. In-8º de XLVII, [I], 298, [2] págs. Enc.

O volume abre com um In Memoriam de José Maria de Eça de Queirós (filho), cuja morte temporã os editores assim assinalavam em página preliminar; seguindo-se o longo prefácio que o primogénito do escritor ainda chegou a deixar pronto para publicação, e no qual, entre outras coisas, defendia Eça das acusações de plágio – sabemos hoje que em vão, por já ter sido suficientemente demonstrado.
São as «Paginas Esquecidas» a justificar e a ocupar a esmagadora maioria da edição, recolhendo textos e artigos dispersos como «Poetas do mal» (sobre Poe, Baudelaire e Flaubert), «Idealismo e realismo», «Os «Vencidos da Vida»», «El-rei D. Luiz», «A revolução do Brazil», «O ultimatum».
 
Exemplar da série encadernada pelos editores em percalina, mas padecendo já de alguns defeitos: assinatura de propriedade no anterrosto, pequeno rasgão no rosto, esparsas marcas de acidez, ligeiro amarelecimento do papel nas margens, etc.
 
20€

Eça de Queirós ― Cartas Inéditas de Fradique Mendes

Cartas Inéditas de Fradique Mendes e mais Paginas Esquecidas

Porto: Livraria Chardron, de Lello & Irmão, L.da / editores – (Rua das Carmelitas, 144) – 1929. In-8º de XLVII, [I], 298, [2] págs.
 
Exemplar da série comum em brochura, excepcionalmente bem conservado.
 
25€ 
 

Eça de Queirós ― Ultimas Paginas

Ultimas Paginas (manuscriptos ineditos): S. Christovam – S.to Onofre – S. Frei Gil – Artigos Diversos / segunda edição

Porto: Livraria Chardron, de Lélo & Irmão, editores – 1917. In-8º de VII, [I], 500, [4] págs. Enc.
 
Para além das biografias que viriam a dar origem ao volume independente «Lendas de Santos», o livro inclui ainda um longo artigo («O Francezismo», alegado mal do nosso país, “traduzido do francez em vernaculo”), uma das crónicas inglesas («Testamento de Mecenas»), uma «Ultima carta de Fradique Mendes» e, chamariz principal, uma extensa, curiosíssima e descaradamente hipócrita carta a Camilo – pretendendo, ou nem isso, convencê-lo de que a sátira publicada num artigo aos escritores ditos «românticos» que, vituperando o realismo, escreviam depois nas capas dos seus livros o apelativo «romance realista», para não dizer «romance obsceno», não era para ele (nem para «A Corja», nem para o «Eusebio Macario»…).
   
Exemplar da série encadernada pelo editor em percalina gravada a ouro (lombada e pasta superior) e a seco, tendo à frente a efígie de Eça.
 
17€

Eça de Queirós ― Ultimas Paginas

Ultimas Paginas (manuscriptos ineditos): S.Christovam – S.to Onofre – S.Frei Gil – artigos diversos / sexta edição

Porto: Livraria Chardron, de Lello & Irmão, editores – (Rua das Carmelitas, 144) – 1937. In-8º de VII, [I], 425, [3] págs. Enc.

Exemplar revestido de uma boa encadernação em material sintético a imitar pele. Conserva a bonita frente da capa de brochura (que parece aguarela de Alberto Sousa) e foi aparado por inteiro.
 
15€

Eça de Queirós ― O Conde d'Abranhos

O Conde d’Abranhos: apontamentos biographicos e reminiscencias intimas por Z. Zagallo seu secretario particular e A Catastrophe (setima edição)

1945 / Livraria Lello & Irmão – editores (144, Rua das Carmelitas) – Pôrto. In-8º de XXI, [I], 290, [2] págs. Enc.

Aproveita as edições anteriores, de que é praticamente decalcada – incluindo o conhecido retrato de Eça desenhado a sanguínea por António Carneiro e apresentado em folha destacada de papel couché na anteportada.

Exemplar bem encadernado em pele pontilhada com gravações a ouro na lombada. Conserva ambas as faces da capa original e foi aparado por inteiro.
 
10€

Eça de Queirós ― Contos

1934 / Livraria Lello, Limitada – Editora, Proprietária da Livraria Chardron (144, Rua das Carmelitas) – Pôrto. In-8º peq. de [8], 331, [1] págs. Enc.

Colectânea de contos organizada postumamente e pela primeira vez publicada em 1903 – sendo dessa edição original aqui transcrito o prefácio. O livro começa com o mais conhecido “Singularidades de uma rapariga loura”, que aliás inspirou e deu título a um dos últimos filmes de Manoel de Oliveira; seguindo-se-lhe «Um poeta lírico», «No moinho», «Civilização», «O tesoiro», «Frei Genebro», «Adão e Eva no Paraíso», «A aia», «O defunto», «José Matias», «A perfeição» e, também badalado, «O suave milagre».

Exemplar revestido de boa encadernação em material sintético imitando pele, com a lombada gravada a dourado. Conserva a frente da capa de brochura.

15€

Eça de Queirós ― Contos

1946 / Livraria Lello & Irmão, Editores (Proprietários da Livraria Chardron) – Porto. In-8º de [8], 331, [1] págs. Enc.

Exemplar revestido de sóbria encadernação com lombada em pele gravada a ouro. Conserva a frente da capa original e foi aparado por todo. Picos de acidez ao longo do volume e sobre o papel nas folhas iniciais.

14€

Livro do Centenário de Eça de Queiroz

Edições Dois Mundos (Livros do Brasil, Lda. – Lisboa / Livros de Portugal, Lda. – Rio). In-4º de 716, [4] págs. Br.

Com organização de Lúcia Miguel Pereira (parte brasileira) e Câmara Reis (parte portuguesa), o volume, conforme explicava a primeira no seu prefácio, resultou de um convite que lhe foi feito por Jaime Cortesão, reunindo “Homens de gerações e de tendências diversas” que aqui “trazem o seu depoïmento sobre Eça de Queiroz, com aquela sinceridade que é a melhor homenagem a um artista de seu porte, a quem não diminuem as divergências” – entre os brasileiros, Gilberto Freire, Álvaro Lins, Aurélio Buarque de Holanda, José Lins do Rego, Manuel Bandeira, Gilberto Amado, por exemplo; portugueses, Hernâni Cidade, Ferreira de Castro, António Sérgio, Jaime Brasil, Fidelino de Figueiredo, Adolfo Casais Monteiro, João de Barros, Sant’Anna Dionísio, João Gaspar Simões, Roberto Nobre, Manuel Mendes, Adriano de Gusmão, João Pedro de Andrade, etc.; e «internacionais» da craveira de Roberto Giusti, Roberto Ibañez, Raimundo Lazo, Antonio Espina, Aubrey Bell e Philèas Lebesgue. Do prefácio da ensaísta saliente-se também a ideia de uma influência de Eça nos escritores brasileiros superior à do próprio Machado de Assis, durante as décadas finais de XIX e as iniciais de XX. Como será de salientar o retrato, então inédito e ainda hoje pouco conhecido, de Eça composto por Abel Salazar e reproduzido em folha preliminar de papel couché (outras são apresentadas ao longo do volume com manuscritos, fotogravuras e ilustrações).  
 
Bom exemplar.

35€