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Boletim bibliográfico 4/2024

O último do ano, abarcando grosso modo o último trimestre de 2024, tem naturalmente como epicentro (literário) o centenário do primeiro «Manifesto Surrealista» de André Breton - que aqui comparece com vários dos seus «compagnons-de-route», «alentours» e precursores. Estão também a nossa estadia alentejana, representada por Florbela Espanca e Mariana Alcoforado; os 90 anos de Jorge de Alarcão; o centenário de O'Neill; e várias «antiguidades» e novidades editoriais independentes, como costume.

Disponível para consulta
 

Charles Dickens — O Natal, à medida que envelhecemos

bibliographias, livraria editora (Impressão: Papelmunde / Dezembro 24). In-16º de 16 págs. Br.

Aquele que é um sério / o mais sério candidato a mais belo texto natalício alguma vez escrito tem enfim a sua primeira edição portuguesa, acabada hoje mesmo de sair, 173 anos depois da publicação original.
O preço abaixo indicado não é engano, é mesmo o melhor e mais barato presente de Natal que imaginar se possa. Palavra de livreiro-tradutor-editor.

4€

Pascoaes — O Bailado

Officina Noctua, 2024. 

Já cá aguardávamos há algum tempo esta edição especial, artisticamente ilustrada por Mário Peixoto, que vem também q.b. a propósito no ano em que se comemora o primeiro Manifesto do Surrealismo – deste livro que o seu grande divulgador e principal adepto, o nosso surrealista Cesariny, afirmava ser, 3 anos antes, “surrealista sem o surrealismo”. E por coincidência, ao chegar às oficinas gráficas onde ficou a preparar o nosso próprio livrinho de Natal, estava este a acabar de sair… O fantasioso português Pascoaes e o fantasista inglês Dickens, lado a lado; não parece mal.

Disponível, como de costume nas publicações desta galeria de arte e editora amarantina, em duas séries: uma comum, de 270 exemplares; e uma especial, dentro de estojo e acompanhada de uma serigrafia, numerada e assinada pelo artista, de apenas 30.

17€ / 40€

Heiner Müller — Poemas (1944-1995)

officina noctua (2022). In-8º de 71, [V] págs. Br.

Bonita edição, ilustrada por José Pereira, com a recolha das traduções compostas por Adolfo Luxúria Canibal, vocalista dos Mão Morta, para o espectáculo «Müller no Hotel Hessischer Hof» (1997) - estando em Portugal, já nem espanta que só duas décadas e meia depois alguém se tenha enfim lembrado de concretizar esta ideia óbvia...
Tiragem de 250 exemplares na série comum; à qual acresce uma outra de apenas 30 com as respectivas ilustrações e capa em serigrafia, encadernados manualmente, numerados e assinados pelo tradutor e pelo ilustrador. Em baixo estão os preços respectivos.

15€ / 50€

Heiner Müller — A Missão e outras peças

(Organização, tradução e posfácio de Anabela Mendes / Ilustrações e capa de José Castanheira)

a páginas tantas / Teatro / Lisboa  1982. (em Março de 1983 foi composto e impresso na sociedade industrial gráfica telles da silva, em lisboa). In-8º de págs. Br.

O volume recolhe «O Horácio», «Mauser», «A Máquina-Hamlet», «A Missão», «O Pai», «Anúncio de Morte»; rematados pelo texto crítico final da tradutora, em panorâmica, apresentando o autor ao público português «A Des-Construção da História - A propósito de Heiner Müller e de algumas das suas peças». A tradução de Anabela Mendes teve a colaboração do acima apresentado em nome próprio João Barrento, dinamizador desta «cooperativa de serviços culturais», editoriais inclusive.

15€

Franz Kafka — Le Procès (Der Prozess) / nouvelle édition

Le Procès (Der Prozess) / nouvelle édition, enrichie des variantes du texte original / Traduit de l'allemand avec une introduction par Alexandre Vialatte / Préface de Bernard Groethuysen

nrf / Gallimard, Paris (achevé d'imprimer sur les presses de l'Imprimerie Moderne (...) a Montrouge (Seine), le cinq octobre mil neuf cent soixante). In-8º de 349, [III] págs. Br.

Publicado na mesma colecção do anterior, sendo de bastante proveito quer a introdução do tradutor (que dedicou esta sua versão a Jean Paulhan), quer o prefácio do ensaísta de Antropologia Filosófica, salvo erro o seu único livro traduzido por cá.

12€

Franz Kafka — La Métamorphose (traduit de l'allemand par Alexandre Vialatte)

nrf / Gallimard, Paris VIIe (achevé d'imprimer sur les presses de l'Imprimerie Moderne (...) a Montrouge (Seine), le trente août mil neuf cent soixante et un). In-8º de 219, [V] págs. Br.

Além do mais célebre que lhe deu título, o volume, saído na colecção «Du Monde Entier», integra outras prosas de Kafka: outra novela, «Le Verdict», e os contos/textos curtos «Le Nouvel Avocat», «Un Médecin de Campagne», «La Galerie», «Une Vieille Page», «Devant la Loi», «Chacals et Arabes», etc. 

10€

Feira do Livro de Natal - Sociedade Martins Sarmento, Guimarães

Como habitualmente nos últimos anos, entre uma série de livrarias vimaranenses, também esta ex-«vimaranense» adoptiva participa a título de convidada na imperdível Feira do Livro de Natal da Sociedade Martins Sarmento.
Durante o resto do ano pode não ser, mas no Natal - não se sabe se por lá ter «nascido» a «nacionalidade», até porque há quem defenda com muito bom critério que foi noutra terra «nossa», Santa Maria da Feira - é Guimarães, entre as suas luzes e o seu prenúncio de início de Inverno, a mais bela cidade portuguesa (Santa Maria com o seu castelo vem logo a seguir). 
Se a isto se acrescenta uma bela duma Feira do Livro...

Há uns dias Guimarães já estava linda, ainda as luzes se começavam a preparar.
A partir de hoje é mesmo para visitar. Não percam.

Federico García Lorca — A morte da mãe de Charlot

A morte da mãe de Charlot / La muerte de la madre de Charlot (colección gallo verde, 19)

Ediciones El Gallo de Oro. (Esta edición se terminó de imprimir en el mes de mayo de 2022 en Printhaus, Bilbao). In-8º de 51, [I], [ii] págs. Br. 

Primeira edição portuguesa (bilingue, acompanhada do texto original castelhano) de um texto quase desconhecido por cá, redigido por Lorca antes da viagem aos Estados-Unidos e, curiosamente, dando à prosa uma toada surrealista semelhante à que de lá depois traria o seu esse sim tão conhecido Poeta em Nova Iorque.
Graficamente engraçadíssima, com capa e maquetes muito bem apanhadas de Yolanda Isasi, o único senão desta edição, ainda assim imperdível, foi algum descuido na tradução de Fernando Llarco – o que é pena, porque também teve soluções bastante boas ao verter o texto para o nosso idioma.

12€

Herberto Helder — La Muerte sin Maestro / A Morte sem Mestre

La Muerte sin Maestro / A Morte sem Mestre // Traducción de José Luis Puerto

Ediciones El Gallo de Oro (noviembre de 2016). In-8º de [ii], 87, [2], [iii], [ii] págs. Br.

“La Muerte sin Maestro viene a ser el testamento poético de Herberto Helder. Y funciona como un rito. El poeta, a la altura de la edad, en el umbral entre vida y muerte, en ese finis gloriae mundi en que se encuentra, vuelve a pronunciar -con exaltación y melancolía y con un lenguaje irracionalista, versicular y deslumbrante- los principales motivos de su decir poético: amor, eros, fascinación ante la figura de la mujer... y siempre, como telón de fondo, la vibración de un cosmos incesante.
A cinta editorial cita o poeta espanhol Antonio Gamoneda que dizia ter sido e ser então ainda este “o maior dos poetas contemporâneos da Europa, pelo menos”.  

15€

Feira do Livro de Portalegre

Por simpático convite da Livraria Nun'Álvares, que a organiza com o apoio do município, a bibliographias marca presença a título de visitante na Feira do Livro de Portalegre - decorre até domingo, nos belos claustros do convento de Santa Clara onde mora a biblioteca.
Na(s) banca(s) teremos muito do costume: uma selecção de editoras independentes, incluindo algumas novidades publicadas nos últimos meses; fundos variados; e aqui também um friso de livros mais antigos (com primeiras edições) do vila-condense José Régio, «padroeiro» literário desta cidade onde deu aulas durante décadas e onde ficaria quase até morrer.
Na memória, já que de morrer se fala, teremos o Paulo Vidal Nazaré, amigo desta casa e um dos mais habituais comentadores desta página - que viajou para muito mais longe e nos deixa saudade.

Se estiverem por perto (leia-se: menos de 100 kms), passem por cá. 

André Breton — El Surrealismo: Puntos de Vista y Manifestaciones

Barral Editores / Barcelona, 1972. In-8º peq. de 309, [X], [v] págs. Br.

Com tradução de Jordi Marfà, o volume recolhia as entrevistas – Entretiens (1913-1952) – concedidas por Breton ao homónimo André Parinaud e transmitidas na Radiodifusão francesa; cujo texto foi depois reelaborado pelo próprio entrevistado para publicação em livro. Entrevistas que tiveram mais tarde edição portuguesa, primeiro nas Edições Salamandra e recentemente na Antígona. 

10€

André Breton — Manifestos do Surrealismo

Livraria Letra Livre, 2016. In-8º de 358 págs. Br.

A edição, mais recente entre nós publicada deste(s) livro(s) fundamental(is), aproveita a tradução de Pedro Tamen já utilizada em edições anteriores noutras casas; agregando os dois manifestos, os prolegómenos a um terceiro manifesto, textos variados e Poisson Soluble, que justifica a capa de Luís Henriques.

16€

Nos 100 anos do «Manifeste du Surréalisme»

Comemora-se hoje precisamente um século sobre a publicação do primeiro Manifesto do Surrealismo, de 
André Breton, saído dos prelos em Paris a 15 de Outubro de 1924. "Para sempre" é muito tempo, mas o mínimo que se pode dizer é que mudou a História da Literatura («malgré lui») pelo menos para mais outro século... Desde o Romantismo progenitor, e até hoje, não apareceu nada que se lhe possa sequer equiparar. Além disso, que é objectivo (mas não acaso), mudou também a relação de muitos de nós com a leitura e a literatura, com a arte, e até com a vida, o que não parece pouco. De resto, e sem especular demasiado, serão bastantes os livreiros que, se o surrealismo não tivesse existido, provavelmente não o seriam (livreiros) - e por conseguinte muitas livrarias, em Portugal e no estrangeiro, nunca teriam chegado a abrir portas. "O ser que desejas, existe": interpretando por extenso, assim nasceram editoras, assim nasceram livrarias. 

Imaginários Portugueses (Antologia de Autores Portugueses Contemporâneos)

Imaginários Portugueses (Antologia de Autores Portugueses Contemporâneos) // António Arnaut ● Bento da Cruz ● Ernesto Rodrigues ● Fernando Campos ●  Fernando Dacosta ● Francisco José Viegas ● João de Melo ● José Manuel Mendes   José Saramago ● José Viale Moutinho ● Lídia Jorge ● Manuel Alegre ● Maria Graciete Besse ● Maria Judite de Carvalho ● Maria Ondina Braga ● Mário de Carvalho ● Mário Cláudio ● Mário Dionísio ● Natália Correia ● Urbano Tavares Rodrigues ● Vasco Pereira da Costa ● Virgílio Martinho ● Wanda Ramos

(Fora do Texto 1992 - impressão e acabamento da Tipografia Lousanense — Lousã). In-8º de 295, [VII] págs. Br.

Depreende-se do prefácio dos editores (explicando ser esta Fora do Texto a continuação da coimbrã Centelha) terem os textos que compõem o volume sido disponibilizados graciosamente pelos respectivos autores; alguns deles editados pela casa. Apresenta no final uma útil bibliografia dos participantes, decerto preparada pelos próprios, e que serve por exemplo para verificar que a de Urbano Tavares Rodrigues era só até 1992 mais vasta do que toda a que conhecíamos.  

Exemplar com ligeiro desgaste da capa; fora isso, sem defeitos significativos.

14€

José Saramago — Discursos de Estocolmo

Fundação José Saramago [S/d - 2018?]. In-8º de 23, [I] págs. Br.

Edição comemorativa do 20º «aniversário» do único Prémio Nobel português, para o qual tinha já Pascoaes estado na short list nos anos 40 e outros nomes depois mais ou menos aventados: Aquilino, Ferreira de Castro e Torga, pelo menos. Reproduz o longo discurso pronunciado na Academia Sueca a 7 de Dezembro de 98 («De como a personagem foi mestre e o autor seu aprendiz») e o mais breve no banquete do Nobel, a 10; finalizando com uma pequena resenha biográfica de Saramago. 


Vários exemplares disponíveis; e também na edição anterior em português, inglês e castelhano, com capa diversa.

5€ (P.V.P.)

In Memoriam Ruben Andresen Leitão

(Acabou de imprimir-se em tipografia e offset em Março de 1981 nas Oficinas Gráficas da Casa da Moeda). 3 vols. in-4º gr. de 328, [6] págs.; 281, [7] págs.; e [8], 43, [15], [12] págs. + [25] ff. de estampa. Br.

Promovida por um grupo de amigos e simples admiradores do autor d’A Torre da Barbela, entre os quais Alexandre O’Neill, Veríssimo Serrão, Palla e Carmo e Sommer Ribeiro, a edição integra bibliografia, correspondência e fotografias de Ruben A., mas ocupando a maior parte dos dois primeiros volumes os depoimentos de homenagem de tanta gente que só se cita, a título de exemplo, os nomes que seguem: C. R. Boxer, Freitas Branco, António Cruz, Artur de Gusmão, Eduardo Lourenço, Pina Martins, Mourão-Ferreira, João Cabral de Melo Neto, Palma-Ferreira, Blanc de Portugal, António Quadros, Tomás Ribas, Orlando Ribeiro, Hein Semke, Gaspar Simões, Marcelo Rebelo de Sousa, Torga, Jorge Amado, Eduardo e Jacinto do Prado Coelho, Oliveira Marques, Raul Rego. O terceiro volume, impresso sobre encorpado papel couché mate, ajunta versos e trabalhos artísticos de, também por exemplo, a prima Sophia, Raul de Carvalho, Cinatti, Natália Correia, Ana Hatherly, Pedro Homem de Melo, Nemésio, Ramos Rosa, Jorge de Sena, Alberto de Serpa, Pedro Tamen, Sarah Afonso, Almada, Fernando de Azevedo, Carlos Botelho, Cargaleiro, Dourdil, Menez, Emília Nadal, Júlio, Skapinakis, Arpad Szenes e Vieira da Silva.

Exemplares embalados, por estrear, em fundo de edição.

60€

Feira do Livro do Porto

Entrou hoje na última semana a 11ª edição da nova Feira do Livro do Porto, que leva agora uma década (2014-2024) desde a inauguração do novo formato nos tão maravilhosos jardins do Palácio de Cristal.

Esta vossa livraria tem à vossa espera no «anexo» ao largo da Avenida das Tílias boa parte dos catálogos de (muito) boas editoras independentes portuguesas e espanholas (e «mistas» galegas), que representa no certame: a Companhia das Ilhas, a Figueirinhas, a Fundação José Saramago, a luso-belga portuense-bruxelense Orfeu, a galega e mui lorquiana e recomendável Alvarellos, a madrilena La Umbría y La Solana (talvez a editora estrangeira com maior publicação actual de autores portugueses - o editor também é galego...), a valenciana Pre-Textos (geralmente a mais considerada editora independente do país-vizinho), etc. 

Também os fundos de catálogo de interessantes editoras portuguesas, galegas e espanholas (e francesas), algumas em actividade e outras já saudosas: a Abysmo, a Através, a Cotovia, a Estampa, a João Sá da Costa, a Relógio d'Água, a Teorema; entre algumas mais.

Até domingo, dia 28. Pavilhão 104

Manuel António Pina — Dito em Voz Alta (Organização de Sousa Dias)

Pé de Página Editores (Abril de 2007). In-8º de 127, [I] págs. Br.

"Estas entrevistas têm também esse atributo: são coisas raras que nos despertam a curiosidade por nos darem a conhecer o lado de dentro de um poeta nas suas relações com o que escreve, com o que lê, com a cidade onde vive, com os gatos com que partilha a existência, com a infância, o amor, a memória, a morte, enfim, com os grandes temas que atravessam a sua obra e, claro, com a própria vida, aquilo que motiva as interrogações de que é feita a sua poesia" [Do prefácio de Inês Fonseca Santos] 
Conjunto de entrevistas por A.A.Lindeza Diogo e Osvaldo Manuel Silvestre (talvez a mais interessante), Carlos Vaz Marques, Ana Marques Gastão, Sarah Adamopoulos, etc.
Edição original, há uns anos reeditada noutra(s) casa(s). 

Exemplares por estrear, em fundo de edição.

10€

Cartas de Eugénio de Andrade a Jorge de Sena / António Oliveira (org.)

(Letras & Coisas / Livros Arte Design). (Impressão e Acabamento: Rainho & Neves / 25 de Abril de 2015). In-8º gr. de 67, [1] págs. Br.

As cartas aqui reproduzidas haviam sido devolvidas a Eugénio por Mécia de Sena (irmã de Óscar Lopes) após a morte do marido, tendo-lhe o poeta de As Mãos e os Frutos remetido igualmente as do seu correspondente. Vale citar desde logo a primeira, de 30 de Maio de 1955, ano e meio após a morte do propriamente Eu-Génio que adoptou o pseudónimo Pascoaes: "Diga-me quando puder qualquer coisa sobre a antologia do Pascoaes. Não voltou a pegar-lhe? Era bonito aparecermos com isso no próximo inverno. Quando passar pelo Porto previna-me". A segunda, de Novembro do mesmo ano, falava de um amigo não menos genial de Pascoaes - Federico García Lorca.

10€

Eugénio de Andrade — inéditos ou quase

inéditos ou quase (Poemas inéditos, dedicatórias e variantes poéticas de Eugénio de Andrade) // Prefácio: Arnaldo Saraiva   Organização e texto: António Oliveira

(imagem e layout: Aurélio Mesquita  1.ª edição: Agosto de 2024  impressão: Greca artes gráficas). In-4º gr. de 167, [i] págs. Br.

Do prefácio de Saraiva: “Eu sabia da existência na Fundação e fora dela de alguns textos eugenianos inéditos (poucos), de variantes inéditas de textos editados (muitas) e de textos inacabados ou imperfeitos (alguns); sabia, até por exemplos como ainda o de Pessoa, que mais tarde ou mais cedo seria inevitável a sua publicação e poderíamos ter de nos confrontar com o delicado problema da inclusão ou exclusão da sua obra canónica. (...) António Oliveira refere oportunamente vários casos em que a vontade expressa de um autor foi desrespeitada por amigos ou editores, e que isso contribuiu afinal para a sua maior glória, ou redundou em benefício para os leitores. Não admira que se tenha empenhado tanto na publicação de “inéditos ou quase” (...), como os que já distribuíra por obras como Cartas de Eugénio de Andrade a Jorge de Sena, Correspondência de Eugénio de Andrade a Dario Gonçalves, e Fotobiografia de Eugénio de Andrade” (temos todos na livraria).  
A edição é do próprio António Oliveira, investigador eugeniano a quem Dario Gonçalves doou o seu espólio, no qual este trabalho quase exclusivamente se baseia.   

27€ 

Eduardo Lourenço — Ocasionais I

Ensaios / A Regra do Jogo, Edições. (1984). In-8º gr. de 117, [I] págs. Br.

Entre outros, agrupa os ensaios A Europa e a Morte, D.A.F. de Sade ou o Anel de Giges, Alexandria Ano Zero ou a 26ª Hora, Humanismo e Terror ou a Denúncia do Pacifismo Hipócrita, Sentido e Não Sentido do Moderno. Para um Conceito Actual de Modernidade, Um Tradicionalismo Nietzschiano, Para um Congresso Nacional de Escritores, Estranha Claridade sobre o Mito de Lorca, A propósito de Freyre (Gilberto), Explicação pelo inferior ou a crítica sem classe contra Fernando Pessoa.
Primeira edição; primeiro e salvo erro único volume publicado, pelo menos sob este título. 

14€

Boletim bibliográfico 3/2024

Composto quase todo em Julho, o boletim de Verão tem em destaque a França e a literatura francesa, mas também algumas novidades editoriais independentes, algumas raras antiguidades francesas e portuguesas, etc.

A consultar no sítio do costume:

Leo Lania — Hemingway

Hemingway (texte français de Claire Guinchat)

Hachette (1963). In-4º de 140, [II] págs. Enc.

Fotobiografia do escritor norte-americano desde a infância à morte, com uma riqueza documental apreciável e sobretudo uma qualidade ainda mais apreciável das ilustrações - tendo o álbum sido impresso numa oficina alemã; são por exemplo extraordinárias duas imagens da guerra civil espanhola, onde Hemingway esteve, uma de Madrid após bombardeamento aéreo franquista e outra de barricada republicana em Barcelona.
Logo de início, Lania começava por explicar por que óbvia razão esta fotobiografia o é também de tanta primeira metade do século XX, tendo em conta que o biografado andou por todo o lado e que a sua influência "sur la génération d'entre les deux guerres dépasse en importance et en durée celle de tout autre écrivain contemporain".
Publicado na colecção «Les Écrivains par l'Image», o volume foi encadernado em tela revestida de sobrecapa de papel plastificado, esta última com um pequeno restauro no exemplar.  

15€

Marguerite Duras — Moderato Cantabile

Portugália Editora. In-8º de 162, [VI] págs. Br.

Volume publicado na colecção quase sempre de belas capas «o livro de bolso», da qual também temos muitos outros.

Bom exemplar.

10€

Marguerite Duras — A Amante inglesa

Publicações Europa-América (composto e impresso na Sociedade Astória, em Lisboa, (...) e concluiu-se em Outubro de 1969). In-8º de 175, [V] págs. Br.

Quinto título publicado na «Colecção Nova Literatura».

Bom exemplar, possivelmente por estrear, embora com ligeiras marcas na face inferior da capa.

10€

Pietro Citati — Ulisses e a Odisseia (A Mente Colorida)

Livros Cotovia (2005). In-8º de 298, [II] págs. Br.

"Tendo como fio condutor que o maior dom de Ulisses e, por consequência, a raíz da sua singularidade, é possuir uma mente de "muitas cores", que lhe fornece "as qualidades do verdadeiro artesão: uma inteligência subtil e cheia de recursos, o sentimento preênsil da matéria [...], a capacidade de explorar o que é imprevisível, momentâneo, casual"; seguindo este fio, Citati narra alguns dos momentos mais decisivos da "Odisseia", reconstituindo, a cada passo, o seu percurso como leitor ávido de Homero - (...) apresentando-nos as ideias que as aventuras de Ulisses lhe foram suscitando ao longo dos anos.
O testemunho de um leitor, "Ulisses e a Odisseia: A mente colorida" é, antes de tudo, uma singular porta de entrada no universo de Homero."

Último exemplar restante.

15€

Dramaturgias Emergentes — Volume Um

na capa:) Dramaturgias Emergentes — Volume Um // Antes dos Lagartos, Pedro Eiras / Arte da Guerra, Fernando Moreira / Balancé, Ângela Marks / Dorme Devagar, João Tuna / O Espantalho Teso, Jorge Louraço Figueira

Centro de Dramaturgias Contemporâneas – Porto / Livros Cotovia – Lisboa. (Acabou de imprimir-se em Junho de 2001 na Tipografia Guerra (Viseu) numa tiragem de 1000 exemplares). In-4º de 232, [IV] págs. Br.

"Em Outubro de 1999, o DRAMAT - Centro de Dramaturgias Contemporâneas do Teatro Nacional de São João deu início, no Teatro Rivoli do Porto, a uma oficina de escrita teatral destinada a um pequeno grupo de autores iniciantes. Alguns deles eram muito jovens, outros nem tanto; alguns estavam ligados ao meio teatral, outros à academia, à docência ou à investigação científica em áreas diversas; poucos eram os que tinham uma ou outra peça encenada ou publicada, muitos os que sonhavam tê-las, ou que as mantinham guardadas nas gavetas".

Exemplares por estrear.

12€

Dramaturgias Emergentes — Volume Dois

Dramaturgias Emergentes — Volume Dois // Farol, Joaquim Paulo Nogueira / Os Nomes Que Faltam, Carlos Alberto Machado / O Parque dos Piqueniques, José Mora Ramos / Stormy Weather, Marcela Costa / O Violino do Avô Africano, Helena Miranda

Centro de Dramaturgias Contemporâneas – Porto / Livros Cotovia – Lisboa. (Acabou de imprimir-se em Junho de 2001 na Tipografia Guerra (Viseu) numa tiragem de 1000 exemplares). In-4º de 198, [VI] págs. Br.

Segundo dos dois volumes publicados – salvo erro, esta série de inéditos ficou por aqui.
Igualmente disponíveis vários exemplares em fundo de edição.

10€

De volta, com livros

Depois de um mês em terras castelhanas, onde teve a cargo o Pavilhão de Portugal na Feira do Livro de Madrid representando a Rede de Livrarias Independentes, a vossa livraria está de regresso - e os vossos livros podem voltar a ser consultados no Porto ou encomendados online, quer aqui, nesta página principal, quer na plataforma.

Vieram connosco os livros de algumas das melhores editoras independentes espanholas, que passam assim a ter casa portuguesa a representá-las: esta vossa, à vossa espera.

Galiza e Feminismo en Emilia Pardo Bazán

Editora Alvarellos (xuño, 2021). In-8º de 151, [I], [ii] págs. Br.

“Emilia Pardo Bazán (A Coruña, 1851-Madrid, 1921) é o exemplo mais acabado de escritora profisional da literatura española do XIX. Voraz leitora desde nena, a comezar pola biblioteca familiar, publica desde moi cedo em prensa galega e, xa na década de setenta, as súas primeiras novelas. Desde este arranque e até a fin dos seus días escrebeu e publicou incansabelmente”.

17€


Galicia–América: cantos de emigración e exilio (1875-1951)

Galicia–América: cantos de emigración e exilio (1875-1951) // Edición a cargo de: Montserrat Capelán / Carlos Villanueva

editorial alvarellos (2022). In-8º de 418 págs. Br.  

O volume “reúne los trabajos de catorce especialistas que, en 2017, se reunieron en Santiago de Compostela para reflexionar y debatir sobre un tema estrella del Grupo Organistrum: «O espello de Galicia en América: ideoloxía, emigración e exilio (1875-1951)», fechas que enmarcan desde el gran movimiento migratorio galego a América Latina hasta la aparición de la Generación del 51, límite que refleja las consecuencias de la represión franquista.”
Por exemplo (3 primeiros): «Algunhas notas sobre música, sociabilidade e inmigración galega na Argentina (1880-1960)»; «A emigración no discurso galeguista, 1840-1936»; «Voces de la memoria: emigración y exilio em la literatura gallega». A maioria dos quais reportando-se à forte presença galega na Argentina; e uma boa parte deles sobre música – o que de imediato convoca o início do fabuloso poema «Cantiga do neno da tenda», de Federico García Lorca, nos seus Seis Poemas Galegos de que há edição nesta mesma editora.

22€

25 de Abril, 50 anos, 100 livros: Catálogo

Nos 50 anos do 1.º de Maio de 1974, eis enfim o catálogo de livros seleccionados entre os muitos que sobre o tema esta casa tem sempre em acervo, dedicado aos 50 do 25 de Abril.
Seguiu-se o critério já mais ou menos fixado na bibliografia alusiva - antecedentes, período revolucionário propriamente dito e consequentes, neste caso ainda para lá do habitual limite da nossa abençoada Constituição de 76.
Cem peças à vossa escolha, entre literatura e poesia, trabalhos documentais, ensaios históricos, recriações mais ou menos «livres», etc.
Várias pertenceram à biblioteca do escritor Urbano Tavares Rodrigues, ele mesmo resistente à ditadura, e algumas têm dedicatórias dos respectivos autores mencionando o facto.
De resto, Henrique Galvão, Humberto Delgado, Álvaro Cunhal, Francisco Salgado Zenha, Mário Soares, Manuel Alegre, Francisco Sá-Carneiro, etc. etc.

Na capa, uma das variantes em forma de cartaz pintadas por Maria Helena Vieira da Silva sob o mote «A Poesia está na Rua», verso que faz hoje 50 anos a compagnonne-de-route Sophia dedicava numa composição aos militantes do Partido Socialista.

Pode e deve ser desde já consultado

Claudio Rodríguez Fer — Lugo Blues (Ilustrado por Sara Lamas)

editorial alvarellos (decembro de 2023). In-8º de 83, [I], [ii] págs. Br.

“Cando em 1987 apareceu a primeira edición de Lugo Blues axiña se converteu nun libro de culto, e os seus versos -que percorren a memoria persoal do autor mais tamén interpelan a nosa memoria colectiva- ían pasando de man en man descifrando o espírito desta cidade amurallada. Agora, tantos anos despois, era tempo de regresar a esta gran creación de Claudio Rodríguez Fer; que aquí revisa e amplía con numerosos poemas, e que incorpora ademais o suxestivo traballo artístico de Sara Lamas”.

16€

Ernesto Guerra da Cal — Antologia Poética (Edição de Paulo Fernandes Mirás)

Através editora (2021). In-8º de 238, [vi] págs. Br.

Não sendo exaustivo, o volume recolhe grande parte das composições dos principais títulos poéticos publicados por este republicano galego-português-exilado norte-americano no tempo das ditaduras ibéricas, prova provada de que na mesma cidade – Ferrol – podem nascer criaturas do melhor e do pior: Lua de Além-Mar (1959), Rio de Sonho e Tempo (1963), Futuro Imemorial (1985), Deus, Tempo, Morte e Outras Bagatelas (1987) e Caracol ao Pôr-do-Sol (1991). Há várias delas dedicadas à genial padroeira galega Rosalía, mas pelo menos nesta antologia nenhuma ao amigo Lorca, ele próprio cantor-a-meias da grande poeta do Padrón, única cujo génio se lhe compara no séc.XIX das letras hispânicas (portuguesas incluídas) – um dos seis magníficos poemas galegos compostos a par pelos dois amigos, e quem disso tivesse dúvidas basta pegar neste livro para as perder; a toada herdada das cantigas luso-galaicas medievais não engana. Esse prolongado silêncio de Guerra da Cal em relação ao mais brilhante dos seus muitos amigos de letras, e a essa «parceria» de 1935, um ano antes da morte do maior poeta de Espanha, é aliás algo que nunca foi muito bem compreendido, e provavelmente nunca será. 

14€

Federico García Lorca — Seis poemas galegos

Seis poemas galegos de (...) / Prólogo de E. B. A.

Biblioteca Similar Compostelana // Ara Solis     Consorcio de Santiago. (O facsimile de Seis poemas galegos, de Federico García Lorca, rematouse de imprentar no Nadal de 1995, LX aniversario da edición príncipe e C do nacemento de Ánxel Casal, fundador da Editorial Nós). In-8º de págs. inums. Cart.

O volume teve tiragem de 1500 exemplares, 100 dos quais numerados e fora de mercado – pertencendo este à série comum posta à venda.
Cartonagem editorial com idêntica, mas a duas cores, sobrecapa de papel.

15€

Federico García Lorca — Seis poemas galegos

Editorial “Nós” – Compostela. [Aliás, Alvarellos Editora]. [“Esta edición facsimilar e ilustrada dos Seis poemas galegos de Federico Garcia Lorca reimprimiuse no mês de febreiro de 2024”]. In-8º q/quadrado de [30] ff. inums. Br.

Quarta tiragem desta edição em fac-simile originalmente publicada em 2018, com outras intermédias em 2019 e 2021 – vencedora do «Premio ao libro mellor editado» na Gala do Libro Galego de 2019. Ao fac-simile do livro de apenas seis poemas de que tanto porém haveria a dizer, e que um dia diremos numa nossa edição portuguesa, o editor Henrique [Quique] Alvarellos, fervoroso lorquiano, acrescenta uma recolha fotográfica de Federico na Galiza, que comenta – depois de ter procurado e descoberto as imagens em arquivos vários. O mesmo Quique afiança, como já nos afiançou em pessoa, serem estes os poemas galegos mais editados e reeditados (e traduzidos) em todo o séc.XX, mais do que os da própria Rosalia de Castro – que Lorca tanto apreciava, e a quem precisamente dedica uma destas maravilhosas composições. Maravilhosas e um nadinha lusas: foi o galego-luso Ernesto Guerra da Cal, natural da mesma Ferrol do caudilho Franco que lhe provocaria o exílio, quem verteu para galego tradicional os poemas que o amigo andaluz lhe ia ditando. É uma longa e misteriosa história… E “amigo”, incluindo o sentido medieval do termo, é vocábulo que vem muitíssimo a propósito, porque estas são cantigas de amigo «2.0».

Falando em Franco: o editor da edição original na Nós, Anxél Casal, seria assassinado no mesmíssimo dia de Lorca,pelas mesmíssimas (na Galiza como na Andaluzia, em Santiago como em Granada) matilhas fascistas.

15€



Henrique Alvarellos — Federico García Lorca en Santiago de Compostela

editora alvarellos (2020). In-8º de 201, [5] págs. Br.

Precioso trabalho de investigação de Quique Alvarellos, o simpatiquíssimo filho homónimo do fundador e actual responsável por esta casa galega fundada em Maio de 1977; se interessa aos assuntos galegos e à bibliografia lorquiana, interessa duplamente os interessados em ambas as coisas, como é o nosso caso. O filólogo, escritor e editor lucense fixado em Santiago dá detalhada conta das várias estadias do poeta na cidade e respectivas incidências: a primeira na juventude, durante a grande visita-de-estudo ao centro e ao norte de Espanha; e as três restantes no ano de 1932, duas consecutivas em Maio (para uma conferência sobre Rosalía) e a derradeira em Agosto, para a histórica representação da sua «Barraca» na praça compostelana da Quintana, à qual assistiram entre 6 mil e 7 mil almas - 1/4 da população da cidade.

Disponível nas duas edições/tiragens, uma em galego e outra em castelhano, ambas ricamente ilustradas (incluindo muitas fotografias inéditas).  

19€

El Gran Viaje de Estudios de García Lorca

El Gran Viaje de Estudios de García Lorca / Narrado en 1916 por su compañero Luis Mariscal / Incluye las cartas y escritos del propio Federico García Lorca / Edición al cuidado de Henrique Alvarellos

editora alvarellos (2023). In-8º esguio de 335, [III] págs. Br.

Auxiliaram o lorquiano editor na preparação deste volume Juan Luis Tapia, também editor e poeta, que aqui deixava sobre Mariscal - o discípulo dilecto do professor Berrueta, que não terá dado conta do diamante que tinha em mãos (até aí, Lorca tocava e estudava piano, raramente escrevia) - alguns apontamentos e uma resenha biográfica; e Carla Fernández, académica especialista em História da Arte. 
Quanto aos textos de Lorca, incluem cartas (como as que escreveu então à família) e algumas das primeiras prosas, entre as quais justamente das Impresiones y paisajes, seu primeiro livro publicado, constituído por notas tiradas nesta viagem. 
A edição primitiva saíra em 2018. 

22€   

Pascoaes — Santa Teresa e Soror Mariana

Santa Teresa e Soror Mariana (Posfácio de Eduardo Brito / Tradução de Regina Guimarães)

Editora Exclamação (Agosto de 2023 / Impressão: Rainho & Neves / Grafismo: lina&nando). In-8º de 73, [I], [ii] págs. Br.

A edição baseia-se num manuscrito oferecido por Pascoaes em 1944 que deverá ter-se baseado – ou sido a base – no texto da conferência que sob o mesmo título proferiu, e de que há registo gravado da sua fabulosa leitura; manuscrito que se reproduz em fac-simile, seguindo-se-lhe a transcrição, as traduções de Regina Guimarães (cidade de Eduardo Brito, o já conhecido realizador de cinema irmão do nosso colega e amigo Francisco Brito) de alguns dos poemas da santa de Ávila e de passagens das cartas da não tão santa de Beja, e o referido posfácio.
O texto é basicamente um «remix» d’A Alma Ibérica – que estamos a preparar em edição independente (e logo duas, diferentes: uma em português e outra em castelhano), a que o amarantino misturou outras digressões. Parece coisa feita à pressa, bastante inferior a esse belo texto original de 1942 destinado a servir de prefácio ao Epistolário Ibérico. Ainda assim, a comprar e a guardar.

16€  

Pascoaes — Tierra Prohibida

Tierra Prohibida (traducida del portugués por Valentín de Pedro)

Calpe ● Los ● Poetas. (Este libro se acabó de imprimir en Madrid, por la «Tipográfica Europa», ela día trece de noviembre de MCMX). (Papel fabricado especialmente por «La Papelera Española»). In-8º peq. de 193, [I], [vi] págs. Br.

O tradutor: “Los líricos modernos suelen pecar de monocordes; Pascoaes abarca toda la lira, y va desde la elegía más breve y sutil, hasta el poema dantesco, como en su Regresso ao Paraiso. / No es un artista torturado por la forma. Por el contrario, se expresa con una divina simplicidad. (…) / En cierta ocasión le oímos expresarse de esta manera: — Yo no sé de literatura; sólo soy un poeta —.” 

12€

A Casa de Teixeira de Pascoaes (fotografias actuais de Sérgio Freitas)

Opera Omnia (Março de 2017). In-4º de 47, [VII] págs. Cart.

“A Casa de Pascoaes não deixa esquecer o Poeta. / Tão vetustas quanto robustas, as paredes do velho solar prometem resistir à efemeridade e perpetuar a memória de um dos maiores autores das letras lusas. / “Existir não é pensar: é ser lembrado”, escreveu Pascoaes, longe de imaginar que a sua casa, que elegeu como fortaleza e considerava o paraíso, seria, a par da sua obra literária, garante de uma existência perene”. [Não exageremos... A casa é  extraordinária, nem há que recear o adjectivo «mágica», mas é só a casa...]
Casa que Eugénio de Andrade defendia dever dar lugar a um «Museu Português da Poesia» / «Museu da Poesia Portuguesa», e até os que mais costumam torcer o nariz a essas coisas (como é o caso do nosso próprio órgão nasal) não conseguirão sequer discutir a justeza (para não dizer justiça) dessa ideia. Em vez disso, foi mais uma adaptada a turismo, aqui não “local” – embora mais local do que qualquer outra... – mas “rural”. Vá lá que a traça se manteve e as pessoas que lá estão a hospedar os turistas, incluindo os literários, são as mesmas que estavam e deveriam estar.

18€

Quem liam os modernistas? O «saudosista» Pascoaes

[Lidas há pouco as memórias lorquianas de Rafael Alberti, uma das mais recentes entre as múltiplas leituras a que um tradutor português de um gigante como Federico García Lorca se deve entregar - não tem a desculpa da dificuldade do idioma. A páginas tantas, conta das sessões que o grupo da «Resi» (a madrilena Residencia de los Estudiantes), incluindo ele próprio, Lorca, Aleixandre, Guillen, Salinas e outros membros da «Geração de 27», o ex-estudante Juan Ramón Jiménez, etc., fazia pelos serões poéticos. Liam: Gide, Valéry, Aragon, Eluard e... "Teixeira de Pascoaes", que aliás os viria a visitar in loco / in Lorca 1 ou 2 vezes, uma das quais correspondendo ao convite para lá pronunciar uma conferência (1923). 4 franceses e... Pascoaes. Nem este vosso amigo, adepto devoto e confesso do amarantino, faz às vezes perfeita ideia do prestígio naquela época do nosso génio Europa fora, Espanha em particular - quando nele se falava para o Nobel, em cuja short list viria mesmo a figurar. Depois, muito pouco depois, começou o investimento do Estado Novo na monomania pessoana, que após o tão ou mais centralista 25 de Abril ainda aumentaria, e juntando isso à estreiteza de vistas (salvo raríssimas excepções) da Academia e ao golpe-de-sorte brasileiro (via Adolfo Casais Monteiro e Cecília Meireles, principalmente), foi o que se sabe. 
Eis o pouco interesse dos «cânones», literários ou religiosos. Valem o que valem, e com frequência espalham-se ao comprido, sendo disso bom exemplo o descaso do «saudosismo» e «passadismo» que atribuem a Pascoaes, e que significa apenas ou que não sabem ler, ou que não perceberam nada.
Os modernistas portugueses liam Pascoaes (é aludindo a Pascoaes que Pessoa se anuncia como "Super-Camões", porque seria deselegante anunciar-se como Super-Pascoaes...). Pelos vistos, os modernistas espanhóis também. Um surrealista como Cesariny considerava-o mesmo "o mais importante poeta português". Mas a douta academia lusa decreta que Pascoaes é do passado, e a douta academia é que sabe.]