Boletim bibliográfico 2/2024

Preparado tendo em vista o centenário de nascimento de Fernando Campos (no passado dia 22 de Março) e os 175 anos do nascimento de Alberto Pimentel (que se assinalaram anteontem), o segundo deste ano é principalmente dedicado ao romance histórico, género que o primeiro praticou quase em exclusivo e o segundo também q.b.
Além desses dois senhores, entram romances mais ou menos históricos de outros afamados praticantes como Garrett, Herculano, Camilo, Arnaldo Gama, Pinheiro Chagas, Campos Júnior e Saramago, entre muitos outros.
Mas como a vida não é só romance (a bem dizer, raramente o é...), mistura-se também alguma História, privilegiando a bastante romanceada (muitas vezes praticada por... romancistas). 

Pode consultar-se

Juan Gómez Casas — Histórias do Cárcere (tradução de José Rolim)

1970 (Distribuição: Ulmeiro – Livraria e Distribuidora) (Este livro, edição do tradutor foi composto e impresso na Prensa Ferro & Peres, Lda.). In-8º peq. de 156, [I], [iii] págs. Br.

Lia-se no texto de apresentação por Carmen Ruiz: "Ao terminar a leitura destas histórias podemos sentir-nos amargurados, oprimidos com a falta de ar livre em que o autor respira... Juan Gomez Casas quebrou os muros da sua prisão para nos contar como as coisas s passam por dentro. Devemos ouvi-lo e que, pelo menos uma noite, não durmamos tranquilos, porque para que uns vivam, outros morrem lentamente".

Quarto título publicado na colecção «Cadernos Peninsulares». 

8€

Miguel Angel Asturias — O Senhor Presidente

Romances exemplares n.º 9 / Publicações Dom Quixote. (Este livro foi composto e impresso na Sociedade Industrial Gráfica Telles da Silva, Lda. em Março de 1968). In-8º de 358, [VI] págs. Br.

O livro que consagrou aquele que viria a obter o Prémio Nobel da Literatura em 1967, nesta primeira edição portuguesa com tradução de Lopes de Azevedo e capa de Lima de Freitas.

10€

Alejo Carpentier — Literatura e Consciência Política na América Latina

publicações dom quixote. (Lisboa, 1971). In-8º de 144, [4] págs. Br.

Primeira edição portuguesa deste interessante conjunto de textos do escritor cubano, publicada na série «Cadernos de Literatura» dois anos após a original espanhola. O volume reúne «Problemática do actual romance latino-americano», «Do folclorismo musical», «Literatura e consciência política na América Latina», «Ser e estar», «Do real maravilhoso americano» e «Papel social do romancista», ensaios que tomam o contexto ibero-americano como simples mote para digressões bem mais largas sobre a literatura de todos os tempos e continentes - quer respigando escritores e livros, quer deixando notas mais teóricas sobre a natureza e função do romance enquanto género literário.
8€

Octavio Paz — El Arco y La Lira

El Arco y La Lira (El poema. La revelación poética. Poesía e historia)

Fondo de Cultura Economica, México (1982). In-8º de 305, [3] págs. Br.

Com tiragem de 3000 exemplares, foi mais uma reimpressão de um trabalho dedicado a Alfonso Reyes e já então pela oitava vez dado a lume desde 1956. Os ensaios, com variadíssimas digressões e remissões, foram agrupados nas secções de capítulos indicadas no subtítulo.


10€

Octavio Paz — Signos em Rotação

Editôra Perspectiva São Paulo. (1972). In-8º de 319, [I] págs. Br.

"Octavio Paz é o mais importante poeta-crítico da América Espanhola e um dos nomes mais significativos da literatura contemporânea. Esta coletânea de ensaios, a primeira de Paz que se publica em língua portuguesa, dá-nos uma visão radial e radical do pensamento crítico desse grande mexicano e cidadão do mundo". Textos ensaísticos mais ou menos digressivos ou evocativos sobre/de Matsuo Bashô, Mallarmé, André Breton, e.e.cummings, Buñuel e Fernando Pessoa - o famoso «Fernando Pessoa, o Desconhecido de Si Mesmo»; entre outros mais teóricos e abstractos, incluindo o que deu título a este volume. Tradução de Sebastião Uchoa Leite e revisão a meias de Celso Lafer e nada menos que Haroldo de Campos, o qual assina ainda o posfácio final sobre o poeta mexicano, seguindo-se a outros dois mais.

14€

Gabriel García Márquez — Ninguém escreve ao coronel (Romance)

Publicações Europa-América (composto e impresso na Sociedade Astória, em Lisboa, e concluiu-se em Dezembro de 1972). In-8º de 144, [V], [iii] págs. Br.

"Simbiose de contradições humanas, o velho e maníaco Coronel, veterano das memoráveis guerras de Aureliano Buendía, espécie de menino prodígio envelhecido,  louco e sensato, duro e comovedor, maravilhado e tragicómico, é uma daquelas figuras que rasgam um sulco dificilmente apagável na memória do leitor".
Terminado em Paris em 1957 mas apenas publicado em 1961, foi o segundo título publicado pelo romancista colombiano.  

8€

Gabriel García Márquez — A Incrível e Triste História da Cândida Eréndira e da sua Avó Desalmada

Publicações Europa-América (1974). In-8º de 167, [5] págs. Br.

Primeira edição portuguesa deste outro livro de contos, a saber «Um senhor muito velho com umas asas muito grandes», «O mar do tempo perdido», «O afogado mais famoso do mundo», «Morte constante para além do amor», «A última viagem do navio fantasma», «Blacamán, o bom vendedor de milagres» e o que lhe deu título.

10€

Gabriel García Márquez — Os Funerais da Mamã Grande (Contos)

Publicações Europa-América (1972). In-8º de 184, [4] págs. Br.

“É este o único livro de contos do autor de Cem Anos de Solidão e O Veneno da Madrugada, já publicados nesta mesma colecção. Narrativas que datam de 1952, respira-se a inquietante atmosfera de Macondo em todas elas: nas flores trazidas para a cova do ladrão embrulhadas em jornais, na singular cena do dentista, no sumiço das bolas de bilhar, no esplendor da gaiola de Baltasar, na tristeza da viúva Montiel, na melancolia dos pássaros que morrem e dos ratos dizimados e, finalmente, nos pomposos funerais da fabulosa Mamã Grande, a que comparecem o Presidente da República e Sua Santidade o Papa”. 

Presumível primeira edição portuguesa, publicada na «colecção século XX».

10€

Gabriel Garcia Márquez — El General en su Labirinto

Mondadori (1989). In-8º de 286, [4] págs. Enc.

Primeira edição espanhola, simultânea da original colombiana, do que foi o último romance do autor - no seu posfácio, explicava ter «roubado» a ideia (a última expedição de Símon Bolívar, já doente, ao longo do rio Madalena) a Álvaro Mutis, que chegara a começar o seu esboço mas depois o interrompera e deixara em pousio durante vários anos; e ter feito questão de a «roubar» dada a sua ligação àquele rio, que lhe vinha desde a infância. Após esse posfácio há ainda uma não tão «Sucinta cronología de Simón Bolívar», elaborada por Romero Martínez, que ocupa o final do volume, rematado por um mapa da expedição.

Encadernação do editor em tela com sobrecapa ilustrada de papel. No exemplar, a tela está já um pouco manchada e a sobrecapa marcada por alguns picos de acidez; acresce uma nota de compra (embora muito engraçada) a discreta tinta de anteriores proprietários, que o terão vendido ao alfarrabista galego que o vendeu depois a esta casa.

14€

Pablo Neruda — Confesso que Vivi (Memórias)

Confesso que Vivi (Memórias) / 2.ª edição

Publicações Europa-América (1979). In-8º de 339, [9] págs. Br.

“As memórias do memorialista não são as memórias do poeta. Aquele viveu talvez menos, mas fotografou muito mais, recreando-nos com a perfeição dos pormenores. Este entrega-nos uma galeria de fantasmas sacudidos pelo fogo e pela sombra da sua época”: entre os quais Garcia Lorca, Rafael Alberti, Miguel Hernández, Paul Éluard, Pierre Reverdy, Cesar Vallejo, Gabriela Mistral, Vicente Huidobro; e falando também de políticos como Videla, Estaline, Fidel Castro e Salvador Allende, cuja campanha presidencial aborda brevemente (recorde-se que Neruda fôra ele próprio «pré-candidato» em 1969 e que seria assassinado após o golpe de Estado em que as forças armadas chilenas, lideradas por Pinochet e apoiadas pelos EUA, também num 11 de Setembro também terrorista, depuseram o democrático vencedor de 1973).  

Uma primeira edição saíra em 1975, e uma segunda, na tiragem anterior a esta, em 1976.

12€

Jorge Luis Borges — O Aleph

Editorial Estampa (1976). In-8º de 150, [2] págs. Br.

Publicada numa das melhores colecções de que há memória na edição portuguesa («novas direcções»), a edição aproveita a tradução para o Brasil de Flávio Cardoso, aqui adaptada para português de Portugal pelo nosso bom surrealista Mário-Henrique Leiria (que na mesmíssima colecção publicara os seus «Velhos» e «Novos Contos do Gin-Tonic»). 
Nada distingue esta tiragem da predecessora senão a nova capa de José Luís Tinoco. 
Alguns dos capítulos: «Os Teólogos», «Biografia de Tadeo Isidoro Cruz», «A Busca de Averróis», «O Zahir», «A Escrita do Deus», «Os Dois Reis e os Dois Labirintos», «O Homem no Umbral», «O Aleph».

10€

Jorge Luis Borges — O Livro de Areia

Editorial Estampa (1981). In-8º esguio de 133, [1] págs. Br.

Volume saído na colecção, bastante propensa ao fantástico e agora recentemente recuperada, «Livro B»; com tradução de Antonio Sabler. O livro integra os seguintes contos: «Ulrica», «O Congresso», «There Are More Things», «A Seita dos Trinta», «A Noite das Mercês», «O Espelho e a Máscara», «UNDR», «Utopia de um Homem que Está Cansado», «O Suborno», «Avelino Arredondo», «O Disco» e o titular «O Livro de Areia»; terminando por um epílogo do próprio Borges.

7€

As Doze Figuras do Mundo

As Doze Figuras do Mundo

Crime imperfeito (Relógio d'Água). [S/d]. In-8º de 133, [III] págs. Br.

Conjunto de cinco pequenos textos compostos pelo famoso par de amigos Adolfo Bioy Casares e Jorge Luis Borges, algures entre o conto e a novela, com aquela extensão a que no mundo anglófono e anglófilo tão caro a Borges se costuma chamar short story: «As Doze Figuras do Mundo», «As Noites de Goliadkin», «O Deus dos Touros», «As Previsões de San Giácomo» e «A Prolongada Busca de Tai An»; os três primeiros traduzidos por Miguel Serras Pereira, o quarto pelo próprio editor Francisco Vale e o quinto por Carlos Pessoa.

Exemplares novos, em fundo de edição (sobram 3).

9€

Adolfo Bioy Casares — O herói das mulheres

O herói das mulheres / Tradução do castelhano (Argentina): David Machado

cavalo de ferro (2008). In-8º de 175, [I] págs. Br.
 
"Um jornalista perseguido por um regime opressivo, um estudante que foge dos exames por um túnel impossível, um jovem aldeão ansioso por conhecer a cidade ou um empregado de sanatório que descobre que a dor dos pacientes pode ser usada para produzir eletricidade: com a sua escrita elegante e hipnótica, (...) Casares apresenta nestas histórias uma galeria de personagens únicas que parecem partilhar um estranho destino, na fronteira entre o sonho e a realidade."
Nota preliminar do próprio autor: "Este volume reúne os contos e os romances curtos que escrevi depois de El gran serafín (1967)"

Último exemplar disponível.

10€

Adolfo Bioy Casares — dormir ao sol

Editorial Estampa (1980). In-8º de 176, [IV] págs. Br.

Com tradução também de António Sabler e capa também de José Luís Tinoco, foi este o 39.º título da colecção «novas direcções»; a edição original argentina  saíra em 1973.

Exemplar igualmente novo, igualmente fundo de edição.

8€

José Agustín Goytisolo — Palabras para Julia y otros poemas

Palabras para Julia y otros poemas / Colección dirigida por Ana María Moix / Selección de Ana María Moix

Plaza & Janés Editores, S. A. (1997). In-8º peq. de 90, [IV], [ii] págs. Br.

Um de vários irmãos de uma família com genética literária acentuada, José Agustín, porventura dos três Goytisolo’s o menos conhecido em Portugal, é descrito aqui assim: “una de las personalidades literarias e intelectuales más importantes de la generación de los 50, o del medio siglo, constituye, junto a Carlos Barral y Jaime Gil de Biedma, uno de los pilares fundamentales de la llamada escuela poética de Barcelona”, que de resto publicou Borges em Espanha e traduziu para o idioma castelhano os italianos Pavese, Quasimodo e Pasolini, além dos compatriotas catalães Espriu e Vinyoli, entre alguns outros.  

7€

Jorge Guillén — antología

antología / Aire Nuestro: Cántico, Clamor, Homenaje / Selección y prólogo de Manuel Mantero

Plaza & Janés, S. A.  Editores. (Cuarta edición: Abril, 1980). In-8º de 316, [II], [iv] págs. Cart.

É bastante extenso o prólogo de Mantero – quase cinco dezenas de páginas.

Exemplar com uma discreta mancha marginal na frente da capa, além das habituais de escurecimento nas margens das folhas, praticamente inevitáveis dado fraco tipo de papel utilizado.

8€

Jorge Guillén — Antología poética

Antología poética (Selección e introducción de Francisco Javier Díez de Revenga)

El libro de bolsillo / Literatura española / Alianza Editorial (2010). In-8º peq. de 252, [iv] págs. Br.

Estende-se por quatro dezenas de páginas o longo estudo introdutório de Revenga acerca de mais um dos membros da chamada «Geração de 27» que gravitava à volta do génio de Lorca, incluindo uma útil recolha bibliográfica no final. A antologia contempla composições dos livros «Cántico», «Clamor», «Homenaje», «Y Otros Poemas» e «Final».

8€

Juan Ramón Jiménez — Conciencia Sucesiva de lo Hermoso: Antolojía

Consejería de Cultura / Centro Andaluz de las Letras (2008). In-8º de 95, [i] págs. Br.

Edição de larga tiragem, sendo a antologia da mão de Javier Blasco, que assina o prólogo e que a dividiu numa distribuição meta-«temática» das composições agrupadas sob títulos que aproveitam versos: «Contar, cantar, llorar, vivir, acaso»; «El nombre exacto de las cosas»; «Estos asombrados ojos míos»; e «Un dios de lo hermoso conseguido». 

5€

Juan Ramón Jiménez — Platero e Eu

Livros do Brasil, Limitada / Lisboa. [S/d]. In-8º de 139, [5] págs. Br.

Foi a mais conhecida incursão em prosa do poeta modernista - ela mesma constituída por curtos capítulos que em muitos trechos são prosa quase poética.
Tradução do castelhano por José Bento e ilustrações a toda a extensão do volume de Bernardo Marques.

Exemplar por estrear.

8€