Comemora-se hoje precisamente um século sobre a publicação do primeiro Manifesto do Surrealismo, de André Breton, saído dos prelos em Paris a 15 de Outubro de 1924. "Para sempre" é muito tempo, mas o mínimo que se pode dizer é que mudou a História da Literatura («malgré lui») pelo menos para mais outro século... Desde o Romantismo progenitor, e até hoje, não apareceu nada que se lhe possa sequer equiparar. Além disso, que é objectivo (mas não acaso), mudou também a relação de muitos de nós com a leitura e a literatura, com a arte, e até com a vida, o que não parece pouco. De resto, e sem especular demasiado, serão bastantes os livreiros que, se o surrealismo não tivesse existido, provavelmente não o seriam (livreiros) - e por conseguinte muitas livrarias, em Portugal e no estrangeiro, nunca teriam chegado a abrir portas. "O ser que desejas, existe": interpretando por extenso, assim nasceram editoras, assim nasceram livrarias.