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O Livro na Arte (VII): Visão de S. Bernardo

Neste quadro de Fra Bartolomeo, composto, segundo se crê, entre 1504 e 1507, o fundador dos Templários tem um oitavo aberto para leitura e um quarto pousado, ao alto, no chão. Do mesmo formato deste último são os volumes que seguram o anjo (aberto) e o logicamente suposto São João Evangelista (fechado), parecendo, ambos, querer com eles chamar a atenção do homem - que, bem se vê, não está para leituras, e prefere a contemplação beatífica da Senhora e do Menino. É justo. Uma aparição - de qualquer género, sagrada ou profaníssima, como outras várias que ficaram também na lenda que atribui ao cisterciense preferência extrema pelas primeiras... - será das poucas coisas a justificar distracção, por momentos, de um livro.

Jean Thièry ― O Canto do Cuco

O Canto do Cuco (Romance) / Tradução de Florbela Espanca Lage

Porto – 1927/Livraria e Imprensa Civilização, Américo Fraga Lamares & C.ª L.da – Editores. In-8º de 278, [2], 7, [1] págs. Br.
 
São já relativamente invulgares os exemplares desta primeira edição da versão ensaiada por Florbela do romance de Thièry, uma das várias traduções feitas nessa época para editoras portuenses, seu principal ofício nos últimos anos de vida, passados em Matosinhos; mas estando este um tanto desvalorizado por algumas marcas, sobretudo, de acidez, na capa.

15€

Eduardo de Noronha ― Os Marechaes de D. Maria II

Os Marechaes de D. Maria II (Saldanha, Terceira e Santa Maria): A Historia e a Anedota

João Romano Torres & C.ª – Editores. Lisboa. [S/d]. In-8º de 297, [7] págs. Br.

Primeira edição deste conhecido estudo histórico, cujo interesse para a análise das primeiras décadas do constitucionalimo é indisputável. O volume era apresentado por uma «Explicação» prévia em que o autor, notando o menor interesse (até bibliográfico) que suscitavam, justificava a atenção acrescida por si dedicada ao Duque da Terceira – tomando como principal fonte escrita as Memorias do marquês de Fronteira – e ao Conde da Ponte de Santa Maria, António Vicente de Queirós (este, hoje pouco menos que esquecido); e lamentava não ter sido marechal do nosso primeiro constitucionalismo uma quarta figura, o marquês de Sá da Bandeira.

Exemplar bem conservado, sem defeitos a salientar.
 
18€

O poeta e os mestres: segundo acto


Herberto Helder, personagem pouco frequentadora de mestrados em geral, é um malandro. Vejam bem: publicar edições limitadíssimas de cinco-mil-exemplares de livros de poesia numa terra em que, manifestamente, eles se comem ao pequeno-almoço, como se fossem grande coisa, a “armar em autor de culto”. Estúpida extravagância. Como se, aliás, autor e editor se pudessem reservar, seja por que razão seja, qualquer espécie de direito de definir a tiragem de uma edição. Como se, aliás ainda, mais exemplares proporcionassem mais vendas, assim estando ambos a abdicar de receitas directas. Como se, em suma, isto fosse uma economia de mercado. 

Tão malandros quanto ele, os livreiros que açambarcam exemplares – há quem chegue a comprar 4 ou 5, imagine-se – para depois os venderem com lucro. Vejam bem: comprar livros ao preço editor e depois vendê-los mais caros quando esgotados, ou seja, quando a procura ultrapassa marginalmente a oferta. Bando de especuladores. Como se fosse legítimo vender livros raros dos quais depende a alimentação – ainda por cima, tão sazonal e tardia – do povo. Como se não fossem profissionais subsidiados a eito pelo Estado, lhe pagassem impostos e precisassem de qualquer espécie de mais-valia para ganhar a vida. Como se, outra vez, (sobre)vivessem numa economia de mercado. 

Só não são malandros, claro, os milhares (milhões? às tantas...) de leitores putativos que, de facto, só não compram o livro porque não podem. Não podem telefonar para as livrarias a reservá-lo, porque dá isso o considerável trabalho de marcar algumas teclas no telefone. Não podem lá ir depressa, porque esse esforço, o da propositada deslocação, ainda é mais significativo. E, de resto, o princípio estaria errado: não faltava mais nada do que um leitor ter de ir de propósito a uma livraria para comprar um livro que diz querer, como se este não devesse ficar disponível e inesgotável o tempo que preciso fosse. “Agora não, que é hora do almoço; agora não, que é hora do jantar...”. Portugal é sim o país de mais injustiçada gente que se conhece. Não somos campeões do mundo (e arredores) porque não nos deixam, não perseveramos porque não nos deixam, não parecemos educados nem nos comportamos com um módico sequer de civismo porque não nos deixam. Não lemos porque não nos deixam, pelos vistos. Se calhar, também só não raciocinamos porque não nos deixam.
 
Tudo julgado, todos justíssimos  os protestos que por aí fora lavram. No que toca ao poeta, restará expulsá-lo da República, antigo e platónico desiderato aqui inócuo: num país de tanto vate, nem se lhe vai notar a ausência.

Fialho de Almeida ― Estancias d'Arte e de Saüdade

Lisboa: Livraria Clássica Editora de A. M. Teixeira e C.ª (Filhos), 1924. In-8º de 324, [4] págs. Br.

Foi a edição original do livro, que integra os capítulos «Pela Galliza», «De Vigo a Cangas», «Em Braga», «Famalicão», «São Torcato», «O Rocio Historico», «Feira da Ladra», «Terra Alemtejana», «Em Evora» e «Em Alvito - O Castello».
Exemplar do 6.º milhar impresso.
 
17€

Santos Cravina ― Diálogos com Elmano

Lisboa, 1965. In-8º de 114, [10] págs. Br.

Edição do autor, primeira e única. Pouco vulgar.

Exemplar com ligeiro desgaste exterior; tirando isso, em bom estado de conservação e com as folhas praticamente limpas.
 
10€

Homenagem Nacional a Bocage

Homenagem Nacional a Bocage / II Centenário / Antologia

Edição da Junta Distrital de Setúbal, 1965. In-8º de 300, [4] págs. Br.

Antologia publicada no II centenário do nascimento do poeta, com selecção, prefácio (“Bocage: a história de uma vida”) e notas de Rogério Claro. Tiragem provavelmente restrita.

Exemplar um quanto manchado de acidez mas, de resto, em bom estado geral.
 
15€

Vida Devota (I)

Não sei como aprendi a ler; não recordo senão as minhas primeiras leituras e o efeito que tiveram sobre mim: é o tempo de que dato sem interrupção a consciência de mim próprio. Minha mãe havia deixado romances. Pusemo-nos a lê-los após o jantar, meu pai e eu. Não se tratava primeiro de outra coisa que não fosse exercitar-me na leitura por livros curiosos; mas depressa o interesse deveio tão vivo, que líamos à vez sem descanso, e passávamos a noite nesta ocupação. Não podíamos nunca abandonar o volume que não no fim. Às vezes, meu pai, percebendo de manhã as andorinhas, dizia todo envergonhado: "Vamos deitar-nos. Sou mais criança do que tu" 

Do determinismo literário, segundo Cesariny


A propósito de Cesariny, entrevista lida ainda há pouco, dada por ele a António Cândido Franco. A páginas tantas, sai-se com esta para explicar a superioridade (antes dele, quase nunca sublinhada) do amarantino face ao lisboeta: "Pessoa tinha uma mesa de café para escrever e a rua com os carros. Pascoaes tem um castelo e uma serra de bronze, mesmo em frente. O que é que você escolhe?". Pontos de vista, em suma.

Cesariny ― Um Auto para Jerusalém

Lisboa, Editorial Minotauro. S/d [1964]. In-8º de 74, [2] págs. Br.
 
Primeira edição do livro (adaptado de «Os Doutores a Salvação e o Menino», de Luís Pacheco), proibida pouco depois da publicação e hoje já bastante invulgar, tendo boa parte dos exemplares sido apreendida; integrada na colecção «Teatro» da Minotauro.
 
Exemplar por estrear, com as folhas ainda por abrir e em condição praticamente impecável, descontando uma pequena marca na capa, sem grande importância.
 
30€

Rudolf von Jhering ― A Lucta pelo Direito

A Lucta pelo Direito (“Biblia da humanidade civilisada”. Laveleye./Traducção e prefacio de João de Vasconcellos, advogado)//3.ª edição

Aillaud, Alves & C.ª/Francisco Alves & C.ª. [S/d – 1909?]. In-8º de 155, [5] págs. Enc.

Afora o – divagante q.b. – do tradutor, reproduz o prefácio da 6ª edição alemã, em que Jhering explicava ter o livro resultado de um primeiro «esboço» composto para conferência na Sociedade Jurídica de Viena, em 1782, e salientava no seu propósito menos a “pura theoria juridica” e mais a “these de moral pratica”, dizendo: “Porque tive menos em vista generalisar o conhecimento scientifico do direito do que despertar nos espiritos essa disposição moral que deve constituir a força suprema do direito: a manifestação corajosa e firme do sentimento juridico”.

Exemplar de uma série encadernada pelo editor com gravações a ouro na lombada e em ambas as pastas, sendo a da inferior o emblema da Aillaud e Bertrand.
 
8€

Miguel Torga ― Rua

Rua (Novelas e Contos)

Coimbra ― 1942. (nas oficinas da «Atlântida»). In-8º de 197, [3] págs. Br.

Foi a edição original deste volume de textos – a partir da segunda, Torga chamar-lhes-ia só «Contos» – em prosa, um dos quais, o pró-noctívago Pensão Central, viria a ter publicação independente.

Exemplar em boa condição geral, mas prejudicado por defeitos exteriores (pequenos rasgão e falha de papel na capa) e uma assinatura de propriedade na folha de guarda preliminar.  
 
35€

História do Futuro (II)

Durante a tirania de Dionísio em Siracusa, correria a certa altura que uma velha orava e ofertava diariamente pela saúde do odiado soberano e pela prosperidade do seu governo – que lhe fossem longos os anos. Intrigado, mandou-a ele chamar. Ao recebê-la, perguntou-lhe o porquê do estranho hábito, pois não soubera nunca de semelhante coisa. Respondeu-lhe a velha que  era já o terceiro governante que por aquelas bandas conhecia; como cada um que se seguia conseguia ser ainda pior do que o antecessor, rezava para não ter de conhecer um quarto.
 
[A história é contada por Tomás de Aquino, baseado decerto em Diodoro. Respirando fundo, evitaremos piadas e comparações fáceis com a situação política, «democrática», portuguesa destes últimos anos. Só por serem fáceis...]

Henrique Galvão ― Irreverência

Irreverência? (Notas à margem da política e dos costumes)

1946/Livraria Popular de Francisco Franco, Lisboa. In-8º de 245, [3] págs. Br.

Primeira edição conjunta de uma série de textos antes publicados na imprensa e aqui coligidos nas duas secções «Aquem...» e «...e Além-Mar».

Exemplar por estrear, com as folhas ainda por abrir, apesar de prejudicadas no topo, ao longo do volume, por um certo engelhamento devido a humidade.
 
23€

Camena d'Almeida ― L'Europe

L’Europe par P. Camena d’Almeida (Agrégé de l’Université/Chargé d’un cours de géographie à la Faculté des lettres de Caen)

Paris: Armand Colin et Cie, Éditeurs. 1894. In-8º de VI, 526, [4] págs. Enc.

Depois de uma tábua introdutória de «Généralités sur l’Europe», desenvolvem-se os capítulos «L’Europe du Nord-Ouest», «Les États Scandinaves», «Europe Centrale», «Europe Méridionale» e «Europe Orientale»; sendo o volume ilustrado por uma série de mapas e de cartas. Parece ter sido esta a primeira das dezenas de edições já impressas até hoje.

Encadernação do editor em percalina.

Exemplar em condição ainda muito razoável, descontando só marcas de acidez e alguma folga da lombada face ao volume.

20€

Carlos de Oliveira ― Alcateia

Coimbra Editora, Limitada/1945. In-8º de 252 págs. Br.
 
Segunda edição, publicada pouco após a original com uma nova capa – também de Victor Palla – e, no fim do volume, excertos de recensões críticas assinadas por, entre outros, Gaspar Simões e António Ramos de Almeida.
 
Exemplar ainda em razoável/boa condição, apesar das marcas de acidez na capa inferior e do escurecimento de algumas folhas no miolo.
 
20€